Em entrevista exclusiva, Maurício Meirelles fala sobre a polêmica de Roraima, o desejo de trabalhar no cinema e o sucesso do “Facebullying”

Um dos principais nomes do humor nacional, o comediante Maurício Meirelles é aclamado por milhares de pessoas com o seu mais novo show “Não Leve a Sério“. Nos cinemas já chegou a participar do longa “Onde Está a Felicidade?”, na televisão, trabalhou como redator do “Legendários” e ficou conhecido ao se tornar repórter do CQC. Maurício ainda faz sucesso na internet com o seu canal onde ele faz o famoso “Facebullying” com anônimos e famosos.

Meirelles me recebeu na TV Bandeirantes em São Paulo nesta Segunda feira (24) para uma entrevista, onde falou um pouco sobre seu trabalho na TV e no teatro, a polêmica piada de Danilo Gentili sobre Roraima, a suposta rixa com “Felipe Neto” a “panela” que é o cinema nacional e muito mais, confira logo a baixo:
Bastidores – O teatro de alguma forma o ajudou a ser mais desinibido em frente as câmeras? Existe uma influência direta ou não?
Maurício – Existe Total! Eu acho que o teatro foi fundamental pra essa mudança minha, foi fundamental porque na TV comecei como redator do “Legendarios”, ajudei muito a escrever o “Vale a Pena ver Direito” que é um sucesso até hoje, o Mion e um gênio fazendo isso, um puta quadro legal e ele me deu uma chance no Legendários: “Você é desinibidão, um cara engraçado, faz um teste” (Marcos Mion). Fiz o teste nas câmeras e não ficou legal, e muito diferente você estar no palco ou falando com uma câmera, eu senti assim que eu precisava me abrir mais, fazer coisas diferentes e tal. São duas linguagens totalmente diferentes a câmera e o teatro. O teatro ele te ajuda muito a desinibir, mas são necessários vários testes de câmera ate você ter uma garantia, uma confiança que hoje tenho mais, aliás a cada ano eu tenho mais confiança que o ano anterior para fazer o que faço.
Bastidores – Falando sobre o “Legendários”, lá você ainda interpretou um personagem, o “Clóvis Clichê”, você sente saudades de interpreta-lo?
Maurício – Adoro o Clóvis! Foi o primeiro personagem que eu fiz, e eu não sou muito de fazer personagens, sou um cara muito mais de cara limpa e o Clóvis era um Amaury Júnior de pobre, ele era. Nós só íamos em balada merda entrevistar pessoas não conceituadas, diferente do CQC. Isso foi no comecinho de 2010… íamos em baladas Trash e entrevistávamos como se fosse o melhor evento do mundo, eu adoraria voltar a fazer o Clóvis clichê cara! Talvez eu volte a fazer na internet. O Mion me ajudou a montar o personagem, mas era uma ideia bem minha e do merenda (produtor do Legendários).

Bastidores – No CQC não haveria espaço para o Clóvis?
Maurício – O CQC é um programa menos popular, e o Legendários e mais popular, e cabia esse conceito de ir em uma festa bagaceira e fazer como se fosse a melhor festa do mundo. Acho que tem mais a cara do Pânico do que o CQC hoje em dia, se toparem fazer eu toparia, só não poderia usar meu terno (risos).
Bastidores – Você tem algum problema com o Felipe Neto? Ou é apenas zoação entre vocês?
Maurício – Nenhuma! muito pelo contrário, nos conhecemos pessoalmente em Cancún em uma viagem para entrevistar o Adam Sandler, e ele estava lá. Eu gostei muito dele, trocamos muitas ideias sobre negócios, um cara gente boa. Inventamos essa birra na internet pra se zoar mesmo um ao outro mesmo, ele ta escrevendo uma peça nova e ele mandou pra mim dar opinião, eu mandei a minha, um cara gente boa mesmo!
Bastidores – Quando se fala em Maurício Meirelles logo vem à cabeça o Facebullying. Como surgiu a ideia deste sucesso?
