Coluna: A importância da Record para o SBT

Coluna: A importância da Record para o SBT

COLUNA

O terror da Globo no início dos anos 2000, o SBT fez a toda poderosa mudar várias vezes a sua programação para não perder a majestade, chegando a lançar o mais audacioso slogan de sua história o “Na nossa frente só você!”, devido a boa época que passava e graças ao enorme sucesso de seus programas, que atingiam frequentemente a liderança.  Anos depois, conformado com o segundo lugar, deixou de investir e parou no tempo, em contrapartida, a Rede Record investiu pesado em estrutura e a emissora de Silvio Santos viu a sua tão vangloriada segunda posição de anos ser perdida. A partir daí, começou uma luta ferrenha para voltar ao seu posto de vice-líder e acendeu a hipótese  sobre  a importância que a Record tem para o SBT.

Em 2007, o resultado do alto investimento realizado pela Record veio à tona, tornando a emissora a nova segunda colocada em audiência. Diante da nova realidade, o SBT tentou uma revanche com a sua “Arrancada da vitória”, que terminou como uma grande piada e ainda reafirmou o amargo terceiro lugar. Essa foi a primeira de muitas ocasiões em que a Rede Record obrigou o SBT a se mexer. O trauma foi tão grande que a TV de Silvio Santos fez novas contratações, estreou novos programas, investiu em estrutura e até deu continuidade a produções de novelas nacionais com a exibição de “Amigas e Rivais” em substituição direta a “Maria Esperança”, algo que não acontecia há anos, porém sem o sucesso esperado.

SBT-e-Record

Falando em novelas, o sucesso das tramas da Record que emplacava uma história após a outra também motivou o SBT a reativar o setor.  Para isso trouxe da sua principal concorrente o autor Tiago Santiago e produziu “Uma Rosa com Amor” que do meio para o final teve um crescimento ascendente e devolveu a vice-liderança para a rede. Textos radiofônicos da famosa escritora Janete Clair foram adquiridos para produção de folhetins e “Vende-se um véu de noiva” foi a primeira e única até o momento, enquanto a TV Record firmou contrato com a Televisa, principal parceira do SBT. O fim precoce dessa parceria ajudou o SBT a repensar no tradicional estilo de suas novelas, o seu papel e espaço na televisão e no mercado em geral, a retomada com a Televisa foi fundamental.

O sucesso de Rodrigo Faro nas tardes de sábado fez o SBT voltar a investir em auditório na faixa após lotar o horário com enlatados. Primeiro trouxe Netinho de Paula e posteriormente o Raul Gil. Com isso a grade do dia se ajustava com um visual melhor e proporcionou aumento no faturamento. Já aos domingos, com a estreia do “Domingo Show” de Geraldo Luís, a produção do “Domingo Legal” de Celso Portiolli após sofrer inúmeras derrotas, deixou o comodismo e buscou novas pautas e quadros para a sua atração, fazendo com o que o programa e consequentemente o domingo voltasse a ser de fato, “legal”, até o “Eliana” passou a ser apresentado ao vivo para bater de frente com o principal concorrente que também estudava essa possibilidade, com isso o SBT passou a frente.

gugu-ratinho
Gugu estreou nas noites da Record em concorrência direta com o Ratinho do SBT.

Recentemente, o canal dos bispos promoveu a volta do experiente Gugu Liberato em suas noites, concorrendo diretamente com o “Programa do Ratinho” e pondo fim a comodidade da produção, que já estreou novos quadros e trabalha na produção de outros, até mesmo um formato estrangeiro foi adquirido para que a atração de Carlos Massa consiga brigar em igual escala com o novo concorrente. Ainda em auditórios, a vinda de Sabrina Sato reacendeu no SBT o interesse pelos sábados à noite, após a excelente reformulação do “Festival Sertanejo” está previsto para breve a nova temporada do reality “Cozinha sob Pressão” para o mesmo dia e dessa vez em horário nobre. Ainda falando do caso Gugu, a primeira estreia na Record ocasionou uma ofensiva inesperada do SBT, foi quando a emissora trouxe de uma só vez Eliana, Tiago Santiago, Roberto Justos, Richard Rasmussen e Roberto Cabrini de sua principal concorrente.

Roberto Cabrini rendeu ótima audiência e repercussão, além da credibilidade alcançada, que possibilitou uma série de contratações e melhorias no jornalismo, também impulsionado pelo grande sucesso do telejornalismo da Record, principal carro chefe do canal. Aos poucos os telejornais ganharam mais espaço e identidade individuais, houve também a extensão de noticiários matutinos, ainda que tenha sido reduzido novamente. A emissora voltava a ter força, mas precisava da credibilidade que o jornalismo da concorrente possuía.

E essa concorrência também atingiu o PNT, Painel Nacional de Televisão, quando a emissora voltou os olhos às afiliadas, preocupando-se com imagem, extensão e recepção de seu sinal Brasil a fora e voltando a segunda posição nessa mediação. Hoje o canal é o maior responsável pelo seu sucesso, devido à nova imagem que a emissora consegue passar ao telespectador, deixando os velhos hábitos de antigamente e realizando investimentos concretos e certeiros, mas não se pode deixar de observar tamanha influência da Record sobre alguns movimentos realizados. O SBT tem a péssima mania de ser conformista e tende a se acomodar diante de uma posição favorável, de outro lado a concorrente enquanto se mexe,  o obriga a mexer-se também e isso é bom, pois assim temos emissoras muito mais competitivas e a disputa mais acirrada. É bom para o SBT ter concorrentes e ainda bem que existe a Record.

Um salve ao Bastidores da TV  e a todos que prestigiaram essa coluna. Obrigado pela leitura e até a próxima semana!

Dyego Terra

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