Coluna: 18 horas, o horário negro do SBT
Na semana passada destacamos a dificuldade da Rede Record em acertar programas no horário vespertino. O SBT também possui um horário difícil em sua programação, trata-se das 18 horas. Muitas atrações colocadas no ar não vingaram e foram tiradas repentinamente. O inicio da noite é considerado muito importante e estratégico na programação, pois é nesse horário onde se eleva os índices da faixa nobre da televisão brasileira. Por enquanto o seriado “Chaves” vem fazendo a sua parte, mas será o suficiente?
No ano de 2006 o SBT colocou no ar o projeto “Minha Vida é uma Novela” onde histórias da vida real enviadas por meio de cartas pelos telespectadores e retratadas na TV, os episódios eram escritos pela autora de novelas Leticia Dornelles. A atração foi desenvolvida para frear o crescimento da Record no inicio da noite. O programa foi um fracasso e Silvio Santos ordenou sua saída da programação abruptamente devido sua baixíssima audiência pouco tempo depois da estreia, costumando fechar entre 2 e 4 pontos de média. A duração desse programa foi tão curto que muitos telespectadores nem lembram da existência dele na programação do SBT.
Com o desgaste do “Programa do Ratinho” no ano de 2006, Silvio Santos escala o apresentador para comandar o novo “Jornal da Massa” um telejornal policial no fim da tarde. Ratinho ficava atrás de uma bancada onde chamava matérias policiais e em seguida realizava comentários. O policial ainda possuía um helicóptero com os flagrantes da cidade. Uma vez ou outra, Ratinho conquistava a vice-liderança para o SBT, porém não foi o suficiente para manter o jornal no ar por muito tempo.
Em 2007 com o avanço da Record que na época dominava a vice-liderança, o SBT estreou uma nova programação no dia 26 de março apelidada de “Arrancada da vitória” escalando a novela mexicana “Destilando Amor” para o horário das 18 horas. A trama foi um verdadeiro sucesso no México e se travava de uma nova versão da novela “Café com Aroma de Mulher” já exibida várias vezes pela emissora de Silvio Santos. No Brasil a novela não agradou, atingindo baixos índices de audiência e acabou saindo do ar precocemente no capitulo nº 20.
No ano de 2008, Silvio Santos resolve ressuscitar o “Aqui Agora” jornal policial de muito sucesso nos anos 1990. O clássico programa retornou a tela do SBT bem diferente do original, a emissora apostou em uma linguagem próxima a de uma revista eletrônica e colocou quatro apresentadores no comando da atração: Luiz Bacci, Herberth de Souza, Christina Rocha e Joyce Ribeiro. As mudanças chamaram pouca a atenção do público fazendo com que o programa ficasse longe da meta estabelecida por Silvio Santos que eram de 8 pontos. Com um investimento elevado e sem o retorno desejado, foi mais um que acabou sendo limado repentinamente da programação do SBT.
No segundo semestre de 2008 o SBT estreia o “Olha Você”, uma revista eletrônica semelhante ao “Hoje em Dia” da Record. No comando Claudete Troiano, Ellen Jabour, Alexandre Bacci e Francesco Tarallo sob direção de Ocimar de Castro. A atração não conseguia atingir bons índices sempre fechando entre terceiro e quarto lugar na disputa pelo IBOPE. Para se manter no ar o programa precisou ser reformulado diversas vezes o que resultou em vários problemas internos resultando no seu fim seis meses após a sua estreia.
Em 2010 mais uma vez o SBT aposta no jornalismo policial para elevar os índices do inicio da noite, dessa vez a grande aposta foi o “Boletim de Ocorrência” apresentado por César Filho. Antes de César ser confirmado oficialmente no policial, os nomes de Roberto Cabrini e Luiz Bacci chegaram a ser levantados. César Filho comandou bem a atração levando para a televisão seu improviso herdado de sua experiência no rádio. Infelizmente os baixos índices contribuíram para o fim do policial um mês depois de sua estreia.
Silvio Santos sempre tentou implantar um projeto jornalístico nesse horário no SBT, a última tentativa foi o “SBT Notícias” de Neila Medeiros em 2013. A ideia inicial era ressuscitar mais uma vez o “Aqui Agora”, porém resolveram apostar em um noticiário mais leve fugindo da linguagem adotada pelos concorrentes “Cidade Alerta” de Record e “Brasil Urgente” da Band. O jornalístico contava ainda com a participação da jornalista Isabele Benito, além de uma equipe de 35 profissionais ao todo. Apesar dos altos investimentos o noticiário não teve vida longa na programação do SBT e logo saiu do ar devido aos baixos índices, deixando o SBT na quarta colocação na guerra da audiência.
A estratégia mais insana e pitoresca para elevar os índices do inicio da noite adotada pelo SBT ocorreu em fevereiro de 2014 com o programa “Caso Encerrado”. O programa comandado pela advogada Ana Maria Polo é produzido nos Estados Unidos e Silvio Santos resolveu apresentar no Brasil sua versão original dublada em português. Cada capítulo o programa apresentava um fato real que era avaliado por juízes, psicólogos e jurados. O formato como era de se esperar fracassou e mais uma vez a emissora precisou alterar sua grade para recuperar os números.
Os enlatados sempre foram à salvação do SBT. Em todos os casos, as atrações foram substituídas por comédias americanas (As Visões da Raven; Eu, a Patroa e as Crianças) ou nacionais (Escolinha do Golias; Ô Coitado!; Meu Cunhado) , mas quem domina o horário mesmo é o seriado Chaves que mesmo não fechando sempre na vice liderança deixa a emissora com índices confortáveis. Falta na emissora de Silvio Santos paciência para ver seus projetos se desenvolverem já que no horário existem três programas bem consolidados: As novelas Globais, o “Cidade Alerta” da Record e o “Brasil Urgente” da Band. Atualmente o SBT está na briga exibindo o sucesso mexicano “A Usurpadora” que logo será substituída pela inédita no Brasil “A Dona”, é uma boa tática para atrair o publico que foge das desgraças do cotidiano. Curiosamente a última atração que se deu muito bem no horário das 18 horas foi em 2006, se trava da novela mexicana “A Feia Mais Bela” atingindo altos índices de audiência.
Coluna Sou Telespectador
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