Coluna: Tá no ar – A TV como o público a vê

Coluna: Tá no ar – A TV como o público a vê

COLUNA

Com sua segunda temporada recém estreada, o humorístico “Tá no ar: A TV na TV”, exibido as quintas-feiras pela Rede Globo, traz divertidas críticas a programação das emissoras brasileiras, parodia os formatos e brinca com os conteúdos e gêneros, contando na própria telinha, como de fato, o telespectador vê a televisão. Quase uma reprodução do que o público, sobretudo o das redes sociais, costuma pensar e reproduzir sobre os produtos televisivos. Literalmente “Tá no ar”, e com uma divertida meta-linguagem, vamos discutir sobre a atração que é a responsável por analisar o incrível e gigantesco mundo da TV.

Com o roteiro criado por Marcelo Adnet, Marcius Melhem e Mauricio Farias, o programa traz de volta às telas uma pegada dos clássicos “TV Pirata” e “Casseta e Planeta”, usando o humor para recontar histórias e encenar roteiros de conhecidos programas. Há ainda presente, a moderna e dinâmica linguagem do extinto “Comédia MTV”, quando temos encenação de situações vividas no cotidiano, satirizadas pelos atores, quando não também por próprios artistas da casa, fazendo com que em algumas ocasiões, a retratação de fatos ou formatos com boa dose de crítica, torna-se mais divertido que a própria piada em si.

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“Tá no Ar” acabou de estrear a sua Segunda Temporada na Globo.

Se nas telas de verdade o programa sofre grande concorrência do humor tradicional de “A Praça é Nossa” do SBT, nas redes sociais a atração é parada obrigatória, tornou-se fonte de inúmeros comentários e é quase uma máquina de gerar memes. A popularidade do texto e o sucesso das piadas, no Twitter, por exemplo, é fácil de explicar. Todo bom twitteiro se diverte ao postar imagens de prints feitos da televisão com uma pequena legenda engraçada, que costuma ser retwittada e compartilhada inúmeras vezes, algumas até viralizam. É exatamente isso que se propõem a atração, olhar como o espectador reproduziria alguma cena ou roteiro na internet e realizar na tela, o local responsável por gerar todas essas mensagens e situações. É como se o público tivesse a oportunidade de assistir no ar, as suas próprias idéias e concepções sobre o que está sendo parodiado, um formato perfeito para todo amante de televisão, principalmente hoje em dia, com perfis criados particularmente  para analisar e comentar os conteúdos apresentados na TV em tempo real.

O humorístico vai a fundo ao analisar o áudio-visual, e sobra até para os intervalos comerciais. Nesta nova temporada, já tivemos o comercial da marca “Cereal Killer”, o cereal dos serial-killers, em que o ator Bruno Gagliasso, interpretando o personagem Edu do seriado “Dupla Identidade”, aparece atirando em um tigre de uma famosa marca de Sucrilhos em referência ao cereal Kellogg’s. Quem nunca fez essa piada que atire a primeira pedra. A época da escravidão também foi lembrada com as incríveis promoções das lojas “Escravas Banhia”, uma sátira as propagandas da famosa loja, e a humorada crítica sobre a marca já existir desde muito tempo.

O fator que talvez proporcione o maior barato ao programa está na liberdade dada à produção e roteiristas. Seria no mínimo estranho a atração que recria e parodia a programação da televisão, não citar programas da maior rede de TV do país. Seria, pois fomos brindados com a ótima interpretação de Marcelo Adnet, como um personagem que tenta roubar o sinal de um canal para expor suas idéias contra a Globo e a partir disso, levantar uma série de reclamações e acusações a toda poderosa, inclusive acusá-la de manipulação. Vai dizer que você também nunca fez isso? Sobrou até para a novela “Malhação”, que ganhou uma versão intitulada “Malhação – Épocas” para retratar o cotidiano de jovens dos séculos antes de Cristo, em uma alusão ao grandioso tempo que a produção está no ar. Destacou-se também uma fictícia matéria jornalística sobre o “drama” de ex-BBBs que não sabem lidar com a perda da fama e vivem como zumbis nas ruas do Rio de Janeiro, uma espécie de “Cracolândia dos ex-famosos”.

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“Sorria, você está sendo manipulado!” Marcelo Adnet interpreta um personagem que faz críticas a própria TV Globo.

As piadas nem sempre são novas, pois como já falado em outros parágrafos, usa e abusa de frases e pensamentos eternizados pelos próprios telespectadores, mas que usadas na televisão, somados ao uso de opinião e criatividade advinda da internet, cria a expectativa de representação de pensamentos populares em um programa televisivo, proporcionando maior interatividade, que nos leva a uma maior aproximação do público e o aumento de seu consumo. O “Tá no Ar” ajuda a fantasiar a certeza da natureza dessas críticas e, por fim, acaba enfatizando o ditado que diz toda a pessoa ser crítico de TV.

Qual a sua opinião sobre o programa? O humor utilizado nele é o futuro da televisão ou o tradicional ainda funciona? Comente e continue essa análise!

Um muito obrigado ao “Bastidores da TV” e a você que prestigiou essa coluna. Até a próxima semana!

Dyego Terra

Siga no Twitter: @Dyoliver

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