Coluna: As melhores e piores telenovelas de 2014
Em todo bom veículo de comunicação a retrospectiva dos fatos que ocorreram no decorrer do ano é uma carta na manga, afinal é neste momento que o balanço crucial sobre os erros e acertos são externados para toda uma comunidade ávida por saber. Foi pensando nisso que o “Bastidores da TV” abriu espaço para este “evento”. Por aqui, a partir de hoje, cada colunista abordará um assunto pertinente ao seu círculo de afinidade. Para mim sobrou a difícil tarefa de dar o pontapé inicial a está série de colunas sistematizadas, e como bom degustador de novelas o meu foco será as amadas telenovelas. Prontos para a aventura?
P.S: Em razão deste episódio especial a coluna “Fugindo do Óbvio” não será apresentada, prometendo voltar na semana que vem.
Chega até ser aperreador celebrar a onipotência da Rede Globo no cenário da teledramaturgia do Brasil, é sacal mais querendo ou não é um fato, e com merecido destaque mais uma vez (como sempre), a emissora da família Marinho emergiu-se sobre as menos aclamadas. Porém nem tudo que reluz é ouro, e neste sentido, algumas produções nem chegaram ao brilho de uma reles bijuteria da 25 de março. Para não ser prolixo, vou realçar a melhor e consequentemente a pior novela de cada horário. Chegou a hora de esmiuçar pelo detalhes.
Acertando o relógio na primeira parada…
18 H.O.R.A.S
Este é o horário mais complicado para premiar, é um campo acirrado. Eclético e de núcleos complexos, envoltos em um roteiro bem desenvolvido e despretensioso. Agrada pelo simples fato de agradar. No decorrer do ano tivemos três apostas super diferentes: a viagem fantástica a uma época desconhecida conduzida pelo amor fraternal de uma criança em “Joia Rara”, o encontro do surreal e do real no conto de fadas contemporâneo de Benedito Ruy Barbosa em “Meu Pedacinho de Chão” e o retrocesso aos anos 70 com “Boogie Oogie”. Confesso que foi difícil chegar a essa conclusão, mas a forma como foi abordado um tema tão preterido da forma como foi, vez com que “Joia Rara” mereça o pódio de melhor telenovela do seu horário, enquanto que a mistificação e busca pelo efêmero tornou “Meu Pedacinho de Chão” a produção menos prestigiada e como resultado ficou com a estatueta de pior novela.
Próxima parada…
19 H.O.R.A.S
Despencamos em um campo minado, embrulhado pelas guloseimas do bobo da corte. Os folhetins apresentados nesta faixa apresentam um texto mais robusto, puxado para uma veia cômica e com um leve tempero de aventura para fechar com chave de ouro. Compreendem novelas mais joviais e atemporais, típicas para uma reunião em família. As concorrentes este ano foram: a “Lost” abrasileira também conhecida como “Além do Horizonte”, a revolução das máquinas em pleno século 21 trinchada em “Geração Brasil” e a raspinha do tacho com pegadas sobrenaturais de “Alto Astral”. Nesta situação bem diferente da anterior ficou bem mais fácil apontar logo de cara qual foi a melhor dentre as três, o folhetim assinado pela dupla Carlos Gregório e Marcos Bernstein ficou com a medalha de ouro – “Além do Horizonte” ousou sem parecer tão clichê, ao contrário da sua concorrente “Geração Brasil” que apenas gerou expectativas, enquanto os resultados ficaram mesmo a deriva.
Última parada do Projac…
21 H.O.R.A.S
Chegamos a cereja do bolo, o espumante da festa. O cargo chefe da Globo são suas novelas das nove, justamente por ter em seu domínio um público cativo, estas são as mais criticadas e esmiuçadas tanto pela imprensa especializada quanto pelo principal elemento: o telespectador. Pontualmente nesta zona são expostas tramas mais densas, fortes e displicentes. Mais próximas e fiéis a realidade que as demais dos horários anteriores. Atendem a uma demanda primordial: o vilão tem que ser reflexo do mal, pensar sem escrúpulos e ter uma alta carga bipolar, fato que deve cair por terra assim que sua máscara cair lá pelo capítulo cento e alguma coisa. No desdobrar dos acontecimentos fomos apresentados a três folhetins: o texto mexicanizado de Walcyr Carrasco em “Amor à Vida”, a sonolenta “Em Família” de Manoel Carlos e a mistura de tudo e todos em “Império” de Aguinaldo Silva. Tudo bem que tivemos grandes assuntos abordados em cada uma, como o “primeiro beijo gay” em uma novela e com isso a quebra de dogmas e tabus, o núcleo familiar e suas controvérsias, e o que a briga pelo dinheiro pode causar. Contudo, todavia, entretanto, apenas uma se destacou mais e olha que ela ainda mal acabou. Mais uma vez Aguinaldo Silva conseguiu organizar núcleos ecléticos e ao mesmo tempo uniformes, fato que garante sua condecoração como a melhor telenovela das oito com “Império”. Agora a pior… Jurá que eu preciso mesmo falar? A sonolência falou por si própria.
Mudando de ares, fazendo ponte área e aterrissando na Barra Funda…
Na Record as apostas foram poucas, até porque a emissora até que tem dinheiro caindo do céu, mas não ao ponto de sediar um complexo assim como a Globo. Tivemos “Pecado Mortal” e agora “Vitória”. Apesar do desmotivo por não ter um teto de audiência assim como sua arque rival, a Record conseguiu a duras cargas corresponder a sua meta. Carlos Lombardi querendo ou não em sua primeira novela na emissora conseguiu priorizar um tema complicado, conduziu com firmeza e altivez, é óbvio pecou em vários momentos, mas no contexto geral foi a melhor telenovela da emissora do Bispo Macedo em 2014, sobrando assim para “Vitória” o pior desempenho do canal.
A viagem está chegando ao fim, mas antes uma última parada na Anhanguera…
O mais de sempre do SBT e seus remakes latinos fizeram a diferença. Conseguiram fisgar um público pouco exigente, mas que adora ter um produto destinado a eles – a faixa de novelas fixada para o cerco infanto-juvenil surtiu resultado desde Carrossel, fato que apenas se confirmou com Chiquititas. Sucesso de audiência e comercial, este eixo que aos olhos da direção perdurará por um longo tempo, visto que a substituta de Chiquititas será outra trama infantil: “Cúmplices de um Resgate”, sem sombra de dúvidas continuará com o caminho de glória do SBT neste segmento.
Vamos ao resumão? Só se for agora!
Lembrando que gosto é relativo, nem sempre as denominadas como melhores opções adequam-se ao seu deleite. O principal crítico de TV ainda continua sendo você telespectador do outro lado da telinha.
Para você, qual foram as melhores telenovelas de 2014?
Comente, expresse sua opinião.
Para me encontrar é fácil, estou sempre perambulando pelo Twitter: @Hjms_QuimTV, além de responder aos mais tímidos via e-mail: hiago@bastidoresdatv.com.br
Agora sim posso me despedir.
#CâmbioDesligo
