Coluna: Qual a regra do jogo para elevar a audiência do horário nobre?

Coluna: Qual a regra do jogo para elevar a audiência do horário nobre?

A novela “Babilônia” chegou ao fim como uma das novelas  das “oito” com menos índices de audiência. Se considerarmos apenas a intitulação “Novela das Nove” adotada desde 2011 com “Insensato Coração”, a trama de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga é sim com a pior audiência de todos os tempos superando até a fraca “Em Família”. “Babilônia” não deixará saudades! João Emanuel Carneiro tem uma batata quente nas mãos, superar a crise no horário nobre global e tirar da concorrência o publico noveleiro que por incrível que pareça não é nada pequeno, basta analisar os números das tramas apresentadas pela Record e pelo SBT. Qual a regra do jogo para fazer uma novela ser sucesso? Existe uma fórmula para elevar os índices deixados por uma trama fracassada?

Corre informações nos corredores da Globo que toda a produção de “A Regra do Jogo” está vivendo sob pressão. As cobranças em cima da equipe vem de diversas formas, “Babilônia” deixou o horário com índices bem abaixo do normal fazendo com que João Emanuel Carneiro capriche na escrita de sua nova trama a qual possa rapidamente cair no gosto popular. O autor precisa evitar elementos que contribuíram para a fuga do telespectador para novelas da concorrência como “Cúmplices de um Resgate”, a reprise de “Carrossel” e o grande sucesso da Record “Os Dez Mandamentos”.  Além do mais João Emanuel deve se superar, escrevendo uma trama no mínimo na mesma dimensão de “Avenida Brasil” aclamada em todos os países onde é apresentada. Logico que tudo isso não é uma obrigação, porém é o que todos esperam, principalmente a alta cúpula da Globo.

Além de “Babilônia”, Gilberto Braga teve outras novelas que não tiveram a grande atenção do grande público, como por exemplo, “O Dono do Mundo” e “Pátria Minha”, ambas com historias consideradas complexas e bastante modernas para a época. Foram tentativas frustradas do autor em apresentar temas até então obscuros ou com pouca relevância na teledramaturgia. No caso de “O Dono do Mundo”, logo o horário foi salvo com a estreia em 1992 da surreal “Pedra Sobre Pedra” de Aguinaldo Silva. A Globo apostou em um enredo que se passava em uma cidadezinha do interior nordestino, com personagens inusitados e uma forte pegada de humor. O resultado não poderia ser outro, “Pedra Sobre Pedra” foi um verdadeiro sucesso. O mesmo Aguinaldo Silva que também trouxe de volta em 2014 o público das 21 horas com a brilhante “Império”, audiência afugentada pela ofuscada “Em Família” de Manoel Carlos.

Em 1995, “A Próxima Vítima” recuperou a audiência perdida por “Pátria Minha”. Silvio de Abreu apostou em uma trama de suspense policial para recuperar o IBOPE. Uma série de assassinatos na cidade de São Paulo esquentou as noites da Globo. O famoso “Quem Matou?” parou o Brasil no último capítulo, a trama realmente foi um verdadeiro marco na teledramaturgia brasileira com um elenco de peso e uma estória bem amarrada. Elevou a audiência em 7 pontos. Superou as expectativas.

O genial Aguinaldo Silva não teve uma carreira apenas de glórias no horário nobre global, em 1999 ele escreveu “Suave Veneno” uma novela urbana que fugia do surrealismo fantástico, uma das principais características do autor nos anos 1980 e 1990. A novela foi um fracasso deixando a Globo com números abaixo da meta estabelecida pela emissora. Benedito Ruy Barbosa foi o responsável de atrair a audiência para o canal carioca em 1999, o enredo escolhido foi de época, “Terra Nostra” um dos maiores sucessos do autor e do canal elevando a audiência em 6 pontos. Ana Paula Arósio e Thiago Lacerda conquistaram o Brasil com a história de amor dos imigrantes italianos Giuliana e Matteo.

Já em 2002, foi Benedito quem errou na mão em sua pouco lembrada “Esperança”. A novela que foi bastante esperada graças ao sucesso de “Terra Nostra” não agradou o público devido uma série de problemas na trama e principalmente nos bastidores. Após marcar o dia do último capítulo da novela em 2003, Manoel Carlos foi o salvador da pátria da vez com suas “Mulheres Apaixonas”, mais um grande sucesso de Maneco com um elenco escolhido a dedo e uma estória gostosa de acompanhar, apesar dos temas polêmicos abordados na novela. Elevou a audiência em 9 pontos, sendo uma das novelas que mais elevou a audiência nos últimos tempos. Sim! Salvou o horário com louvor…

Assim como em “Avenida Brasil” o desejo de vingança deve ser a espinha dorsal da nova novela das nove, deixando o romantismo um pouco em segundo plano. A ira e o ressentimento da maioria dos personagens poderão afugentar mais ainda o público noveleiro da Globo, já que o tema vem sendo repetido de forma constante nas tramas da faixa, ou não, dependendo da maneira que a estória será contada. João Emanuel Carneiro pegará o horário em baixa, o que não é um bicho de sete cabeças como já exemplifiquei anteriormente no texto, porém é mais uma dificuldade dentre outras. O que podemos afirmar é que a escolha do casal Giovanna Antonelli e Alexandre Nero como um dos principais foi totalmente estratégico, devido à boa química entre eles na novela “Salve Jorge” de Glória Perez. O autor, pelo menos até agora não possui nem um fiasco no seu currículo, mesmo com o início complicado de “A Favorita”, João Emanuel conseguiu salvar a novela da catástrofe a tempo, tornando-se uma novela bastante lembrada pelo grande público.

João Emanuel Carneiro já passou por algo parecido, porém no horário das 19 horas, quando sua novela “Cobras e Lagartos” substituiu à fraca “Pé na Jaca”. O autor na época conseguiu uma grande façanha elevando a audiência do horário deixado por Carlos Lombardi em incríveis 10 pontos. Competência o escritor de folhetim já mostrou que tem, só falta saber quais as cartas ele guarda na manga para atrair novamente as atenções do grande público para a faixa de horário mais caro da Rede Globo. Não existe uma regra especifica para recuperar a audiência no horário, cada jogador move suas peças da maneira como o jogo se comporta.  Já diz o ditado popular: “As regras foram feitas para serem quebradas”, é o que falam por ai…

Coluna Sou Telespectador

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