Coluna: “Ratinho” se transforma em “Ratão” e merece ser reconhecido como o “Apresentador do Ano” de 2015

Coluna: “No Mute” – por Murilo Oliveira
Dois meses para o término do ano, e, sem dúvidas, temos que reconhecer um dos grandes nomes da televisão brasileira, e o homem do ano de 2015: Carlos Massa – o “Ratinho”.
Muitos acharão um absurdo à nomeação de Carlos Massa, pela coluna, mas para tudo nesta vida, existe uma explicação. O apresentador de cinqüenta e nove anos, que viveu seu auge no finzinho da década de noventa e no começo dos anos dois mil, na transição do “Ratinho Livre”, da Rede Record, para o “Programa do Ratinho”, do SBT, sempre teve seu nome atrelado a baixaria e também a apelação.
O apresentador passou por conturbadas fases ao longo da carreira, onde viu seu programa sambando nos horários da programação do SBT, onde já foi exibido às tardes, no começo da noite e contra novela das nove da Rede Globo, mas Ratinho soube mais do que ninguém, como reconstruir a sua imagem e dar a volta por cima.
Quando seu programa era constantemente alterado de horário, ou simplesmente quando seu patrão, Silvio Santos, decidia colocá-lo em “descanso”, nós, telespectadores, sentíamos falta de tê-lo como opção em nossos televisores. Dos jingles famosos como o “Os mano ‘pede’, as minas ‘dá’, depois vai no Ratinho pra fazer DNA”, passando pela famosa vinheta “Ratinho!”, que o público reconhece só de ouvir, o apresentador construiu sua própria marca, como muitos mitos da televisão como Silvio Santos, Chacrinha e Hebe Camargo, conseguiram fazer. Ratinho foi até injustiçado por muita gente da TV, pela falta de conhecimento e também, preconceito, em entender que o apresentador carregava consigo, os anseios da crença e da linguagem popular do país.
Em 2009, quando o programa retornou à grade de programação do SBT após um hiatus de três anos, já dava para se notar as reformulações da atração. Mais clean, Ratinho trouxe uma nova condução ao programa. Sem histórias bizarras, ou ‘microfonadas’ entre convidados no palco, a nova roupagem do programa veio com entrega de prêmios aos telespectadores e brincadeiras. Mais tarde, foi novamente promovido ao seu horário do inicio de seus trabalhos no SBT, às 21h00. Com o tempo, Ratinho aprendeu a dosar os conteúdos que são levados de segunda à sexta ao seu público, e mostrou que a fidelidade de quem o acompanha, pode calar aqueles que ditam a validade das coisas na televisão.
Já em 2015, o apresentador teve a grande prova do quanto o seu nome é maior do que qualquer comparação. Com a volta de Gugu, agora nas noites da Rede Record, a produção do programa teve que se movimentar e trouxe do México, Florinda Meza, a Dona Florinda do seriado “Chaves”, para combater a estreia daquele que um dia, foi considerado o príncipe da TV brasileira, Gugu, que veio munido com uma entrevista com Suzane Ritchtofen. O resultado foi esmagador: 17 contra 8 em favor do ex-funcionário do SBT. Mas uma semana depois, após a estreia de Gugu nas noites da concorrente, Ratinho voltou a vencer com vantagem a emissora do bispo.

Fator este, que recentemente se repetiu com a estreia do “Xuxa Meneghel”, também da Rede Record. O apresentador já sabia o que aconteceria, levando em consideração o prognóstico do “Programa do Gugu” vs. “Programa do Ratinho”. Dito e feito.
Após uma semana, Ratinho já deixava a “rainha” e sua emissora na terceira colocação novamente, quadro este que se repetiu sete vezes, num placar de 7×1 até o momento, favorável a Ratinho.
Com um programa que visa, sobretudo, brincar e nos divertir, mas acima de tudo, se divertir, o apresentador tem registrado inúmeras vezes, uma audiência em torno dos 8/9/10 pontos, números que, por exemplo, Xuxa só viu em sua estreia na nova emissora. O “Programa do Ratinho” se diferencia da concorrência, pela experiência que o apresentador acumula em sua carreira de comandar uma atração diária. Diferentemente do que aconteceu com Gugu, nas noites, Ratinho parece ter o entendimento necessário daquilo que o público deste horário quer ver. Ratinho se renovou com o tempo, e desconstruiu a figura do homem polêmico e que colocava no ar qualquer matéria por pontos de audiência. Ele, hoje, mais do que nunca, merece aplausos e créditos, por ter encontrado um público que se identifica com a sua figura, e o escolhe, como verdadeiramente, uma opção nas noites da TV aberta.
Deixo claro que Ratinho é um dos meus ídolos, e não é fácil escrever quando você gosta muito de alguém. Mas em 2015, ele brilhou mais do que nunca. E em meio a tanta falta de identificação e de novas idéias na TV, o apresentador mostrou que não é necessário ser príncipe ou rainha para brigar pela vice-liderança. Basta ser o Ratinho. Lição esta que o apresentador teve que aprender, e, que, hoje, ele é quem tem que ensinar aos seus concorrentes.
Nada como o tempo… Vida longa ao Rato.
Murilo Freire de Oliveira (Muquita)
Twitter: @Telespectador
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