Há 17 anos, “Mulheres Apaixonadas” estreava com a missão de recuperar a audiência do horário nobre da Globo

Há 17 anos, “Mulheres Apaixonadas” estreava com a missão de recuperar a audiência do horário nobre da Globo

Em 2002, a Globo se via navegando em águas turbulentas em seus três horários de novelas, principalmente às oito da noite. Depois da “arrasa quarteirões” O Clone (2001), o horário passou a ser ocupado por Esperança, de Benedito Ruy Barbosa, que amargou baixíssimos números de audiência (terminou com 38 de média, quando o horário tinha 45 pontos de meta). Para resgatar o público da faixa, a alta cúpula da emissora decidiu recrutar Manoel Carlos para o horário nobre. A escolha tinha uma justificativa: as novelas do autor estavam sendo reprisadas na época (História de Amor, em 2001, e Por amor em 2002) e chegavam a se aproximar dos números obtidos pelas tramas inéditas. Animados com esses resultados, o sinal verde foi dado para a sinopse que Maneco  (como é carinhosamente chamado pelos noveleiros de plantão) estava desenvolvendo fosse produzida.

17 anos após seu lançamento, há algumas curiosidades dos bastidores que cercam a novela. E para comemorar esse “aniversário” de estreia da trama, revisitaremos o período de pré-produção de Mulheres Apaixonadas.

Para começar, é preciso dizer que aquela não era a vez de Manoel Carlos retornar ao horário nobre. A sinopse, já pré-aprovada, só entraria ano ar em outubro de 2003. Entretanto, Celebridade, de Gilberto Braga, acabou tendo sua primeira versão colocada em “stand-by” para reformulações em seu enredo. A narrativa, segundo jornais da época, fazia algumas críticas às “celebridades instantâneas” que povoavam programas como o Big Brother Brasil (em seu auge, naquele período). Com Celebridade na “geladeira”, coube a Manoel Carlos colocar suas mulheres apaixonadas em cena, tendo, inclusive, que dá uma pausa nas férias que passava em Nova York.

Com o desafio lançado, Maneco se reuniu com o seu parceiro de longa data, o diretor-geral da novela, Ricardo Waddington e tratou de iniciar a pré-produção que, entre outros desafios, buscava a escalação dos atores para os mais de 100 personagens desenhados na sinopse.

Ainda no desenvolvimento da trama, Manoel Carlos contou com a pesquisadora de texto Gabriela Miranda, que já atuava com ele há cinco anos.  Ela esteve por 15 dias em Nova York, reunido com o autor, que passava uma temporada no exterior, quando a trama recebeu o “ok” para avançar. Os dois definiram o tom e os temas de Mulheres Apaixonadas e Gabriela retornou ao Brasil para iniciar as pesquisas para a trama.

A Globo cogitava antecipar o final de Esperança, que amargava baixos números de audiência. Com isso, a emissora tinha um “plano B”, caso Manoel Carlos não conseguisse colocar sua sinopse no ar a tempo: transformar o projeto A Casa das Sete Mulheres na novela das oito daquele 2003 – o que acabou não ocorrendo.

Para que a estreia em 17 de fevereiro fosse mantida, conforme planejamento inicial, o autor Benedito Ruy Barbosa  precisou “esticar” sua trama por duas semanas – isso faltando apenas três meses para o seu desfecho. Assim, esperança chegou ao fim com 209 capítulos.

Com o elenco já escolhido e detalhes de produção acertados, Waddington e equipe rumaram para o México em novembro de 2002, onde iniciaram as gravações que teriam as cidades de Tulum, Chichen Itza e Cancun como cenário.

A partir de flashback, foram exibidas cenas de Helena (Christiane Torloni) rememorando a primeira vez em que sentiu vontade de trair o marido. Foi durante uma viagem, quando trocou olhares com um homem completamente desconhecido. A infidelidade da protagonista era um dos temas que seriam abordados na trama.

