“Globo não sabe fazer novela com favela”, afirma especialista em teledramaturgia

“Globo não sabe fazer novela com favela”, afirma especialista em teledramaturgia
Tatá Werneck e Bruna Marquezine em cena "I Love Paraisópolis" / Divulgação
Tatá Werneck e Bruna Marquezine em cena "I Love Paraisópolis" / Divulgação
Tatá Werneck e Bruna Marquezine em cena “I Love Paraisópolis” / Divulgação

Com baixos índices de audiência, a atual novela das nove “A Regra do Jogo” ainda não convenceu o público, tal qual a sua antecessora “Babilônia” que começou e acabou sem cair nas graças do telespectador. O que as duas têm em comum, além da fraca aceitação, é o foco da história se passando em uma favela. Segundo o especialista em teledramaturgia da Universidade de São Paulo (USP), Claudino Mayer, a Globo não sabe produzir tramas com essa temática, “Fica tudo glamourizado demais. Falta realidade”, afirmou.

Em entrevista ao site Notícias da TV, Mayer falou sobre a estética das favelas mostradas na trama e a falta de proximidade com a sociedade. “Não é só colocar a favela. Os personagens precisam ser construídos de uma forma que passem uma verdade para o telespectador. Precisam extrapolar um pouco a ficção para que haja representatividade. Os únicos personagens de A Regra do Jogo que estão dentro dessa ideia são as duas meninas, Alisson (Letícia Lima) e Ninfa (Roberta Rodrigues). Nem Adisabeba (Susana Vieira) nem Merlô (Juliano Cazarré) estão convencendo”, disse.

Ele ainda citou “Babilônia” e “Vidas Opostas”, comparando a verdade em cada uma. “Os autores falaram da favela de uma forma tímida. A novela (Babilônia) tinha o nome do morro da trama, e o que se viu dele? Muito pouco. Locação, fotografia, cenário e figurino contam, mas não resolvem se o autor, os atores e a direção não incorporarem, não comprarem a história. Em Vidas Opostas (Record), por exemplo, funcionou. Mesmo sem conhecer aquela realidade o público comprou porque  a trama tinha verdade”, afirmou.

“O principal fator que determina o sucesso ou o fracasso de uma novela é a dramaturgia, ou seja, a maneira com que a história é armada, a natureza dos conflitos entre os personagens, a ação daí resultante, o potencial de identificação do público com os personagens etc. O local onde a trama se passa é um aspecto secundário, porém ele pode se tornar decisivo para o sucesso ou fracasso da obra”, afirma Marcílio Moraes, autor de Vidas Opostas.

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