De Recife a Los Angeles: diretora brasileira transforma comerciais em narrativas de impacto
Natural do Recife e graduada em cinema pela Universidade Federal de Pernambuco, Geovana Pimentel trilhou um caminho que une o universo artístico dos filmes de ficção à precisão criativa da publicidade televisiva. Hoje, seus trabalhos já atingiram centenas de milhões de espectadores em todo o território norte-americano.
A trajetória da cineasta começou no Brasil, onde trabalhou em agências de marketing criando conteúdos para redes sociais e campanhas digitais. Foi nessa experiência que ela percebeu como a publicidade pode ir além do consumo imediato: “Mesmo em um anúncio curto, existe espaço para emocionar, provocar ou divertir. O comercial é um microfilme que precisa ser lembrado depois de passar na tela”, explica.
Essa filosofia a acompanhou quando se mudou para a Califórnia e passou a dirigir produções de grande alcance. Em 2025, dois comerciais para a marca de enxaguante bucal SmartMouth chamaram a atenção do setor: juntos, já somam mais de meio bilhão de impressões em TV nacional. O sucesso não se resume à escala, mas à capacidade de traduzir informações técnicas em imagens envolventes. “Eu gosto de pensar cada enquadramento como uma escolha narrativa. A estética só funciona quando serve ao propósito da marca”, afirma.
Versatilidade é talvez a maior característica da recifense. Em projetos recentes, Geovana trabalhou com empresas de segmentos distintos — de colchões e gastronomia doméstica a cosméticos e saúde — adaptando estilos visuais e linguagens para cada público. Se para um produto de beleza ela aposta em minimalismo e elegância, em uma campanha de lifestyle prefere cores vibrantes, ritmo ágil e humor. A busca é sempre pela autenticidade: nunca repetir fórmulas.
Paralelamente à publicidade, a diretora mantém uma carreira autoral no cinema. Seu curta-documentário My Mother Bought a Camera (2025) revisita gravações caseiras de sua infância em Recife, refletindo sobre identidade, memória e a forma como arquivos de vídeo moldam nossas lembranças. O filme já foi selecionado para festivais como o Midwest Slam Fest, o East Village New York Film Festival e o Short Film Observatory, que seleciona apenas um filme por país. A diretora representará o Brasil em 20 de setembro no festival canadense.
Entre sets de filmagem de comerciais e salas de exibição de festivais, Geovana se consolidou como uma diretora que transita entre universos sem perder a assinatura pessoal. “No fim, tudo é sobre contar histórias. Seja para vender um produto ou para compartilhar uma experiência íntima, minha preocupação é sempre criar algo que dialogue de verdade com quem está assistindo”, resume.
Do Recife às telas americanas, sua trajetória mostra que publicidade também pode ser arte. Um olhar brasileiro, quando levado para o mundo, encontra espaço para inovar e emocionar como nenhum outro.