Maurício – Cara, veio do fracasso na verdade! Vou te falar porque, sou um cara do stand-up, sempre fiz stand-up a muito tempo, sou um dos caras que está há muito tempo fazendo, e quando cheguei ao CQC eu já estava bombando com o stand-up e agora que a TV está me dando essa oportunidade eu vou bombar mais e não bombei, porque foi na mesma época que estavam surgindo as polêmicas todas do stand -up, com o Danilo (Gentili) com o Rafinha, briga, confusão, racismo… e o stand-up não é isso! E se eu usa-se o nome “stand-up” as pessoas vão sempre achar que é a mesma coisa, então falei: “De alguma maneira preciso criar algo que seja meu, que as pessoas digam: “Não quero ver sempre a mesma coisa, não quero ir no show desse cara arriscar”. Eu queria que fosse sempre diferente, inovadora… então criei o “Facebullying”. Criei algumas possibilidades mas não deu certo. Fui a um show em campinas, abri a página de um cara e a ideia inicial era só mexer nas fotos. alguém mandou mensagem e nisso eu falei: “Puta cara, tá aqui, é isso.”Eu tentando me concentrar nas fotos, ai passei o trote nesse cara e todos riram. Então o que fiz foi só elevar a criatividade desse quadro e hoje em dia temos quase 70 no meu canal, e não é sempre a mesma coisa não só a brincadeira “sou gay”, “to namorado”, e sempre fica nisso… porque a primeira ideia que vem a cabeça é isso, e, cara eu to virando expert no assunto! Então agora estamos fazendo com famosos, já coloquei do Murilo couto e já esta bombando com poucas horas no ar, já ultrapassa as 100 mil visualizações e semana que vem é com o João Kleber, estou revelando pra vocês aqui em primeira mão.
Confira o Facebullying com a participação especial de Murilo Couto:
Bastidores – Você costuma pegar muitas conversas indiscretas quando vai gravar o Facebullying, por exemplo algum flagra? Existe uma situação marcante pra você?
Maurício – Sim! Logico! Como é uma coisa criada por mim não existem regras, quem faz as regras sou eu e conforme essas regras eu fui fazendo, eu fui criando minhas regras porque dava problema e se não tomar cuidado e não tiver bom senso. Já deu merda, por exemplo eu pegar traição, no comecinho mesmo, no histórico da conversa estava registrado lá. As vezes a namorada está lá no palco, então hoje tem um controle sobre aquilo que eu posso e não posso fazer. Geralmente quando eu chamo um convidado, eu pergunto o que pode e não pode, porque não precisa disso, existem mil recursos para fazer o Facebullying. Por exemplo o Danilo (Gentili) falou: “Não abre meu histórico de conversas”, e nem é questão de mulher, mas sim de ter uma conversa pessoal com um cara do SBT que não precisa ser mostrado.
Então já me pediram para não zoar religião, ou seja cada um tem uma politica, uma limitação e o respeito também. E Já deu merda com o exercito Brasileiro, uma vez brinquei com eles e passei do limite. Agora a merda com Roraima, eu fui ao programa dele e ele estava fazendo o Facebullying em mim e uma menina de Roraima me chamou pra fazer um show e ele se passando por mim falou de Roraima. A ideia e constringir a mim e não Roraima, quem não conhece o quadro não entendeu o contexto, essa foi a maior merda de repercussão nacional.
Bastidores – Falando em Danilo Gentili, você mantém contato com outros ex integrantes do CQC?
Maurício – Com todos! eu tenho muito contato com todos. Eu sou conhecido no mercado por me dar bem com todo mundo, de quem não gosto nem faço contato. Tem pessoas que não gosto na minha vida então nem faço contato, mas quem gosto mesmo fico “brother”, tenho contato… obviamente a agenda está complicada pra muita gente. Ontem foi aniversario do Oscar(Filho). Eu liguei pra ele, a gente conversou, e se tem uma pessoa que sinto muita falta e do Oscar. Nós já viajamos juntos… lembro que teve a lua de mel dele e nós fizemos algo juntos, cada um com seu casal.
