Coluna: Íris Abravanel – Do lado de um grande homem, existe uma grande mulher
Após um bom tempo sem investir em teledramaturgia e mergulhado numa crise que culminou com a perda da vice-liderança, por longos anos, o SBT viu na primeira-dama de Silvio Santos, a oportunidade de começar a remar contra uma maré de azar, sem precedentes.
“A arrancada da vitória”, anunciada por Silvio, para tentar barrar a Record não funcionou de imediato. Demorou um pouco mais para acontecer e foi logo com a desacreditada esposa de Silvio que deixou de ser apenas a mãe e companheira do Homem do Baú para dar expediente no SBT. Íris Abravanel, 66 anos, uma mulher de garra que poderia simplesmente gozar do patrimônio construído por décadas de trabalho de Silvio Santos e sua família e até ver de camarote uma possível falência devido ao escândalo do Banco Panamericano.
Mesmo sem experiência para assumir o cargo de autora de telenovelas e até sobre os olhares pouco crédulos do próprio marido, entre erros e acertos, mudanças de horários e de foco, Íris emplacou uma novela atrás da outra. Foi criticada pelos textos fracos, mesmo com o sucesso de Carrossel em 2012, que devolveu a vice-liderança ao SBT em horário nobre e fixou uma nova fase para a emissora que completa seus 34 anos neste mês de agosto.
Ao lado de bons profissionais, com o apoio das filhas e o aval do Patrão, Íris Abravanel bateu no peito e chamou pra si a responsabilidade de resgatar o DNA que o SBT havia perdido com o tempo, principalmente na teledramaturgia.
Em 2008, Íris se lançou como autora de telenovelas, com “Revelação”. Em 2009, retornou à roteirização, desta vez adaptando os textos radiofônicos de Janete Clair, cujos direitos foram comprados pelo SBT. O resultado foi a novela “Vende-se um Véu de Noiva”. Em 2010 escreveu a telenovela “Corações Feridos” que acabou indo ao ar apenas dois anos depois. Mas foi em maio de 2012, que Íris estreou sua quarta novela, um remake da novela “Carrossel” que acabou em julho de 2013, sendo sucedida por outro remake de “Chiquititas”, atualmente em exibição. Sua sexta novela estreou nesta segunda-feira (03), o remake da mexicana infantil “Cúmplices de um Resgate”.
Carrossel e Chiquititas agradaram a família brasileira, alcançando altos índices de audiência e garantindo a vice-liderança para o SBT. As tramas infantis foram evoluindo, junto com a experiência da autora “Revelação” de 2008. Até uma série infantil foi criada por Íris, a “Patrulha Salvadora” que ficou um ano no ar, sendo exibida aos sábados e garantindo uma boa audiência e faturamento. Aliás, está aí um dos grandes acertos de Íris Abravanel: faturamento recorde com seus últimos folhetins. Diversas licenças de produtos e até um filme do fenômeno “Carrossel” foi lançado, superando um 1,6 milhão de expectadores até o momento.
“Cúmplices” estreou com uma audiência de 15 pontos na Grande SP, mantendo os bons índices de suas duas antecessoras (Carrrossel estreou com 13 e Chiquititas com 14 pontos), que transformaram o SBT numa opção diferenciada para a família brasileira, num horário em que poucos ousaram até hoje competir com a hegemonia do temido “Jornal Nacional” que hoje não anda lá muito bem e viu sua audiência desabar nos últimos anos.
Dona Íris, a primeira-dama do SBT, há décadas conheceu um grande homem e certamente ele hoje tem certeza que está ao lado de uma grande mulher.
Júlio César Fantin
@jcfantin
* Júlio César Fantin é jornalista, assessor de imprensa e escritor. Trabalhou em empresas de comunicação do Sul e Sudeste do Brasil. È editor do www.ouvintes.com.br, site segmentado ao meio rádio e colunista do Bastidores da TV.