Sobre a escolha da sua nova Helena, Manoel Carlos disse ter gostado bastante de Christiane Torloni por ter o perfil exato da protagonista que ele queria naquele momento, de “mulher bonita, determinada, de nariz em pé, com certa arrogância e atrevimento. ”

A história

Mulheres Apaixonadas tinha como protagonista uma Helena com mais de 40 anos enfrentando grande crise existencial depois de 15 anos de casamento com o músico Théo (Tony Ramos), quando resolve viver uma nova paixão com um grande amor do passado, o viúvo César (José Mayer). Como pano de fundo, o velho conhecido Leblon de Maneco.

A escalação de um elenco com mais de 100 atores

Mulheres Apaixonadas é conhecida como uma das novelas mais “superpovoadas” da história da TV. Foram contabilizados bem mais de cem personagens, entre os fixos e as participações. Com um elenco numeroso, a escalação dos atores foi uma missão bem complexa para a dupla Ricardo Waddington e Manoel Carlos. Muitos foram os nomes convidados, mas que acabaram declinando, seja por outros compromissos ou pela mudança que a história mudou quando precisou ser antecipada. Confira.

Susana Vieira, Rafael Calomeni e Manoel Carlos.

– O primeiro nome pensando para a novela foi o de Camila Pitanga. Logo em agosto de 2002, Manoel Carlos já contava com sua participação na trama que, até então, tinha previsão para estrear em outubro de 2003.

Débora Falabella, recém-saída de O Clone, foi convidada pelo próprio Manoel Carlos para viver Lu, filha problemática de Helena (Christiane Torloni), mas acabou ficando de fora da novela por conta das gravações do longa Lisbela e o Prisioneiro. Para as novelas, Débora só retornou em Agora é que são elas, naquele mesmo ano.

Malu Mader foi outro nome que quase fez parte de Mulheres Apaixonadas, conforme divulgado na imprensa da época. Como se sabe, a atriz protagonizou Celebridade, que viria a suceder a trama de Maneco, em outubro de 2003.

Graziella Moretto interpretaria uma vizinha fofoqueira que morava no mesmo andar da Helena da vez. Porém, a atriz não fez a novela. Só retornou para o casting da Globo em 2004, em Da Cor do pecado.

– Os nomes de Beth Goulart e Christine Fernandes também foram dados como certos na trama, porém, não participaram.

Bruna Lombardi, recém-saída da minissérie O quinto dos infernos era outro nome que interessava à direção. Entretanto, não houve acerto das partes e Bruna ficou de fora do elenco.

– Marco Antônio Gimenez, na época, fez testes para integrar o elenco da trama, mas não conseguiu  participar de Mulheres Apaixonadas.

– Narcisa Tamborindeguy, segundo a imprensa da época, interpretaria Estela na trama de Manoel Carlos. A participação nunca aconteceu e a personagem ficou para Lavínia Vlasak, que repercutiu positivamente.

A abertura

Outra marca de Mulheres Apaixonadas, foi sua abertura. Ao som de Pela Luz dos Olhos Teus, na voz de Tom Jobim e Miucha. foram usadas 11 fotos de mulheres anônimas em situações de família, namoro, gravidez, casamento, maternidade, etc. Ao longo de sua exibição, a trama ganhou uma nova abertura a cada mês, e, através do concurso “Leve sua paixão para a novela das oito”, mulheres de todo o país puderam enviar suas fotos que, em muitos casos, foram utilizadas na abertura da novela.

Os resultados da estreia

Mulheres Apaixonadas estreou com bons 45 e pontos e fechou a primeira semana com média de 42 pontos. Números mais modestos do que a primeira semana de Esperança. Entretanto, a partir do capítulo 56, em abril de 2003, os números da trama ficaram sempre acima da meta, marcando a guinada na trama.

O retorno

Conforme já noticiado nesta coluna, em entrevista exclusiva para o Bastidores da TV, Mulheres Apaixonadas retorna no Canal Viva a partir de 24 de agosto. A diretora do canal, Daniela Mignani, contou que é uma das novelas mais pedidas pelo público que acompanha o Viva.

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