A pessoa que eu tenho menos contato é o (Marcelo)Tas, mas não por uma questão de afinidade, e uma coisa assim… acho que é a vida dele, ele está mais ocupado, o Tas não e um cara da minha galera, da minha geração, ele não e um cara do stand-up, é um cara mais líder… um cara que encontrei no Risadaria e nos abraçamos, gosto muito dele.
O Rafinha(Bastos) eu falo quase todo dia, a gente tem um chat, aliás o melhor chat do Brasil! Com vários comediantes, tá o Rafinha, tá o Adnet, o Vesgo.. é bizarro cara.
Bastidores – O CQC está no ar desde 2008, e foi um dos programas mais inovadores da TV brasileira desta nova geração, conseguiu unir humor com jornalismo de uma forma jamais vista. Foi uma conquista pra você em 2011 entrar para o elenco? Qual o segredo do sucesso do programa?
Maurício – Legal sua pergunta cara, eu sou um cara que sou muito preocupado com o meu conteúdo, as pessoas conhecem o meu trabalho pessoal, eu não sou mais o cara do CQC. Graças a deus eu consegui! Óbvio pra muita gente ainda sou, mas mesmo assim me conhecem pelo meu show, pelo Facebullying, o cara do CQC, o cara do várias coisas… sempre prezei por isso.
Sempre que eu tive uma possibilidade de entrar na TV eu sempre ficava com medo que eu pudesse entrar de uma forma que sei la, não fosse um trabalho que eu acreditasse, um trabalho que eu não gostava. E o CQC sempre esteve no meu TOP 3 de programas que eu adoraria trabalhar muito. Na verdade foi quando estreou, eu queria muito trabalhar no CQC, porque é um programa jovem, diferente, dinâmico, vanguardista, com perguntas ácidas, irônico, um formato gringo… eu disse cara: “Meu sonho trabalhar nesse lugar”. E quando surgiu a possibilidade de trabalhar nisso foi uma das maiores emoções da minha vida e não tem haver com dinheiro não, tem haver com fama, tem a ver simplesmente com o lugar que eu admiro me chamando pra fazer parte! Muito foda!
Sobre o sucesso do programa, acho que por ser um programa criativo gerou muito sucesso. Por mais hoje que nós estamos passando por um problema de audiência, mas um problema porque a TV está passando por problema de audiência. Hoje a TV, aliás esta brigando com a internet, com o Netflix com o celular… então estamos vivendo uma nova era e é muito legal fazer parte da equipe do CQC, em que a gente vai em uma reunião, fala: “Como que a gente pode se reinventar de novo? como a gente pode ser criativo de novo?” Onde a gente criou o CQC 3.0, programa que eu faço parte, que eu apresento e que deu uma aumentada na audiência. A gente vai indo atrás, pra um cara que é criativo como eu, um cara que gosta de humor, de novidades e estar nesse projeto é incrível! A a gente está sempre pensando em mudar, não ficou bom tenta, estão reclamando, mas o povo está gostando. A gente vê que a gente vai jogando em todas posições, eu ainda estou muito feliz fazendo o CQC.

Bastidores – Falando sobre o TOP 3 programas que você gostaria de participar, pode revelar quais são os outros 2 deste TOP?
Maurício – Eu na época sempre quis trabalhar no Pânico. Sempre fui fã do Pânico, sempre independente de eles irem pra um lado que eu não gosto ou gostar. Eu acho que o conceito do Pânico lá no início foi muito forte cara, muito anárquico, um programa que virava notícia em tudo que eles faziam, trollar o Brasil, eu achava Foda! E eu sou fã de um cara que o Emílio(Surita) é muito fã, o Andy Kaufman. E eu vejo que o Emílio, ele bebe muito da raiz desse cara, por isso sou muito fã do Pânico, e hoje em dia eu colocaria o Tá no ar da Globo. Um programa jovem que quebrou os padrões da Globo e veio revolucionar o humor coxinha da TV sabe? Então tudo que vai contra a cultura e saí da caixa eu fico muito entusiasmado e trabalharia.
