Coluna: O papel social do “Casos de Família”

Coluna: O papel social do “Casos de Família”

Olá, tudo bem? Hoje é dia de mais uma edição da coluna “Ponto de Conversa” e não posso deixar de agradecer pelos acessos nos textos anteriores. Obrigado por tornar essa coluna, mais um sucesso do “Bastidores da TV”! Vocês são demais! Sigo o meu compromisso de todo domingo conversar com vocês, traçando uma linha crítica da TV brasileira. Antes de mais nada, é bom lembrar, uma crítica pode ser boa ou ruim, depende mesmo é da qualidade do programa; muito embora a TV seja plural e cada um tenha suas particularidades. Então, segurem o forninho e sigam-me os bons porque já vamos começar!

Desde 2009 o Casos de Família é comandado por Christina Rocha (Foto: Reprodução)

Hoje falaremos de um dos programas mais tradicionais das tardes do SBT, o Casos de Família. A ideia é ir além e apresentar uma perspectiva animadora do formato que está a mais de 10 anos no ar na emissora de Silvio Santos. O patrão, dizem os mais próximos, adora o programa e pelo visto o público também.

O Casos de Família estreou em 17 de maio de 2004 com apresentação da jornalista Regina Volpato. Em 2009, na intenção de popularizar ainda mais o formato, Regina deu espaço para a nova fase do programa, comandada por Christina Rocha. A partir de então, o Casos ganhou ainda mais espirito de tele barraco, com temas mais polêmicos, mais discussões e participação mais incisiva da apresentadora. Quem sempre acompanhou o programa assustou no começo porque a primeira fase do vespertino era um tanto mais tranquila, mas com o tempo Christina conseguiu empregar sua marca e hoje a atração consegue agradar o telespectador.

Mas, o que faz o programa ir além do simples tele barraco? Recentemente, em um vídeo promocional, Christina Rocha falou da importância do programa para trazer o debate, temas que geralmente não são abordados em outros programas e que são tabus também em nossa sociedade. Vamos assistir?

O Casos de Família, ao seu modo, consegue trazer para a TV temas que outros programas preferem deixar de lado. Homofobia, violência contra a mulher, direitos variados do cidadão, liberdade de escolha, descaso com a família… Todas as tardes conseguimos rir e nos indignar com os casos apresentados. Alguns dizem que a atração é totalmente armada e sobre isso, não posso comentar porque não tenho provas, mas ainda que fosse uma verdadeira escola de teatro, os casos continuariam a trazer estes temas, que são muito importantes, para o debate.

É importante pensarmos o papel social do Casos de Família. A verdade é que o programa mostra como NÃO fazer e não teria outro modo de apresentar isso, senão mostrando os casos, discutindo-os como se discute e falando com o parecer da psicóloga Anahy D’amico, que participa do programa, e da própria apresentadora, que não esconde a revolta que sente com algumas questões, o que pode ser feito para mudar algumas realidades.

Dr. Anahy D’amico está no programa desde os tempos de Regina Volpato (Foto: Reprodução)

Peculiar, esta talvez seja a palavra que defina o esquema do Casos de Família. É estranho mesmo pensar que, para falar do que não fazer, apresenta-se o modo errado que alguns pessoas fazem. É na peculiaridade que o programa se mostra como um importante difundidor social. Que quebra tabus, que tenta fazer parecer normal algo que culturalmente a sociedade condena de forma errônea. Que mesmo que exagere em alguns aspectos, incorpora na própria identidade os temas que assolam a minoria. É tão complicado a minoria ter voz que, ter um programa nestes moldes todas as tardes, é quase uma vitória.

Na semana retrasada o Casos teve o tema “Do jeito que você me trata, não devo ser sua filha” e o caso central apresentou uma mãe que fazia pouco caso da própria filha porque via nela a visão do pai da garota, que a deixou no passado. Indignados, platéia, psicóloga e a própria Christina Rocha travaram uma guerra discursiva com a mãe que estava no palco. Destaco sim o exagero, porque achei que não precisava expor a convidada daquela maneira, mas sobre isso, uso o caso para fundamentar o que estamos conversando hoje. Em determinado momento, Christina, revoltada, afirmou para a mãe no palco, “A gente sabe como é importante a educação dos nossos filhos, olha o exemplo que você está dando para sua filha”. Nesta fala da apresentadora, ressalto o que o público em casa assistiu, mas da forma como ele possivelmente possa ter absorvido o diálogo. Intrinsecamente, falamos de educação dentro de casa. Todos nós temos nossos pontos de apoio e na ordem natural, nossa família é o primeiro espelho para que formemos nossa personalidade, isso é um fato. Uma família desestruturada, em especial quando uma mãe repudia a própria filha, leva na maioria das vezes a casos desastrosos de condutas e uma perspectiva triste para aquele(a) que não tem em quem se espelhar.

Christina Rocha participa e opina nos casos do programa

Em outro momento Dr. Anahy disse, também indignada, “O Brasil está vendo! Este programa tem uma importância inestimável. É o anti-exemplo que mostra às pessoas como não se deve fazer!”. Ela estava certa. O Casos de Família, mesmo a mais de 10 anos no ar com poucas mudanças no formato, continua a ser um sucesso de audiência. A depender do tema abordado, no novo horário em que é apresentado, no começo da tarde, tem conseguido chegar a liderança de audiência. Com a má fase do Vídeo Show, o público tem preferido os casos de Christina. Na última quinta-feira (02), por exemplo, marcou 5,5 pontos, empatando na vice-liderança com a Record.

Pensar o Casos de Família além dos barracos é compreender parte da realidade cultural do nosso País. É ver, principalmente, quais os dramas das classes C, D e E do Brasil. É observar uma forma diferente de quebrar tabus e combater o pré-conceito. Desta forma, ainda bem que Silvio Santos mantém o Casos no ar!

E você? Gosta do Casos de Família?

 

Eu sou Fábio Melo e este foi o nosso, “Ponto de Conversa”!

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Grande Abraço! Até domingo que vem, uma ótima semana a todos vocês!

#fuuui!

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