Coluna: Jornalismo na TV precisa se reciclar e evitar “marmita”

Coluna: Jornalismo na TV precisa se reciclar e evitar “marmita”

Julioo12

A famosa “quentinha” (marmita), seja ela requentada ou até fria, mata a fome de milhares de pessoas em todo país, diariamente. No entanto, no meio televisivo, que cada vez mais compete com novos meios, ainda mais ágeis, notícia velha é cada vez mais desnecessária. Por economizar nos custos, reprisar uma mesma matéria jornalística com exaustão, sem ao menos atualizá-la ao telespectador, vai contra os princípios básicos do jornalismo moderno.

Sem um padrão nacional de telejornalismo nas principais redes, uma reportagem exibida em horário nobre em emissoras como SBT e Record, passam a ser reexibidas por pelo menos mais três a quatro vezes até o meio-dia do dia seguinte. Band, Record News e RedeTV!, também seguem caminho semelhante. Mesmo que a notícia continue em destaque, os trabalhos de finalização e os dados apresentados deveriam ser reeditados, a fim de informar com maior exatidão os fatos e não cansar o telespectador. A Globo, normalmente reprisa apenas matérias vinculadas no Jornal da Globo em seu Hora Um, exibido ao vivo, às 5h. Na Record, matérias do Domingo Espetacular chegam a ser reexibidas durante a semana toda na programação da emissora.

Na Record, Matérias do Jornal da Record e Domingo Espetacular chegam ao Fala Brasil e muitas vezes ao Hoje em Dia
Na Record, matérias do Jornal da Record e Domingo Espetacular chegam ao Fala Brasil e muitas vezes ao Hoje em Dia

Tomo como exemplo, uma matéria exibida no SBT Brasil, às 19h45, a mesma é também transmitida no Jornal do SBT, após o The Noite, e nas duas reprises do mesmo jornal que acontecem as 4h e às 5h da madrugada. Às 6h, Neila Medeiros entra ao vivo com seu Notícias da Manhã, e novamente exibe as mesmas matérias, as vezes em até três repetições até às 9h.

Notícias da Manhã, de Neila Medeiros, era ao vivo, mas exibia três repetições de matérias já exibidas desde o SBT Brasil, na noite anterior, passando pelas três edições do Jornal do SBT. Nesta semana o jornal foi cancelado dando lugar a desenhos e mais uma reprise do Jornal do SBT.

Mesmo que o público da TV seja rotativo, a informação vive em constante mudança e o público cada vez mais inteligente gosta de estar bem informado, principalmente do factual, no momento que os fatos acontecem, por isso, cada vez mais a importância do “ao vivo”, em programas jornalísticos. E isso, entende-se também pela participação cada vez mais frequente de todas as praças de jornalismo em entradas ao vivo, atualizando as informações em tempo real, seja em link via satélite, pela web ou até em últimos casos por telefone. Neste conceito, jornais gravados ou reprisados jamais poderiam hoje ocupar a grade das emissoras abertas, afinal, jornalismo não deve ser tapa-buraco e sim um dos grandes pilares da programação e cabe as grandes redes investirem sem medo no segmento para que a TV paga e a internet não suguem ainda mais a decadente audiência das redes abertas. Ser competitivo na atualidade que vivemos é essencial para a propagação da própria existência.

 

Júlio César Fantin
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