Maurício – Bizarro! Porque eu nunca imaginei. Quando eu entrei no CQC meu inglês era muito ruim, e não que hoje seja bom (risos), mas eu fui sozinho aprender o inglês eu fui atrás de tutorial no Youtube, eu estava meio sem grana na época, chamei amigo meu pra me dar aula e eu me emergi durante um ano pra fazer o inglês e hoje eu sou assim o único cara do CQC que fala inglês em viagem, e é uma puta conquista pra mim. Por mais que as pessoas me sacaneiem, eu acho engraçado e também sacaneio tipo: “Ah seu inglês e uma merda”, é uma merda mas ta indo “véi”, tô tirando aqui, aprendendo cada vez mais e o mais legal do que isso são as experiências que eu tô vivendo, todo mês praticamente eu to fazendo uma grande viajem internacional e nessa viagem internacional eu conheço sempre pessoas com uma nova cabeça, aprendendo um novo conceito, aprendendo novas ideias e todas entrevistas que fiz assim, eu diria que poucas não foram muito boas. Então eu virei o cara das entrevistas internacionais, eu tive esse ano com o Adan Sandler, o Will Smith e eu sou conhecido mundialmente. Um dia eu tava andando na Argentina em Buenos aires e veio uma menininha, eu tava normal sem os trajes do CQC e uma menina de 13 anos veio tirar uma foto, e eu não entendi porque, achei que era por causa da Colgate que eu faço propaganda. E foi porque eu entrevistei o One Direction, essa entrevista correu o mundo e por causa disso cara, eu to indo agora pra Veneza fazer o festival de Veneza. E eu agradeço demais tudo isso, os melhores momentos da minha vida, vida mesmo! Não digo só carreira, fui descobrindo coisas, conhecendo pessoas.
Maurício – Não é nem um nem outro, eu tenho dois longas escritos e acho que infelizmente vai dar polêmica o que eu vou falar, mas acho que a gente vive numa puta panela cara, uma panela carioca bizarra, são pessoas muito boas que trabalham no Rio de Janeiro mas acaba virando, vira meio que um esquema de panela, eu não vejo aqui em são paulo pessoas correndo atrás de produtoras, comediantes daqui acabam sempre sendo chamados pela galera do Rio.
Eu queria criar um mercado aqui, queria criar até um mercado cooperativo com o Rio, tem muita gente fazendo muita coisa boa em São paulo e fora do Rio de janeiro… Curitiba, tocantins, nordeste… no Brasil todo. Muita gente boa mesmo e eu sinto que o cinema ainda e um monopólio carioca, então eu adoraria que um produtor pudesse analisar, ver se vale a pena fazer um filme aqui.
Maurício – O “Perdendo Amigos” e o meu novo espetáculo, eu tinha o “Não leve a sério” e foi um puta sucesso, foi o show que me projetou, quem quiser ver está no Netflix na íntegra, de graça pra quem quiser ver, aliás pra quem paga a assinatura lá. E eu resolvi escrever ele por que, a cada um ano e meio eu preciso escrever uma peça nova se não eu fico sei la angustiado. Eu preciso falar coisas novas e do “Não leve a sério” pra esse mudou muita coisa na minha vida, minha cabeça está mais madura, estou casado, outra cabeça. Então fiz o show “Perdendo amigos”, e porque perdendo amigos? porque hoje em dia quando você dá sua opinião, você perde amigos. É tudo a ver com o mundo de hoje, se você fala sobre política tem pessoas que são contra você e vão embora do seu Facebook, você fala sobre homofobia? As pessoas que não concordam vão embora, então como falo muitas opiniões nesse show “Perdendo amigos” era o melhor nome até por que tem o Facebullying, que é um lugar que mais se perdem amigos ali. E foi de tudo que partiu a ideia, e é aquilo: “Você perde o amigo, mas não perde a piada”, e eu acho que é um puta nome, e é tão difícil encontrar um bom nome, e esse nome ficou. Eu pretendo ficar quem sabe mais um ano em cartaz.
