No “Ofício em Cena”, Marcius Melhem garante que cada piada é pensada e que “o nível de espontaneidade e improviso é quase zero”

No “Ofício em Cena”, Marcius Melhem garante que cada piada é pensada e que “o nível de espontaneidade e improviso é quase zero”
Foto: Globo/João Cotta
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“Esse é o grande perigo do ator ou do autor: fazer o trabalho virar emprego”. É com essa reflexão que Marcius Melhem explica porque deixou de fazer o sucesso “Nós na Fita” no teatro com Leandro Hassum, depois de sete anos em cartaz. Na época, além de viajar com a peça, Marcius fazia a redação final de dois programas simultaneamente na televisão, “Caras de Pau” e “SOS Emergência”. Estava cansado e não conseguia mais assistir a nada, além de escrever e atuar. Até que um estalo o fez perceber que estava fazendo o espetáculo mecanicamente. “Senti que estava cumprindo uma tabela e que talvez a obrigação ou o dinheiro estivessem tomando um lugar maior do que deveriam na minha vida. Saí do palco sério, tive uma crise de choro no camarim e disse que precisava parar porque a minha alma não estava mais lá”, explica.

 É por isso que se envolve tanto nos seus projetos. Autor de programas como “Zorra” e “Tá no Ar: A TV na TV”, Marcius é considerado um artista muito inquieto, que está sempre buscando inovações e novas linguagens para o humor na TV. Mas, apesar de o humor ser bastante vinculado a espontaneidade, Marcius prova, sendo bastante metódico, organizado e pragmático, que cada piada sua é muito estudada. “Para uma coisa ir ao ar, a gente trabalha muito para que ela vá o mais pronta possível. O nível de espontaneidade, improviso, é quase zero”. E complementa: “O improviso é a cereja do bolo. Mas fazer aquele bolo dá um trabalho danado! Aí você coloca um negocinho, enfeita com uma mágica que acontece na hora, mas o processo é muito rico, muito trabalhado e retrabalhado”, define. Ainda sobre improviso, fala sobre a bem-sucedida parceria com Leandro Hassum. “O Leandro Hassum é um absurdo, né? É uma máquina. Mas a gente chegava num nível de intimidade que eu já sabia que ele ia improvisar e já escrevia os improvisos dele (risos)! Mas, mesmo assim, ele ainda criava em cima!”.

Como ator, Marcius reforça que cada movimento seu em cena é bastante pensado. “Eu sou muito estudado e isso aqui é muito, muito técnico. Eu faço para as câmeras, de verdade. E sei exatamente para que câmera estou virado, para que câmera eu vou virar, qual o tom que eu devo falar, onde ela está me enquadrando… Mas, assim, técnico num nível de os diretores brigarem comigo! E se me pedem mais uma vez para repetir uma coisa que eu sei que já dei o meu melhor, erro de propósito (risos). Erro mesmo”, conta.

Marcius garante que acompanha todas as etapas do “Tá no Ar: a TV na TV”, programa de sucesso que já acumula três temporadas. “Tenho uma parceria com o Maurício Farias, diretor geral do programa, que permite que estejamos juntos em todas as etapas. Ele me dá essa liberdade até para participar da edição do programa, o que é uma maravilha porque permite que eu, como autor, faça uma outra redação final minutos antes dele ir ao ar”.

A entrevista de Marcius Melhem ao “Ofício em Cena” vai ao ar na próxima terça-feira, dia 10, às 23h30, na GloboNews.

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