Band demite funcionário que se trata contra um câncer


Como se sabe, a Rede Bandeirantes passa por uma enorme crise financeira, onde já resultou na demissão de aproximadamente 300 funcionários, além do encerramento das atividades da filial de Tocantins, e da extinção de programas, como o “Tá na Tela”, “Agora é Tarde” e “Os Donos da Bola – RJ”.
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Na semana passada, o site Bastidores da TV recebeu uma enorme carta de um ex-funcionário da Band Rio, que foi demitido durante um tratamento de câncer. O funcionário trabalhava como editor na emissora e diz que foi demitido no mesmo dia em que voltou de licença médica. Para ele, a atitude da emissora foi mais que desumana.
Confira na íntegra o depoimento do profissional:
Meu nome é Maurício Verfe da Fontoura, jornalista, 28 anos, casado, pai de um bebê de 1 ano e 9 meses.
Depois de algumas experiências como jornalista, editor em outras emissoras e até repórter e apresentador em outras, em Junho de 2014 fui contratado pela TV Bandeirantes para trabalhar como editor no horário da madrugada (00h às 7h). No final de Julho, sentindo dores, depois de exames mais específicos, descobri um tumor, grande e agressivo, por volta de 8cm, próximo a veia Cava (veia importante do coração), na qual comprimia alguns órgão, assim causando-me dor. Em Dezembro depois de diagnosticado e determinado qual tratamento, precisei ser afastado pelo INSS para fazer quimioterapia, pois foi muito intenso e árduo e me deixava impossibilitado de realizar minhas funções. Foram longos 3 meses com 5h de aplicações diárias durante 4 dias seguidos das semanas de tratamento, com pausa de 15 dias. Foram 4 sessões, algumas internações, a quimioterapia teve fim, me dando possibilidade, em fim, de voltar ao trabalho, porém ainda com exames a serem feitos e uma possível continuidade com radioterapia ou até uma intervenção cirúrgica para retirada de resíduos do nódulo, tudo pendente, esperando resultado de exames nos quais ainda não os fiz. Cancelei o INSS com 15 dias antes do prazo final, orientado pelo Rh da empresa, que sabia da minha aflição em voltar, devido a necessidade financeira e claro, por gostar do que faço. Ao levar a documentação de retorno, estranhei a demora em me chamar para volta a ativa e ao procura-los, como sempre, pois precisei e preciso ficar “no pé” para ter respostas inclusive a baixa da minha carteira, fui informado que seria demitido. Me senti descartado como um grande problema, me humilhei pedindo para ser recolocado em outro setor, ouvi dos meus superiores que precisavam de meus serviços e haveria lugar para me recolocar, mesmo assim não teve jeito, fui demitido em pleno tratamento. Recebi liberação da médica para exercer minhas funções, até um pouco por exigência minha, não recebi alta médica. Fui pego de surpresa, perdi o valor que teria direito a receber do INSS, fiquei sem salário no mês, de mudança com tudo acertado, precisei recorrer a ajuda de amigos e familiares. Minha aflição em estar recebendo 1/3 do salário, virou pesadelo em estar desempregado, com filho de 1 ano e 9 meses, aluguel ainda mais caro inclusive que assumi para ficar mais perto da Band e assim sacrificar menos minha saúde. Estou muito desesperado e angustiado pois mesmo ouvindo de muitas pessoas ser uma causa ganha, minha urgência, minhas contas, o leite do meu filho não podem esperar. Tive uma grande decepção com esse canal que cheguei a pensar em fazer carreira, hoje só quero justiça. Acredito ter sido mais que desumano, ter sido um crime o que fizeram comigo.
Obrigada pelo espaço e oportunidade de contar minha história!
Grande abraço,
Maurício da Fontoura

Consultamos um advogado sobre o caso relatado acima, e o mesmo informou que o funcionário demitido sem justa causa durante tratamento médico, pode ganhar indenização por danos morais, assim como a reintegração ao trabalho.
“É assegurado ao trabalhador, além da indenização por dano moral, a reintegração ao trabalho com pagamentos de salários desde a sua dispensa até a sentença, ou o pagamento em dobro desses salários, tudo corrigido com juros e correção monetária.”, assegurou o Dr. Pedro Henrique dos Reis.
Procurada pela reportagem do Bastidores da TV, a Rede Bandeirantes não se pronunciou sobre o caso até o fechamento desta matéria.