Após 19 meses, Matheus Ribeiro anuncia saída da Record TV Brasília

Contratado da Record TV Brasília desde abril de 2020, quando deixou a TV Anhanguera (afiliada da Globo em Goiânia), Matheus Ribeiro acaba de anunciar que está de saída da emissora do Bispo Edir Macedo.
O apresentador do telejornal “DF Record” usou as redes sociais nesta quinta-feira (25/11/2021) para informar o público sobre o desligamento da emissora:
“Queridos amigos,
Gostaria de compartilhar com vocês que estou de saída da RecordTV. Nesse um ano e meio de casa, tive experiências que me enriqueceram muito profissional e pessoalmente.
Como tudo na vida, ciclos se renovam, novos projetos surgem e mudanças são necessárias.
Deixo meu abraço carinhoso a toda galera competente que me ajudou a fazer o DF Record e ao público do quadradinho! Vocês são incríveis!
Em breve trago novidades!
A Record TV Brasília definiu o nome de Guilherme Portanova para assumir na próxima segunda-feira (29/11), o comando do DF Record, substituindo Matheus Ribeiro.
De acordo com o colunista Erlan Bastos, do portal “Em Off”, Matheus Ribeiro está deixando a TV para se dedicar à política. O comunicador, atualmente filiado ao PSB (Partido Socialista Brasileiro), vai concorrer a um cargo público em 2022.
Segundo fontes próximas ao jornalista, ele tentará uma vaga na Câmara dos Deputados e concorrerá ao cargo de Deputado Federal por Goiás. Apesar de atualmente estar filiado ao PSB, as negociações com o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) já se encontram avançadas.
Além da profissão de apresentador, Matheus Ribeiro também é empresário, dono da agência MRibeiro Comunicação e da produtora Zoombe Filmes, com sede em Goiânia/Goiás.
DEMISSÃO DA TV ANHANGUERA
Matheus Ribeiro, âncora do “Jornal Anhanguera – 2ª Edição”, pediu demissão da TV Anhanguera no dia 8 de abril.
O jornalista, que ocupava o lugar de âncora do telejornal há quatro anos, pediu demissão em uma troca de emails com a chefia, na qual declarou não concordar com certas condutas da empresa nem com a redução de seu salário. O site Bastidores da TV apurou que o salário do jornalista foi reduzido de R$ 7.000,00 para R$ 3.900,00.
Matheus enviou uma carta para a diretora Brenda Freitas, explicando os motivos de sua saída. O conteúdo foi divulgado pelo colunista Leo Dias, do portal “UOL”. Procurada, a Rede Globo não se manifestou sobre o assunto.
Uma das divergências do jornalista era relacionada à forma que ele interagia nas redes sociais. No Instagram, Matheus é seguido por quase 450 mil pessoas.
“Tenho o maior número de seguidores entre os nossos colegas, minhas redes superam as da própria emissora, tenho uma relação legal com o meu público, converto isso em resultados para o jornal… Me proibir de fazer uma live para conversar com meus amigos e bater papo com os seguidores beira a censura desmotivada, pelo simples prazer de exercer o poder”, escreveu.
Matheus também apontou sua infelicidade com o ambiente de trabalho proporcionado pela empresa. “Me sinto desrespeitado, menosprezado e subutilizado”, reiterou.
LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA:
“Brenda,
Diante de todos os fatos das últimas semanas, irei solicitar a rescisão indireta do meu contrato de trabalho com a emissora.
A forma como venho sendo tratado aqui, as restrições que vêm sendo impostas, as ilegalidades que foram cometidas e o tratamento incompatível à minha entrega como âncora do principal jornal da casa me obrigam a tomar essa decisão.
Você sabe, mas não custa lembrar:
1) Há um mês, você mandou o chefe de redação aplicar uma advertência a mim por causa de uma foto com a moça com quem faço massagem, com o argumento de que isso seria “publicidade”. Além da estultice na interpretação (já que tenho dezenas de fotos com a dona Elna, nossa maquiadora, e isso nunca foi visto como divulgação alguma), a emissora parece não saber o valor de seu profissional. Eu não faria publicidade por uma massagem que custa 100 reais. Postei a foto porque é alguém que eu gosto e redes sociais servem para compartilharmos nosso dia a dia.
