Coluna: No SBT quem manda é o chefe!

Ele estava quieto demais! Silvio Santos voltou com tudo e já tem a sua nova “aposta anual” para a grade do SBT. Quem acompanha notícias sobre televisão, sabe das ideias geniais de Senor Abravanel, que vira e mexe toma a frente da programação de sua emissora para estrear produtos que descobre no estrangeiro enquanto tira as suas férias. E esse ano não poderia ter sido diferente, agora trata-se do seriado americano “I Love Lucy”, sucesso dos anos cinqüenta e pasmem, em preto e branco. Será que dessa vez decola ou é só mais uma investida descabida de Silvio no comando de seu canal?
O seriado em questão é um dos maiores sucessos do gênero de todos os tempos, considerado o segundo melhor programa dos Estados Unidos. Foram 185 episódios em seis temporadas. No Brasil já foi exibido por diversas emissoras, entre elas a TV Tupi na década original e posteriormente na TV Gazeta, Band e TV Cultura. Sua última exibição na TV brasileira deu-se no canal a cabo TCM, no ano de 2006. Além disso, foi a partir dessa série que nasceu o primeiro sitcom brasileiro, o “Alô, Doçura” produzido pela Tupi e que mais tarde ganhou remake no SBT. Ainda no canal de Silvio, durante a programação inaugural da emissora foi transmitida a continuação, chamada “O Show de Lucy”.

Em 2015, Silvio trouxe Lucy de volta a programação do SBT, apostando no forte humor e no buzz que a atração causaria na imprensa ao se tratar de um programa em preto e branco em plena era do HD. É essa propaganda que interessa ao animador, que os comentários tragam curiosidade e repercussão a sua nova aposta. Porém, a nova exibição vai enfrentar muitos pontos negativos em seu retorno ao ar.
A primeira grande critica é o reforço de imagem da emissora ligada a produtos antigos, dessa vez exibindo um da era da televisão sem cor, afirmando esta condição. Outro caso são os telespectadores que não vêem com bons olhos atrações tão antigas. Há quem reclame de produções em SD com barras pretas laterais ou da aparência envelhecida de algumas novelas de outras décadas e até mesmo do seriado Chaves, fugindo desses programas.
Outra grande responsabilidade para o seriado é manter os altos índices alcançados pela série “As Visões da Raven”, que chegava a atingir a liderança na faixa agora ocupada por Lucy e cujo um de seus trunfos era a bem sucedida troca de público que fazia com o “Casos de Família”, sem apresentar tanta queda na passagem das atrações. É uma grande mudança abrir mão de um produto líder de audiência, ainda que exaustivamente apresentado, para investir em outro de desempenho duvidoso e de grande possibilidade de rejeição, em um horário de grande concorrência entre as três principais emissoras, que o SBT tem tradição de apostar no humor de fácil assimilação e de cunho infanto-juvenil. Talvez se a exibição fosse programada para as madrugadas, onde há maior concentração de público Cult, o humorístico tivesse mais chances de emplacar.
Com essa, Silvio mais uma vez passa por cima da direção artística e estratégica de sua emissora, impondo sua vontade na programação. Sucesso ou não, a atração deverá continuar no ar, e até ganhar horários de destaque, já que o homem não admite estar errado, ao mesmo tempo em que desrespeita os profissionais que se esforçam para compor uma grade mais competitiva e bem vista perante o público e a imprensa. Na grande maioria das vezes esses repentes de criatividade não dão certo e viram piadas, vide a novela “Lalola”, o telebarraco americano “Caso Encerrado” e a volta de inúmeras atrações do passado em novas versões a pedido dele, como o “Bozo”, “Fantasia”, “Aqui Agora” e vários outros. É preciso que Silvio deixe o seu canal nas mãos de quem entenda de televisão, continuando com a apresentação de seu show aos domingos, que carece e muito de conteúdo em suas primeiras horas. Entra-se na questão de mandar quem pode e obedecer quem tem juízo e, nesse caso, quem precisa manter o seu emprego. No SBT de hoje e de sempre, quem manda é o chefe, o dono, Silvio Santos.
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Dyego Terra