“Globo não sabe fazer novela com favela”, afirma especialista em teledramaturgia


Com baixos índices de audiência, a atual novela das nove “A Regra do Jogo” ainda não convenceu o público, tal qual a sua antecessora “Babilônia” que começou e acabou sem cair nas graças do telespectador. O que as duas têm em comum, além da fraca aceitação, é o foco da história se passando em uma favela. Segundo o especialista em teledramaturgia da Universidade de São Paulo (USP), Claudino Mayer, a Globo não sabe produzir tramas com essa temática, “Fica tudo glamourizado demais. Falta realidade”, afirmou.
Em entrevista ao site Notícias da TV, Mayer falou sobre a estética das favelas mostradas na trama e a falta de proximidade com a sociedade. “Não é só colocar a favela. Os personagens precisam ser construídos de uma forma que passem uma verdade para o telespectador. Precisam extrapolar um pouco a ficção para que haja representatividade. Os únicos personagens de A Regra do Jogo que estão dentro dessa ideia são as duas meninas, Alisson (Letícia Lima) e Ninfa (Roberta Rodrigues). Nem Adisabeba (Susana Vieira) nem Merlô (Juliano Cazarré) estão convencendo”, disse.
Ele ainda citou “Babilônia” e “Vidas Opostas”, comparando a verdade em cada uma. “Os autores falaram da favela de uma forma tímida. A novela (Babilônia) tinha o nome do morro da trama, e o que se viu dele? Muito pouco. Locação, fotografia, cenário e figurino contam, mas não resolvem se o autor, os atores e a direção não incorporarem, não comprarem a história. Em Vidas Opostas (Record), por exemplo, funcionou. Mesmo sem conhecer aquela realidade o público comprou porque a trama tinha verdade”, afirmou.