Coluna: A novela que causou um “Sortilégio”

Coluna: A novela que causou um “Sortilégio”

COLUNA

Produzida pela Televisa, sob o comando da experiente Carla Estrada, em 90 capítulos de puro movimento, “Sortilégio” tem uma história densa fugindo do comum dos folhetins mexicanos, cheia de cenas de ação, movimentada ao extremo em um ritmo alucinante, mas pouco conhecida por aqui. Quem diria que a história de Maria José e Alessandro alcançaria tanto sucesso em terras brasileiras? Tá no ar e vamos discutir!

Encerrada na última sexta-feira (27), a novela foi ao ar originalmente no ano de 2009 no horário principal do Canal de las Estrellas, em uma nova versão de “Tu ou Nadie”, exibida no Brasil pelo SBT em 1986. Trazendo Jackeline Bracamontes (Rubi) e Willian Levy (Cuidado Com o Anjo) como protagonistas, Daniela Romo (Manancial) como atuação estrelar e apresentando os trabalhos de David Zepeda e Ana Brenda Contreras ao público brasileiro como antagonistas principais.

Estreando por aqui em 27 de outubro de 2014, no horário dedicado a folhetins inéditos, o das 16:15 da tarde, a trama tinha a difícil missão de recuperar os índices perdidos da faixa, que não emplacava um história inédita desde o sucesso de “Cuidado com o Anjo”, também protagonizada pelo William.  Sortilégio estreou sob alta expectativa da direção da emissora, e não fez feio, apostando na presença de atores conhecidos e na qualidade da produção, destacou-se na programação atingindo altos índices de audiência e encantando o flutuante telespectador das tardes.

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Alessandro (Willian Levy) e Maria José (Jacky Bracamontes), protagonistas de Sortilégio.

Com alto investimento, o produto mexicano teve uma das mais belas fotografias de todos os tempos, cenários paradisíacos ilustravam boa parte das cenas. Em uma trilha de abertura muito bem composta e interpretada, o cantor Il Divo passou toda a emoção que a novela narra. Ainda no vídeo, o recurso de câmera nervosa aderiu mais agilidade a produção, e o elenco recheado de estrelas, com direito a destaques nas chamadas de estreia relembrando os principais trabalhos dos atores no Brasil, nomes como Gabriel Soto (Amigas e Rivais), Chantal Andere (A Usurpadora), Marcelo Córdoba (Por Ela… Sou Eva), Daniela Luján (O Diário de Daniela), dentre outros, brilharam em cena.

A história, ágil desde o começo, mostra Vitória casada, tendo um caso com o amigo de seu marido, que posteriormente grávida, dá a luz a Raquel e Bruno. Alessandro é seu enteado. Após a morte de seus cônjuges, os dois se casam, mas não revelam aos filhos que eram meio irmãos, já que isso revelaria suas infidelidades. O tempo passa e ela fica novamente viúva. A confusão começa quando toda a herança do falecido é deixada para Alessandro, em razão de ser um homem responsável, totalmente o contrário de Bruno, que torna-se irado e descontrolado. A partir disso, enciumado e revoltado, faz de tudo para ter o dinheiro do irmão, até o dia em que casa com uma mulher, a Maria José, passando-se por Alessandro e planejando matá-lo para que até então a sua falsa esposa herde toda a fortuna e entregue ao vilão.

A maior virtude do folhetim era tudo ser revelado muito rápido, dando espaço a novos conflitos e situações. Eletrizante, perder um capítulo significava não entender mais os posteriores, tamanho a agilidade. Assim, o atentado planejado por Bruno dá errado e o mocinho volta para casa, obviamente não se recorda de sua suposta e esposa que é obrigada a mentir para ele. No ritmo acelerado das revelações, toda a verdade é descoberta logo no início E os dois acabam se apaixonando de verdade. Mas a obsessão e o ódio não têm fim, e planos diabólicos são colocados em prática para destruir os mocinhos e colocar as mãos no tão esperado dinheiro.

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O experiente elenco é um dos trunfos de Sortilégio. Na foto: David Zepeda (Bruno), Daniela Romo (Vitória), Chantal Andere (Raquel) e Willian Levy (Alessandro).

Personagens bem construídos ajudaram a abrilhantar ainda mais e contribuir para o grandioso êxito da telenovela. Os produtores conseguiram criar personalidades convincentes e os atores deram exatamente o tom necessário, além de passar a emoção correspondente à função que cada um desempenhava. Quem precisou emocionar, de fato emocionou. A Química foi perfeita, o amor de Alessandro e Maria José parecia de verdade nas telas, o drama de Vitória amando aos dois filhos com seu amor de mãe, vendo-lhes brigar a todo o tempo e querendo acreditar na inocência deles, comoveu e retratou a realidade. Os vilões despertaram o ódio do público. Os antagonistas tiveram papel fundamental. Um grandioso número de vilões, eram responsáveis por movimentar a trama e causar os reviravoltas, harmonizaram perfeitamente entre si, e obtiveram seus merecidos fins. Assuntos interessantes também foram retratados, como a bissexualidade de Roberto, os problemas alcoólicos de Raquel e a rejeição pela filha, a leucemia de Lisete, o modo fácil de Ulisses ganhar a vida e a realidade de existirem pessoas especializadas em aplicar golpes e realizar assassinatos, algo real, mas ignorado pela sociedade.

A dublagem, assim como nas anteriores, ficou a cargo do Estúdio Rio Sound, com uma reconhecida melhora na qualidade comparada as outras dubladas por lá. A audiência sempre ascendente, a coroou como o maior sucesso entre todas as inéditas, fechando sua exibição com satisfatórios 6,3 de média geral, além de altos picos ao longo de sua exibição. A título de curiosidade, obteve somatório maior que a última transmissão do fenômeno “A Usurpadora”. Meu Pecado, a atração antecessora, fechou com baixos quatro de média.

Clichês a parte, Sortilégio emocionou, marcou, trouxe-nos boas atuações e uma história diferente do habitual, e para uma novela mexicana, ousou. Não à toa, levantou o horário e entregou em alta para a sua substituta, “Coração Indomável”, conferindo-lhe o desafio de manter todo esse sucesso e repercussão. Cumpriu com todas as expectativas, e firmou-se na lista das melhores novelas latinas do SBT. Apaixonou o seu público, despertou uma atração irresistível, quase um feitiço, causou um verdadeiro “Sortilégio de Amor”.

Dyego Terra

E você, o que achou da novela? Comente e continue essa análise!

Um muito obrigado ao Bastidores da TV e a você que prestigiou essa coluna. Nos vemos na próxima semana!

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