Coluna: Preta, Preta, Pretinha!
O casamento nababesco de Preta Gil com o personal trainer Rodrigo Godoy foi o assunto da mídia na semana passada. Destaque igual ao enlace da filha de Gilberto Gil só o terremoto do Nepal e olhe lá. Foi uma cerimônia em alto estilo, com gastos estimados em R$ 2 milhões, champanhe e convidados famosos. Mas Preta só arcou com 20% dos gastos, pois no mundinho das subcelebridades tudo é feito na base do troca-troca. Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, boa parte dos fornecedores não cobrou pelos serviços e as bebidas foram compradas com descontos generosos.
Na verdade, Preta Gil pode ter saído no lucro. Além de manter-se em evidência na mídia – o que não pode fazer à custa de sua obra -, ela ganhou 20 mil euros dos convidados, uma viagem a Dubai – onde o casal passará a lula de mel –, passagens de primeira classe e até uma viagem de balão.
O certo é que Preta soube tirar proveito do momento, a ponto de idealizar um reality show para registrar o dia a dia dos preparativos de seu casamento “baaaafo”, como ela mesma se referia ao mega-casório. Os vídeos eram meticulosos, detalhados, com um quê de dramalhão mexicano, mas ainda assim capaz de chamar a atenção de um público ávido por fofocas. Para turbinar ainda mais o evento, os colunistas de TV e afins se dividiram entre a defesa de Preta (“deixa a menina sambar em paz”) e as críticas à ostentação, especialmente porque a festa foi realizada no período de crise econômica, pelo menos na visão da mídia.
Minha questão, no entanto, é outra. Até hoje eu não entendi qual o verdadeiro talento de Preta Gil. Ela é cantora? Atriz? Apresentadora? Jurada? Papagaio de pirata? Juro que não sei. Sei apenas que é filha de Gil, que, diga-se, parece avesso aos ímpetos pavanescos da filha.
A festa, portanto, serviu para turbinar não uma carreira artística, mas uma personagem midiática difusa, cujo principal mérito é estar sempre em cena. O fato é que Pretinha sempre fez de tudo para aparecer e seu casamento espetaculoso, evidentemente, fez parte desse processo de prevenção à OSTRACISMOFOBIA, síndrome temida por dez em cada dez subcelebridades.
As críticas, porém, nem sempre foram justas. Relacionar o casamento com a atual tensão política e econômica do País, tratando o caso como Baile da Ilha Fiscal, não consolida um argumento forte contra Preta. O que uma coisa tem a ver com a outra? Criticar Preta por ter exposto seu casamento de uma forma estelar é uma coisa; ligar o caso à esfera política é outra completamente diferente, que beira a ignorância.
Tratou-se de um acontecimento íntimo. Pessoas, sejam elas mortais, imortais, celebridades ou subcelebridades, têm todo o direito de fazer o que bem entenderem com seus próprios casamentos, ou melhor, com suas próprias vidas. Basta que se siga o rastro do dinheiro.
Preta talvez tenha exagerado na superexposição de seu casamento, que em tese deveria ser estritamente pessoal, mas fazer disso um fato político, aplicando inclusive juízo de valor é uma besteira sem tamanho. A alegria do momento, que não é do jornalista, está em viver o que povoa o inconsciente coletivo: Celebrar o amor (que seja eterno enquanto dure!).
Política, democracia e fomento à melhoria de vida da população mais pobre, se fazem a partir de cada cidadão. Criticar famosos apenas por fazerem casamentos espetaculares é um absurdo impressionante. É o subsolo do fundo do poço da vergonha alheia. Um absurdo maior do que os vídeos postados por Pretinha. Que o casal seja feliz para sempre ou até o próximo evento.
Até semana que vem!
