Regina Casé fala pela primeira vez sobre “odiar pobres”

Há anos, rumores de que Regina Casé odeia pobres circulam na internet, desde a época em que ela apresentava o “Esquenta!“.
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No entanto, a atriz e apresentadora nunca havia se pronunciado a respeito desses boatos, mas decidiu tocar no assunto pela primeira vez.
“As pessoas falam: ‘A Regina não gosta de pobre não, não gosta de preto. Ela mora na Zona Sul. O estigma do programa era: ‘Regina só anda com bandido'”, iniciou, durante conversa do podcast “Mano a Mano“, do rapper Mano Brown.
Além disso ela afirmou que sofria muito preconceito por dar oportunidades e visibilidade a pessoas da periferia e de minorias.
“Diziam: ‘O Esquenta! é um programa de maconheiro, macumbeiro, viado e bandido’, porque funkeiro e bandido são sinônimos. Só que o cara que aparecia lá, ninguém sabia o nome. Eles sabem o meu. Então todo o preconceito contra cada uma dessas pessoas fazia um funil, um ralo, e vinha pra mim. A vida da gente era ruim pra caramba. De embate na rua”, completou.
Por ter raízes nordestinas, Regina contou que enfrentou dificuldades para conseguir papéis na TV.
“Por que Chico Anysio, Renato Aragão e Tom Cavalcante não viraram atores dramáticos? Por que eles vão para o humor? Porque só de ele ter aquele sotaque e aquela cara ele é considerado um palhaço. É caricato. O preconceito é tão forte e tão completamente naturalizado que não adianta, ninguém conseguiria vê-los num papel sério ou dramático.”, pontuou.
“Qualquer nordestino era fadado a ficar no humor. Eu descobri isso logo. Porque eu tenho esta cabeça de Ademar, queixo de Adevictor e orelha de Adejar. São os três irmãos do meu avô. Com esta cara, eu logo vi que não seria a mocinha da novela.”, afirmou.
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Casé então ressaltou que teve que criar seu próprio lugar na telinha.
“Aí eu falei: ‘Não, eu vou inventar o meu lugar. Porque nesse lugar eu não vou encaixar’. Aí na televisão eu comecei a inventar os meus próprios programas, porque eu não encaixava em nenhum outro programa”, relembrou.
“O meu lugar de fala é difícil pra caramba. Eu sou mãe de preto, convivo com um monte de preto no meu dia a dia e me dilacero com cada injustiça e desigualdade a cada dia. E vendo coisas que uma branca não conseguiria ver nem que ela lesse todos os livros, porque você conviver todo dia muda muito”, refletiu.
“É claro que eu não estou sentindo na minha pele, porque no Brasil eu sou branca. Ainda mais quando você tem grana e é famosa. Eu sou quase loira”, observou.
O “Mano a Mano” com a entrevista completa vai ao ar nesta quinta-feira (04/05/2023).