Coluna: Uma nova crise no Jornalismo do SBT

Na época da criação do SBT em 1981, seu jornalismo nunca foi muito levado a sério, sempre com noticiários rápidos, noticias curtas e pouco aprofundadas. Enquanto isso Globo, Bandeirantes e Manchete já apresentavam telejornais consolidados sempre correndo atrás da noticia e tentando passar para os telespectadores a melhor informação.

Essa situação durou até o inicio da segunda metade do ano de 1988, quando Silvio Santos decide qualificar sua programação para conquistar credibilidade e consequentemente atrair bons anunciantes. Na ocasião, o SBT havia contratado Boris Casoy, então editor-chefe do jornal Folha de São Paulo, começando a montar uma central de jornalismo para dar um suporte ao “TJ Brasil” que revolucionou a televisão brasileira. Na época os objetivos foram alcançados, o SBT conquistou credibilidade do grande público com a implantação de um telejornal nos moldes americano, com a presença de um âncora, ainda inexistente na televisão brasileira, lhe possibilitando de realizar comentários sobre as noticias apresentadas.

Mas foi em 1991 que o jornalismo do SBT alcançou o ápice do sucesso com a estreia do “Aqui Agora – Um jornal vibrante, uma arma do povo, que mostra na TV a vida como ela é!”. O jornalístico explodiu em todo país com quadros de sucesso, grande coberturas e altos índices de audiência. O jornalístico se caracterizava pela informalidade e acabou lançando vários repórteres. Devido o grande sucesso chegou a ganhar outras edições durante o dia, o que acabou resultando no desgaste de sua formula. Totalmente descaracterizado chegou ao fim em 1997 , acabou retornando no ano de 2008, inclusive com Luiz Bacci entre os apresentadores, mas sem sucesso.
A primeira crise no jornalismo do SBT, aconteceu em julho de 1997 com a saída de Boris Casoy da emissora. Na época sem investimento nem privilégios, Casoy aceitou a proposta da Record e assume a bancada do “Jornal da Record”. Hermano Henning assume o TJ Brasil até o fim daquele ano onde se extinguiria o jornalismo na emissora de Silvio Santos.
De 1998 até 2005, o jornalismo do SBT se manteve vivo ligado a U.T.I com jornalísticos de pouco destaque e sua Central de Jornalismo ultrapassada e jogada as moscas. O que salvava o jornalismo do SBT em alguns estados eram suas afiliadas, os noticiários locais acabava se atrelando a marca da emissora de Silvio Santos colaborando para manter a chama viva do jornalismo acesa na Rede.
A Central de Jornalismo do SBT volta a ser vitalizada em 2005 com a inesperada contratação de Ana Paula Padrão. Sob a direção de Luiz Gonzaga Mineiro, o SBT Brasil é implantado e jornalísticos vão ganhando força. Mesmo com o jornalismo energizados os índices de audiência de seus jornalísticos não eram interessantes devido a falta de habito do publico em ver noticiários na emissora de Silvio Santos, o que causou em várias trocas de diretores de jornalismo e diversas mudanças de horário em seus telejornais. Por incrível que pareça mesmo com pouco prestigio do grande público uma nova extinção do setor não existiu devido o forte retorno financeiro agregado.

O jornalismo do SBT teve o seu melhor ano dos últimos tempos em 2014 com índices ascendentes e grandes investimentos. No ano passado tivemos a Copa do Mundo da Fifa sediada no Brasil e uma Eleição presidencial bastante concorrida. A emissora de Silvio Santos não fez feio e realizou uma ótima cobertura surpreendendo o telespectador não acostumando em ver caprichos em seus noticiários além de ganhar a atenção de mais telespectadores. Mérito de toda equipe dirigida por Marcelo Parada. Para se ter uma ideia, o SBT Brasil, principal telejornal da casa, estava marcando entre 8 e 9 pontos, índices muito bons para o horário. Outro programa que esquentou o jornalismo do SBT foi o “Noticias da Manhã”, com a apresentação de Cesar Filho, a atração alcançava sempre a liderança entre 06h e 07h da manhã, além de incomodar os concorrentes nas duas horas seguintes. O projeto original seria transformar o programa de telejornal em revista eletrônica aos poucos, porém infelizmente não deu tempo da ideia se concretizar.

Graças ao sucesso de Cesar Filho nas manhã do SBT, a concorrência se armou contra a emissora de Silvio Santos. O SBT não soube se comportar com as artilharia das rivais e ficou totalmente sem rumo. A Record logo resolve tirar Cesar Filho do SBT e a Globo cancela a versão diária do “Globo Rural” e estreia um novo telejornal, o “H1”. Começava ali o novo martírio do jornalismo do SBT.
Apesar de muitas especulações, o SBT escala Neila Medeiros para o comando do “Noticias da Manhã”, porém a produção do jornalístico era fraca, com muitas matérias requentadas e reprisadas varias vezes durante a edição, pra piorar Neila, ao contrario de Cesar, era fraca no improviso sendo atropelada diversas vezes por Patrícia Rocha e Bruno Vicari que também faziam participações no telejornal. Com a volta de Luiz Bacci para a Record e assumindo o inicio das manhã na emissora, sacramentou o fim do “Noticias da Manhã”, resultando em mais uma crise no jornalismo do SBT.

Pra quem viu o fantástico crescimento do jornalismo do SBT em 2014, esperava uma continuação desse cenário em 2015, já que foi tão suado colocar o setor nos trilhos na Anhanguera nos últimos tempos. Infelizmente o SBT entregou os pontos e tirou seu time de campo, todo o horário matinal de jornalismo foi limado da programação, sendo substituído por desenhos animados em duas sessões.
A postura do SBT em retirar todos os jornais da manhã foi justificada como uma atitude estratégica, pelo fato das demais emissoras apostam em jornalismo no mesmo horário. Porém um telejornal diferenciado dos demais seria bem vindo ou manter pelo menos uma hora de noticiário na programação matinal. Isso é importante para manter o público acostumando em assistir jornalismo na emissora. Coincidência ou não os índices do SBT Brasil já começaram a cair, marcando ultimamente entre 6 e 7 pontos.

Em outubro de 2013, quando o SBT exibia o “SBT Noticias” a emissora destinava quase oito horas de sua programação diária para o jornalismo, contando as reprises na madrugada. Atualmente apenas três horas e meia de notícias nas 24 horas de programação, com apenas dois telejornais inéditos de 45 minutos cada. O primeiro telejornal do dia é as 19:45 e o outro apenas na madrugada, isso na televisão do dia de hoje isso é inadmissível. Vale lembrar que em muitos estados os jornalísticos locais começam antes devido o espaço que a Rede disponibiliza para suas afiliadas, porém a importância da cabeça de Rede é fundamental. Exibir notícias rápidas durante os intervalos não vai alterar muito a situação.
Eu particularmente gosto muito do jornalismo do SBT e eles já provaram em várias oportunidades que são capazes de produzirem bons conteúdos, possuem ótimos âncoras e repórteres competentes. Torço muito pela revitalização do jornalismo matinal e sem reprises, por favor!
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