Jair Bolsonaro decide não renovar a concessão da TV Globo, diz site
Alinhado à esquerda e antibolsonarista, o portal “Diário do Centro do Mundo” publicou na última segunda-feira (15/11/2021) uma matéria dizendo que o presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido) “vai barrar nova concessão da TV Globo em 2022”.
De acordo com texto assinado pelo jornalista Daniel César, o presidente sequer levaria em consideração os documentos obrigatórios que a emissora de televisão precisa apresentar ao governo no processo de renovação da concessão.
A reportagem do site ouviu um parlamentar da tropa bolsonarista. “No que depender dele [Jair Bolsonaro], a Globo termina em 2023”, disse a fonte mantida no anonimato.
Esse clima bélico se arrasta desde 2019, quando o presidente sinalizou pela primeira vez a possibilidade de não dar autorização para a rede carioca continuar a funcionar. A concessão atual expira em 5 de outubro de 2022.
Teoricamente, o chefe do Executivo pode negar, suspender ou cancelar uma concessão na ‘canetada’. Mas a decisão precisa ser confirmada pelo Congresso. No caso da TV Globo, isso dificilmente aconteceria. A emissora possui relevante influência política em todos os estados e vários parlamentares são donos de afiliadas e retransmissoras.
Nos corredores da Globo todos apostam que a volta da família Marinho ao poder foi por causa da concessão. “A batalha será grande e ter um Marinho no comando é importante para mandar o recado certo”. A frase é de um executivo do grupo que pediu para não ser identificado. Aliás, a cúpula do canal carioca prevê uma batalha judicial contra Bolsonaro pela renovação da concessão. “Todos os requisitos serão cumpridos”.
Os políticos que comandam Brasília não se colocariam contra a gigantesca vitrine que é a Globo justamente em um ano eleitoral, com a propaganda na televisão vista como imprescindível para os candidatos e os partidos. A programação da emissora, em especial o jornalismo, é líder de audiência com o triplo dos índices registrados pela Record e pelo SBT.
Ainda que os parlamentares viessem a ratificar tal decisão de Jair Bolsonaro, a TV da família Marinho poderia judicializar a questão. Não sairia do ar até o julgamento definitivo da questão.
Ao longo da história brasileira, poucas emissoras perderam a concessão. Dois casos merecem destaque. Em 1970, a TV Excelsior foi extinta após uma série de desentendimentos com o governo militar. Dez anos depois, a TV Tupi teve a concessão cassada por não apresentar condições financeiras de continuar a operar.
Veja o recado que Jair Bolsonaro deu para a TV Globo sobre a não renovação da concessão em 2022:
MUDANÇAS NO GRUPO GLOBO PARA ENFRENTRAR BOLSONARO
O Grupo Globo comunicou em abril de 2021 a substituição de Roberto Irineu Marinho por João Roberto Marinho na presidência do seu Conselho de Administração. Com a movimentação, deliberada por unanimidade pelo Conselho, Roberto Irineu Marinho passa a ocupar a vice-presidência do órgão, do qual fazem parte ainda José Roberto Marinho (também como vice-presidente), Paulo Marinho, Roberto Marinho Neto, Alberto Pecegueiro e Jorge Nóbrega, que permanece na presidência do Grupo Globo. Não houve mudanças no controle das empresas, nem na atuação do Conselho que tem, entre as suas missões, a de definir a estratégia dos negócios, zelar pela manutenção dos Valores e da Essência Globo e aprovar os planos de negócios, com vistas ao futuro.
João Roberto Marinho continuará também à frente do Conselho Editorial, responsável por discutir e propor orientação e alinhamento em questões editoriais, e do Comitê Institucional, que tem o papel de acompanhar e propor linhas de atuação para as relações institucionais do grupo. José Roberto Marinho também seguirá na presidência da Fundação Roberto Marinho.
“Ao longo dos últimos 20 anos, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho empreenderam um grande esforço na construção de um modelo de governança para o Grupo Globo que busca alcançar as melhores práticas corporativas do mercado. Já em 1998, os três se afastaram da gestão direta da empresa e formaram um Comitê de Gestão, a fim de que pudessem exercer uma liderança compartilhada da empresa, tendo, em 2011, assumido as funções de membros do Conselho de Administração, criado naquele ano. Com a alteração ocorrida agora, a presidência do Conselho de Administração passará a ser ocupada por João Roberto. Roberto Irineu assumirá a vice-presidência e manterá suas atribuições de membro do Conselho, apoiando seus irmãos e os outros conselheiros nas tomadas de decisão”, explicou Jorge Nóbrega, presidente do Grupo Globo e da Globo.
