Justiça condena Globo a pagar indenização à jornalista por impor “ditadura da magreza”

Justiça condena Globo a pagar indenização à jornalista por impor “ditadura da magreza”

A Justiça condenou a Globo a pagar uma indenização milionária à Veruska Donato por ter imposto uma espécie de “ditadura da magreza”, o que acabou adoecendo a jornalista de 46 anos.

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Em novembro de 2021, após ficar 77 dias afastada com síndrome de burnout (estresse e esgotamento físico devido a trabalho desgastante), Veruska deixou a emissora. Em janeiro de 2023, ela entrou com uma ação contra a casa, denunciando os diversos abusos sofridos.

Ela revelou que passou a receber críticas sobre sua aparência “quanto a flacidez, ruga ou gordura fora do lugar”. A situação desgastante a levou a “apresentar variação de humor com agressividade, isolamento, irritação, ansiedade e depressão”, apontou o processo. A profissional também tinha que evitar certos tipos de tecido para não mostrar “um estômago mais avantajado e barriguinhas persistentes”.

A atitude da emissora foi interpretada como misógina e, na última segunda-feira (02/04/2024), o juiz Adenilson Brito Fernandes, da 37ª Vara do Trabalho de São Paulo, reconheceu que “a perseguição estética [da Globo] importava na ditadura da magreza”, condenando a emissora a pagar uma indenização de R$ 50 mil.

“O empregador pode impor padrões mínimos em seu ambiente de trabalho, mas não pode exigir condutas, comportamentos, padrões de vestimenta, de peso, de idade, aparência, de cor do cabelo, penteado, etc., pois isso tem a ver com autodeterminação individual e privada do trabalhador. Ainda que existam estudos, estatísticas de que a televisão pode ditar padrões, esse tipo de conduta se encontra superado atualmente, o próprio reclamado [Globo] tem procurado se adaptar a essas mudanças”, declarou o magistrado.

“Fiquei convencido de que houve invasão e violação dos direitos de personalidade da reclamante [Veruska], como tais, o de intimidade, da vida privada, à honra e à integridade físico-mental”, afirmou.

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