Após estreia na Globo, Reinaldo Júnior atua em longa “O Faixa Preta”

Potência. Essa é a palavra que define o ator Reinaldo Júnior, de 29 anos, nascido na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, e que estreou recentemente na televisão, depois de anos de uma carreira consolidada no teatro. Sagrando-se vencedor do Prêmio Ubuntu de Melhor Ator pela peça “Oboró: Masculinidades negras”, e se tornando uma referência para os jovens negros de periferia que têm o sangue artístico correndo nas veias, Reinaldo será visto, em breve, em novas produções na TV e no cinema, como o longa “O Faixa-Preta: A verdadeira história de Fernando Tererê”, que narra a trajetória de um dos maiores nomes brasileiros do jiu-jítsu mundial, de Rangel Neto, que está em fase de gravações, ainda sem data para lançamento.
Reinaldo atua no filme com o personagem Humberto, com o apelido de Rei, uma similaridade entre o ator e o personagem, que na trama é tido como o rei da rua, e é o responsável por levar Fernando Tererê para treinar jiu jitsu pela primeira vez. Pai de Família, faixa Preta de Jiu-jitsu, trabalhador simples, que mesmo não se tornando um lutador profissional sempre, foi um amante e um apaixonado pela luta e chegou a ganhar competições.
Dos palcos da vida à Rede Globo, interpretando ‘Baquaqua’ no fim do ano passado, em “Falas Negras”, série dirigida por Lázaro Ramos, em celebração ao ‘Dia da Consciência Negra’, Reinaldo vai protagonizar o filme “Proteção”; de Alberto Sena, além das séries de TV “Fim de Comédia”; do canal fechado ‘CineBrasil TV’ e, “Cinema de Enredo”; para o também canal fechado ‘Prime Box Brazil’.
Entendendo as demandas da comunidade, enxergando a invisibilidade da população negra e conhecendo o poder de transformação por meio da arte, Reinaldo também atua em trabalhos voluntários na periferia e ressalta a importância dos projetos que fundou e atua voltados para a Baixada. “Entre os meses de fevereiro e março existem dois projetos para Mesquita. O primeiro, é a ação ‘Ubuntu’, uma iniciativa de emancipação cultural de protagonismo preto, realizado pelo Coletivo ‘Nós por nós – Chatuba’, que acelera o processo de informação, empoderamento, formação cultural e emancipação de raça, através do engajamento político, capital cultural e social de artistas locais que buscaram formações externas e almejam compartilhar suas habilidades com a comunidade”, contou.
Frente ao novo cenário que vem reconfigurando a sociedade em função do combate à disseminação do vírus, desde meados de março, do ano passado, esse primeiro projeto já contemplou muitas pessoas afetadas pela crise econômica causada pela pandemia do coronavírus. Segundo Reinaldo, o ‘Nós por nós- Chatuba’ foi imprescindível em 2020. “Conseguimos fortalecer a comunidade com qualificação, oficinas de teatro, empoderamento preto e artes marciais, além das doações de cestas básicas, máscaras e álcool em gel, para mais de 250 pessoas”, explica.
Já o segundo projeto de economia criativa e entretenimento, o ‘Quintal do Rei’, iniciado em 20 de novembro do ano passado, em virtude do Dia da Consciência Negra, traz uma proposta de fomento do empoderamento coletivo e da ancestralidade, a começar pelo quintal de casa, envolvendo várias vertentes culturais, como rodas de samba, capoeira, danças, entre outros. “Através da exibição da série global ‘Falas Negras’, a qual participei, esse evento foi o único em Mesquita que celebrou essa data tão importante”, pontuou.
De acordo com Reinaldo Júnior, arte significa experienciar o mundo cruel e duro com lentes mais lúdicas para a projeção de um futuro e mundo melhores. “Para mim, a arte foi uma válvula de escape de emancipação cultural e de conhecimento ancestral, me proporcionando atravessar os corações das pessoas e ajudá-las a mudar suas perspectivas, sob novos olhares”, frisa.
Com 15 anos de trajetória, o ator ainda comemora seu primeiro personagem na TV, o africano sequestrado e escravizado ‘Mahommah Gardo Baquaqua’, em ‘Falas Negras’, série que ainda repercute por conta das atuações de todo o elenco. “Esse projeto foi fundamental na ampliação do meu trabalho que vem sendo feito ao longo dos anos entre o teatro e o cinema. Por ser um produto popular em rede nacional, foi muito importante para que a minha imagem chegasse em lugares em que não conseguia por meio dos palcos. Foi importante também para o atravessamento de fronteiras e geografias dentro da nossa própria cidade e, dentro da minha bolha, que é fazer minha arte chegar no lugar de onde venho, que é a Baixada Fluminense, no coração de pessoas que normalmente não tem condições de ir ao teatro”, disse.
E completou: “Fazer o ‘Baquaqua’ me traz uma experiência artística um pouco diferente, porque é trazer um olhar de um personagem escravizado beninense a partir da primeira pessoa. Geralmente, fazemos esses papéis em terceira pessoa, e as direções desses trabalhos nos aconselham atuações mais distantes da realidade. Então, interpretá-lo a partir de um figurino, cenário e de uma direção preta – que foi a do Lázaro Ramos – fez toda diferença nessa experiência artística, cultural e política”, conclui.
Instagram: https://www.instagram.com/reiblack/