Silvio Santos deve passar comando e SBT necessita urgente reinventar seu jornalismo

Apesar das ‘brincadeiras’, com tom de ironia, no último “Troféu Imprensa”, quando Silvio Santos disse que jornalista em sua emissora não foi contratado para opinar e sim para ler o teleprompter, nem tudo no SBT, necessitaria partir da mente do Patrão. O departamento de jornalismo, já teve oportunidade de sair do estado latente, mas se acomodou com o básico “arroz e feijão”. Falta ousadia para inovar, se reinventar e buscar melhores resultados, mas sair da Inércia, não parece ser prioridade na TV que construiu sua história, justamente por sua ousadia. Sem investimentos e com falta de vontade, o setor carece urgentemente ser provocado. Já pensar que o mesmo SBT lançou, anos atrás, o estilo “Aqui Agora” e o inovador “TJ Brasil”.

Hoje, todos os jornais são padronizados, com o mesmo cenário, pacote gráfico, temperatura e um relógio analógico. Mesmo que exibidos em horários distintos, o telespectador chega a pensar que está sempre assistindo o mesmo programa. A medida adotada recentemente pelo “Padrão Silvio Santos de Jornalismo”, o mesmo que não quer jornalista opinando sobre política, mas que apoia abertamente a polêmica “Reforma da Previdência”, cansa os olhos do público. Sem identidade, os jornais perderam suas características. Quem sabe, nem Silvio lembre que resolveu padronizar tudo. Ninguém no SBT, nem suas herdeiras, ousa questionar ou ir contra suas vontades.
Uma emissora do porte do SBT, chega a se curvar até para a novata RedeTV. O canal de Silvio Santos ampliou o espaço para noticiários, hoje ocupando boa parte da grade, mas não investiu em qualidade. Muitas reportagens ainda são exibidas inúmeras vezes, nos três telejornais. Eventualmente utilizam link ao vivo do SBT Rio, pela manhã, mas esquecem das outras praças, por pura falta de planejamento. Nem o SBT Brasília entra em rede, ao vivo, no jornal que promete impactar nossos dias. Em SP, utilizam uma única equipe ao vivo nas madrugadas e outra no início das manhãs. Apresentador é obrigado a operar o “TP” com os pés. O mesmo repórter é o responsável para passar todo tipo de informação, desde um assunto comunitário, trânsito, previsão do tempo, até um simples acidente de moto explorado com exaustão, tudo para preencher espaço, devido a falta de empenho em buscar novas pautas.
Rachel Sheherazade contratada para ler teleprompter ou os princípios mudaram, desde 2011?
É o cúmulo da falta de estratégia, uma emissora não ter um helicóptero disponível, sempre que necessário. A falta de lógica é tão grande que até o apresentador Marcão chegou a chamar o helicóptero ao vivo, mas foi corrigido no ar, sendo informado que naquele dia não haveria helicóptero. O contrato com uma empresa terceirizada garante 37h mensais de vôo. Se considerarmos que somente o “Primeiro Impacto” tem este tempo mensal no ar, se o “cop” estivesse diariamente no programa, nenhum outro jornal, como o “SBT Brasil”, poderia fazer uso de imagens aéreas ao vivo. Na verdade, o problema nem é apenas econômico. Falta profissionalizar o jornalismo, dar uma sacudida na redação e promover um upgrade. Uma outra empresa chegou a enviar um orçamento para o SBT, oferecendo maior tempo de vôo, além do comandante da aeronave também participar da transmissão, como faz o comandante Hamilton (RecordTV). Mesmo sendo mais barato que o atual contrato e atender perfeitamente o jornalismo, dando maior agilidade e autonomia aos telejornais, acabaram desistindo, por puro comodismo. O piloto chegou a participar de um teste na emissora, sendo aprovado.

A qualquer momento, Silvio deve passar em definitivo o comando da emissora para suas filhas. Nos corredores do SBT, já é notável os sinais do seu afastamento. A campanha a favor da Previdência, não recebeu apenas seu aval. Foi decidido em família. Após promover algumas alterações na grade e algumas tentativas fracassadas, o apresentador deve se dedicar unicamente na apresentação de seus programas. Silvio não deve fazer novas mudanças na grade. Ele pretende deixar a direção criar novos projetos e as filhas Renata e Daniela, assumirem a liderança e a renovação do canal. Esta transição é lenta e o SBT não pode esperar mais. Basta de ficar “deitado eternamente em berço esplêndido”. Necessita urgentemente reinventar parte da sua grade e o seu jornalismo, começando a tratá-lo com seriedade, não como um “tapa-buraco”.
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