Partido se inspira em tentativa de Silvio Santos em ser presidente em 1989 para registrar candidato potencialmente inelegível na campanha deste ano

No dia em que o mundo parou devido a queda do Muro de Berlim, os brasileiros pouco deram importância ao fato. Todos estavam focados no julgamento do TSE que decidiria por unanimidade, às vésperas das eleições de 1989, se o apresentador e empresário Silvio Santos, hoje com 87 anos, seria ou não candidato à presidência da República. Em segundo nas pesquisas, colocado como presidenciável faltando poucos dias para o pleito e tendo a tarefa de concorrer pelo PMB, mesmo seu nome não aparecendo na cédula de votação, Silvio tinha grande popularidade e estava prestes a decidir no segundo turno, as eleições com Fernando Collor. Devido o número de convenções do partido terem sido inferiores ao exigido pela lei eleitoral, a candidatura de Silvio foi impugnada, para felicidade de Collor, Lula e Brizola, candidatos ao mesmo cargo.

De 1989 até hoje, as leis mudaram e quando presidente, Lula sancionou a “Lei da Ficha Limpa”, que teoricamente impede condenados em segunda instância a concorrer a um cargo eletivo por oito anos. Mesmo assim, o PT, defendendo que Lula está preso em Curitiba injustamente, após condenação no caso do “Triplex do Guarujá” e com remotas chances de ter a candidatura do ex-presidente considerada elegível, homologou nesta quarta-feira (15), o nome de Lula como candidato à presidência. O fato lembra, resguardadas suas proporções, uma vez que Silvio Santos não estava preso em sua tentativa de se eleger presidente, o fato de um candidato nessas eleições correr o eminente risco de concorrer as eleições, mesmo não tendo seu nome inserido nas urnas. A intenção do partido é que o ex-prefeito de São Paulo seja efetivado candidato, caso o TSE impugne a candidatura de Lula. Até uma decisão final da justiça, o partido quer tentar colocar Haddad nos debates e sabatinas na TV, já que atualmente ele está registrado como vice de Lula. O ex-presidente também deve aparecer no horário eleitoral.
Em 1989, mesmo não tendo muito tempo para fazer campanha e não constando nas células de votação, Silvio que nas urnas seria “Corrêa”, quase se tornou presidente. 29 anos depois, a intenção do PT se assemelha: transferir os votos de Lula para Haddad. Os dois casos possuem enredos diferenciados, outrora, se assemelham pelo inusitado.
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