Morador foi morto por deixar instalar medidor de audiência, diz executivo do GfK

Morador foi morto por deixar instalar medidor de audiência, diz executivo do GfK
Ricardo Monteiro, executivo do GfK. Foto: Reprodução
Ricardo Monteiro, executivo do GfK. Foto: Reprodução

Ricardo Monteiro, ex-presidente da empresa alemã GfK no Brasil, revelou que um morador de uma favela, na zona oeste do Rio de Janeiro, foi assassinado no ano passado por ter deixado a empresa instalar um aparelho de medição de audiência (peoplemeter) em sua casa.

De acordo com informações do colunista Ricardo Feltrin, do UOL, Monteiro fez essa revelação em maio do ano passado, em um evento no hotel Jequitimar, no Guarujá, diante de uma atônita plateia formada por dezenas de expoentes do mercado publicitário nacional.

O executivo confirmou essa declaração em setembro a uma colunista de TV paulistana, que optou em não publicar a história. Segundo esta coluna apurou, a nova declaração, a uma jornalista, irritou ainda mais a direção do GfK. Essa pode ter sido uma das causas da demissão do executivo, anunciada quatro semanas depois. O GfK nega que isso tenha acontecido.

Segundo Monteiro, o assassinato ocorreu porque os criminosos controlavam a venda de TV pirata na favela, e por isso não admitiam a presença de aparelhos de medição, nem do Ibope e nem da GfK, em seu território. “Isso não vai nos parar, isso não vai impedir nosso trabalho”, disse o então presidente da GfK à plateia.

O assassino, segundo Monteiro, deu um tiro na cabeça do morador diante do técnico da empresa contratada pela GfK para fazer a instalação dos aparelhos de medição. O crime seria para “dar exemplo” a outros moradores: ninguém na favela deveria aceitar nenhum aparelho de medição de audiência. Estima-se que em algumas favelas do Rio 70% das TVs por assinaturas sejam piratas.

Ainda segundo o colunista, apesar de a empresa ter anunciado na ocasião de sua demissão que Monteiro continuaria prestando serviço ao GfK, como consultor, esta coluna apurou que ele foi desligado definitivamente da empresa.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o instituto alemão negou que qualquer incidente tenha acontecido. Leia a nota na íntegra:

“A segurança dos nossos colaboradores é de suma importância para a GfK, da mesma forma que acreditamos ser essencial para a representatividade de nosso painel a inclusão de moradores de áreas carentes na amostra.

Como nos demais países onde atua, a empresa tem considerado com muita atenção as questões de segurança envolvidas na implantação de seu moderno sistema de medição de audiência no Brasil.

Estamos cientes e lamentamos o fato de que algumas comunidades carentes sofrem com problemas relacionados à violência. Por isso, temos um protocolo de segurança que, entre outros pontos, inclui evitar áreas conhecidas por serem particularmente violentas. Embora tenhamos enfrentado algumas dificuldades para instalar nossos aparelhos de medição de audiência em algumas áreas, nossos colaboradores jamais testemunharam um assassinato”.

Um profissional ligado ao GfK, em anonimato, afirmou que o crime foi bastante comentado por vários dias na empresa, em março do ano passado. Segundo ele, o crime teria ocorrido numa favela da zona oeste, “possivelmente” Antares.




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