2) Você mandou cortar meu salário sem me avisar, após fazer pressão para cumprir uma carga-horária que, na prática, nunca existiu. Se havia horas-extras contratuais no meu salário, isso foi um cambalacho que a própria empresa arrumou para compensar o salário ínfimo que sempre me foi pago. Nem eu, nem os demais colegas do Jornalismo temos a obrigatoriedade de bater ponto, devido às mudanças diárias feitas nos nossos horários. Está documentado. Mesmo assim, ilegalmente, usaram o controle de acesso da catraca como argumento. Se eu mesmo disse que o caminho era cortar essas horas-extras, esperava uma postura sensata da direção, em respeito à minha dedicação e história na casa. Com colegas que exercem funções inferiores à minha e não entregam o mesmo resultado que eu entrego ganhando salários acima de 15 mil reais, a TV me pagar um salário de R$ 3.900,00 é acintoso.
3) A pressão para que eu deixasse de exercer atividades na minha empresa que sequer têm conflito ético com minha atuação jornalística. Há mais de um ano, você e demais diretores têm total ciência de que minha empresa comprava mídia para alguns clientes aqui no grupo. Considerava até que isso era bem visto, já que informei que não havia outros veículos de comunicação nos planos de mídia desenvolvidos pela minha agência: sempre trouxe a verba de meus clientes para esta empresa, pela qual sempre tive gratidão e apreço. O pedido do Ronaldo para que eu fizesse uma escolha entre o jornal e os meus contratos de mídia foi desrespeitoso, já que sempre houve conhecimento pleno das atividades que desenvolvo, algo que está documentado com contratos, e-mails, cartas de credenciamento, notas fiscais e até brindes que ganhei por ser proprietário de agência.
4) Por fim, mas não menos lastimável, esse cabresto ridículo que a direção deseja impor sobre minha atuação nas redes sociais, algo que foi e é bastante explorado pela emissora para beneficiar seus produtos. Tenho o maior número de seguidores entre os nossos colegas, minhas redes superam as da própria emissora, tenho uma relação legal com o meu público, converto isso em resultados para o jornal… Me proibir de fazer uma live para conversar com meus amigos e bater papo com os seguidores beira a censura desmotivada, pelo simples prazer de exercer o poder.
Some a tudo isso problemas mais antigos, que jamais foram “lembrados” nas nossas conversas, como o fato de eu apresentar o jornal há anos e ter no meu contrato a função de repórter.
Eu cheguei aqui um menino, cru e precisando aprender. Sou muito grato pelas oportunidades que me foram dadas e creio que demonstrei isso por um bom tempo. Tenho certeza de que já retribui tudo o que a empresa fez por mim. Só que há tempos essa relação está desigual e tóxica. Estou infeliz com este ambiente de trabalho, me sinto desrespeitado, menosprezado e subutilizado.
Gostaria, apenas, de entender qual a motivação de uma postura tão beligerante, arbitrária e exagerada em relação à mim. Fico curioso e intrigado para entender o porque da perseguição, dessa necessidade de colocar rédeas… Alguma atitude minha gerou essa necessidade? Algo está incomodando a ponto de gerar isso tudo?
Preferências pessoais à parte, sou um profissional que cumpre suas funções e entrega resultados além do esperado. Não custa lembrar que, com o trabalho de um time extremamente competente do qual tenho orgulho de fazer, o JA2 alcançou recentemente uma das suas maiores audiências da história. Recorde que, caso não lembre, batemos outras vezes desde que comecei a apresentar.
Ouvir, como ouvi do Ronaldo, na sua frente, que tenho “um grande futuro pela frente na empresa” é incompatível com a realidade. Apresento o jornal de maior audiência de Goiás há cinco anos. O meu futuro é hoje. Para mim, a TV ficou no passado.
Atenciosamente,
Matheus Ribeiro”.
Antes de se tornar âncora, o jornalista atuou como repórter por dois anos na TV Anhanguera. Ele também chegou a fazer diversas participações na GloboNews.
Em sua conta no Instagram, Matheus fez um post de despedida, afirmando que tem carinho e agradecimento enormes pela TV Anhanguera. “Foi a casa que me deu condições de mostrar meu trabalho, informar milhões de goianos e viver experiências incríveis”, afirmou ele, deixando desejos de sucesso aos colegas e um até logo ao seu público.
“Na vida é preciso saber o momento de fechar ciclos e iniciar novos desafios. É com este sentimento que tomei minha decisão. Ressalto que não há nenhum relação entre meu pedido de demissão e a crise provocada pela Covid-19.”
Em nota oficial, a TV Anhanguera declarou que “o apresentador Matheus Ribeiro não faz mais parte do quadro de colaboradores da empresa. O desligamento do jornalista foi motivado por incompatibilidade entre os projetos pessoais do profissional e o que rege o código de conduta dos jornalistas da TV Anhanguera e TV Globo.”
Matheus Ribeiro foi substituído Luciano Cabral no “Jornal Anhanguera – 2ª Edição”, popularmente conhecido por “JA2”.