Os bastidores da novela “Perigosas Peruas”, que estreava há 28 anos na Globo

Os bastidores da novela “Perigosas Peruas”, que estreava há 28 anos na Globo

Julho de 1990. Foi naquele mês que a imprensa noticiou que o autor Carlos Lombardi começou a escrever a sinopse que, só mais tarde, ganharia o título provisório (e depois definitivo) de Perigosas Peruas. Após apresentar a história para a Rede Globo, o autor recebeu o “ok” para iniciar o desenvolvimento de sua trama, sob supervisão de texto de Lauro César Muniz – e mais tarde com a colaboração de Mauricio Arruda.

Inicialmente, Perigosas Peruas seria a novela substituta de Mico Preto, logo em 1990. Porém, a necessidade de uma reestruturação na história e as dificuldades para escalação do elenco da novela fez com que a trama de Lombardi fosse postergada. Em seu lugar, entrou em produção Lua Cheia de Amor, que estreou logo em dezembro de 1990. Até então, aquela nova versão de Dona Xepa (1977) substituiria Barriga de Aluguel, no horário das seis.

Os motivos que levaram Perigosas Peruas a ficar em “stand-by” foram muitos, mas o principal apontado foi a dificuldade que a Globo enfrentava para a definição do elenco. Isso porque, em setembro de 1990 – quando começou a produção da novela -, três outras novelas estavam em fase de definição de elenco, todas com certo atraso, conforme a imprensa da época noticiou. Silvia Pfeifer, por exemplo, estava cotada para Perigosas Peruas, mas foi deslocada, naquele momento, para Meu Bem, Meu Mal, que substituiria Rainha da Sucata. Se a Perigosas Peruas tivesse estreado naquele período, possivelmente ela não teria interpretado uma das peruas protagonistas.

Carlos Lombardi já estava com capítulo 20 escrito quando o cancelamento da novela chegou. Segundo matérias daquela época, além do impasse na escolha dos atores, a novela foi cancelada também por ser muito “moderna e avançada” e possuir um custo de produção alto para aquele período. Chegou-se até a cogitar que ela virasse uma minissérie.

Mas as peruas de Lombardi não ficaram por muito tempo na geladeira. Em 1991, o sinal verde para o desenvolvimento da sinopse foi aceso novamente. Depois de muitas idas e vindas, o projeto foi reavaliado e aprovado. A primeira reunião de elenco ocorreu em 8 de novembro de 1991, algumas semanas depois, as gravações de Perigosas Peruas foram iniciadas. Com isso, a trama teve sua estreia marcada para 27 de janeiro de 1992. Mais tarde, adiada para 3 de fevereiro – o que sabemos não ter acontecido.

Com atrasos de gravações e, novamente, indefinição do elenco, restou a Vamp, de Antônio Calmon, a missão de ser esticada. Assim, Perigosas Peruas estreou somente em 10 de fevereiro. O atraso, de certa forma, fez bem para a trama, que iniciou o seu primeiro capítulo com outros 24 já gravados.

Ainda sobre a produção, as gravações que estavam previstas para acontecerem nos Estados Unidos, quase não ocorreram. Por questão de custo de produção, cogitou-se que Leda fosse uma jornalista de Brasília. A ideia logo foi descartada e uma pequena equipe foi enviada para gravar cenas no exterior, como planejado inicialmente.

Dança das cadeiras no elenco

Perigosas Peruas sofreu bastante para montar seu elenco. Inúmeros atores e atrizes escalados, mas impossibilitados de aceitar o convite, seja por compromissos diversos ou por terem sido deslocados para outras produções da casa. A seguir, alguns nomes que quase fizeram parte da trama de Carlos Lombardi.

José Mayer iria integrar o elenco de Perigosas Peruas, em 1990, mas foi escalado para viver Ricardo em Meu Bem, Meu Mal.

Marcos Paulo foi anunciando pelos jornais da época, como protagonista masculino de Perigosas Peruas. Entretanto, o papel do Belo ficou a cargo de Mario Gomes.

Lúcia Veríssimo foi outra anunciada como provável integrante do elenco, mas acabou ficando de fora.

Lídia Brondi, recém-saída de Meu Bem, Meu Mal, foi convidada para Perigosas Peruas, mas não aceitou o convite. Desde então, nunca mais voltou às novelas.

Christiane Torloni também estava certa como uma das protagonistas, entretanto, o fatídico acidente com um dos seus filhos, a afastou das novelas.

Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli foram convidados para a novela, mas declinaram do convite. Bruna faria Cidinha, personagem que ficou para Vera Fischer.

A trama

A premissa de Perigosas Peruas era simples: duas amigas que nasceram no mesmo dia, estudaram juntas, tomaram rumos diferentes na vida e se reencontram já maduras. A partir dali, se desenrolaria seus conflitos e o questionamento do papel feminino no mundo moderno, temas abordados em vários filmes hollywoodianos dos anos trinta.

Inseparáveis até a faculdade, Cidinha (Vera Fischer) e Leda (Silvia Pfeifer) começam a rivalidade depois de conhecerem Belo (Mário Gomes), que acaba engravidando as duas na mesma época. A amizade logo é rompida. Cidinha vence a disputa e casa-se com o amado. Por ironia do destino, as ex-amigas acabam tendo suas filhas no mesmo dia e hospital, para variar, nasceram no mesmo dia.

A filha de Cidinha nasce morta, então, Belo troca o bebê pelo de Leda, que vira uma grande jornalista internacional e aparentemente superou o trauma.  Cidinha acaba desistindo da carreira para se tornar uma “dona-de-casa desesperada”.

Mais tarde, as ex-amigas se reencontram e a velha rivalidade é reacendida. Tudo se complica ainda mais aumenta quando Tuca (Natália Lage), a filha mais velha de Belo e Cidinha, descobre que foi trocada na maternidade. A partir daí, é muita confusão, idas e vindas. E tudo isso poderá ser visto um dia, quem sabe, no Canal Viva.

Relembre a marcante abertura de Perigosas Peruas

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