Sofrência vence curtição das baladas no atual ranking sertanejo das rádios

Sofrência vence curtição das baladas no atual ranking sertanejo das rádios

A música sertaneja ficou mais pop ao longo da última década, tendo se misturado com ritmos como arrocha e forró. Mas nada mudou tanto assim. Divulgada esta semana pelo Instituto Crowley, a lista das dez músicas mais tocadas nas rádios do Brasil em 2016 confirma a supremacia absoluta do sertanejo na preferência popular – todas as 10 músicas são deste gênero musical – e revela que a sofrência voltou a dominar o cancioneiro sertanejo após período em que algumas das maiores vozes do gênero exaltaram a curtição hedonista das baladas, com direito à exaltação ao álcool.

Sofrência é o termo atualmente usado para designar as eternas músicas calcadas na dor de corno. Em essência, as duplas e cantores do gênero continuam cantando o mesmo chororô amoroso que pauta o gênero desde que a moda de viola é moda de viola. Basta pegar os repertório de duplas como Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo e Zezé Di Camargo & Luciano – para citar somente as três duplas mais bem-sucedidas da década de 1990 – para atestar que o teor lacrimejante do cancioneiro sertanejo sempre foi alto.

O que mudou foi a pegada pop do som de duplas como Zé Neto & Cristiano, campeões de execuções radiofônicas do ano passado por conta das 70,6 mil vezes em que a canção Seu polícia (Junior Angelim, 2015) foi tocada nas rádios. Mudou também a postura feminina. Cantoras como Marília Mendonça – vice-campeã com Infiel (Marília Mendonça, 2016) – estão tomando atitudes nas músicas diante das traições masculinas em vez de assumirem o papel passivo reservados às mulheres na sociedade machista.

De todo modo,  a essência doída dos versos continua a mesma de sempre. Desde que sofreu influência de cantores de repertório sentimental como o goiano Amado Batista, na década de 1970, a música sertaneja vem apostando alto na sofrência. A pegada do arranjo era outra, mas a desilusão amorosa nunca saiu do tom e da parada popular – e essa supremacia vem de longe, pelo menos lá da década de 1940, era em que os pioneiros Tonico & Tinoco cantaram as primeiras mágoas de caboclos.

Veja o ranking das 10 músicas mais tocadas nas rádios do Brasil em 2016 de acordo com o Instituto Crowley:

1. Seu polícia – Zé Neto & Cristiano

2. Infiel – Marília Mendonça

3. Pronto, falei – Eduardo Costa

4. Romântico anônimo – Marcos & Belutti

5. Medo bobo – Maiara & Maraísa

6. Vai me perdoano – Victor & Leo

7. Sosseguei – Jorge & Mateus

8. 50 reais – Naiara Azevedo

9. Esqueci você – Henrique & Diego

10. Que pena que acabou – Gusttavo Lima




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