Fabiana Karla enaltece combate à gordofobia

Na noite desta segunda-feira (08), a atriz e apresentadora global, Fabiana Karla, utilizou as suas redes sociais para postar uma foto de biquíni, com a seguinte legenda: “O corpo alcança o que a mente acredita”. Nos últimos dias, o tema gordofobia tem vindo à tona, por conta de um vídeo polêmico, publicado pelo grupo humorístico “Porta dos Fundos”. A esquete “Teste de COVID” ridiculariza um gordo que não pegou o novo Coronavírus por ter um “corpo podre”, tem repercutido muito negativamente entre todas as classes de representação, inclusive a artística.

Por meio de um vídeo, a Fabiana Karla relatou toda a sua indignação, considerando o vídeo como um “desserviço artístico” em um momento tão delicado. Ela afirmou:
“Eu ainda fico perplexa com a ignorância de ainda associarem um corpo gordo a doença e a desleixo. Aí você me fala ‘Obesidade é doença’ e eu te digo ‘É!’. Mas que tipo de pessoa, então, ri de doente? Com problemas cardíacos, câncer… É isso que chamam de arte? Eu nunca fiz apologia à gordura e nunca farei. Eu sou adepta do movimento corpo livre, body positive e do bem estar e da saúde”, iniciou ela.

Com uma duração aproximada de dois minutos e meio e mais de 400 mil visualizações, a atriz disse não crer que esse tipo de conteúdo seja arte, humor ou acrescente conteúdo à vida das pessoas. Principalmente nesse período delicado que estamos vivendo, numa pandemia que a única luta deve ser a da sobrevivência, “é irresponsável. Essas pessoas que escrevem piadas gordofóbicas são as mesmas que falam em empatia na internet e sobem hashtags nas redes sociais, mas escorregam em algo que pode afetar seriamente o psicológico de muita gente”, endossou ela.
Como complemento à sua fala, Fabiana se desculpou pela crítica pública aos colegas de profissão que fazem parte do “Porta dos Fundos”, mas disse que não poderia se calar porque eles não pensaram nela ou no público obeso quando escreveram o vídeo gordofóbico.
“Alguns de vocês, inclusive, têm proximidade comigo a ponto de ter meu telefone e poderiam me ligar para perguntar se eu achava ofensivo. Eu espero que um dia a criminalização da gordofobia, que traz uma grande quantidade de machismo estrutural junta seja uma realidade. Quem sabe a coisa mude, né? Mas, por enquanto, eu vou falar para você, gorda, que não tem o mesmo privilégio que eu, que não é chamada para programas de TV, seja apresentando ou contando histórias divertidas onde tem a oportunidade de mostrar que não são um corpo podre. Eu lamento muito que alguns colegas promovam esse desserviço artístico em tempos tão delicados porque estão com dificuldade de serem mais criativos. Vai ver é psicológico por conta da pandemia”, disse ela em resposta ao Porta dos Fundos.
https://www.instagram.com/p/CBJ4ztWjRHD/
No vídeo citado pela Fabiana, o ator Fábio de Luca é Fernando, um homem obeso que recebe uma ligação de um laboratório de testes. A atriz Tathi Lopes interpreta o papel da atendente. Na esquete, Tathi avisa ao homem que o resultado dele deu negativo para Covid-19 porque o “vírus não conseguiu resistir ao corpo podre dele”. Fabiana rechaçou o tipo de conteúdo exposto no vídeo:
“Foi mais fácil escrever uma cena para sacanear gordo e viralizar. É uma forma muito bacana de influenciar as próximas gerações, né? O que mais me estarrece é o quanto o engajamento pode ser seletivo e contraditório. Muitas vezes, esses conteúdos são patrocinados. Eu acredito muito no amor como ferramenta. Só basta um pouquinho de empatia. Retirem o vídeo! Já causaram dor através em milhares de compartilhamentos. Mas ainda dá tempo de exercitar a empatia que vocês tanto pregam na internet. E a todos os atingidos pelo vídeo, não se esqueçam, vocês são maravilhosos. Esqueçam isso e entrem todos pela porta da frente, porque vocês são protagonistas”, finalizou ela.
Diante de tantas críticas, o grupo “Portas dos Fundos” fez uma live em seu instagram nesta segunda (08), para discutir os temas “gordofobia e humor”. A convidada do ator, apresentador e humorista Fábio Porchat, foi Bianca Barroca, uma criadora que conteúdo que incentiva a cultura do corpo livre. Ela que criticou o mesmo vídeo citado pela Fabiana e, de maneira amistosa, ofereceu ao público uma rica oportunidade de reflexão sobre o tema durante a live.
https://www.instagram.com/p/CBMDjMQByr_/
É possível se fazer humor em tempos de pandemia. É possível se tirar graça de temas do cotidiano. Só não podemos esquecer o livre direito da expressão, baseado nos princípios e valores que não denigram ou ofendam a integridade física ou moral do ser humano. O sofrimento gratuito dói e geram cicatrizes que nem o tempo apaga. Vamos pensar um pouco mais sobre isso…