Record TV é retirada do ar na Angola

O governo angolano mandou suspender as atividades da Record TV, no País, segundo informou a agência de notícias alemã “Deutsche Welle”. A suspensão passa a valer a partir da meia-noite de quarta-feira (21/04/2021). O anúncio foi feito pelo secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno Carnaval, e o discurso foi transmitido pela TPA, a televisão pública angolana.
Em comunicado, o Ministério das Telecomunicações, Tecnologia de Informação e Comunicação Social (MINTTICS) justifica que a medida surge na sequência da constatação de “inconformidades” em relação aos requisitos legais para o exercício da atividade jornalística em Angola. O ministério alega por exemplo “que a empresa Rede Record de Televisão (Angola), Limitada, que responde pela TV Record África, tem como diretor-executivo um cidadão não nacional”.
Além da Record, pelo menos outros dois canais também tiveram as atividades suspensas: Zap Viva e Vida TV. Veja o vídeo abaixo noticiando o caso:
Segundo Nuno Carnaval, “infelizmente, as direções destas empresas não cuidaram de corrigir ao longo do tempo que vêm operando no mercado angolano. Por outro lado, estas empresas enquanto não procederem a correção em conformidade com os requisitos legais, estarão suspensas do exercício da sua atividade.”
Conflito com dissidentes
O bispo Edir Macedo, líder da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), é considerado o principal acionista da TV Record.
No ano passado, a IURD virou alvo de uma investigação da Polícia Nacional de Angola e de uma disputa com pastores angolanos dissidentes dos brasileiros. Templos foram ocupados em ações que envolveram violência física.
Uma parte desses dissidentes é autora de uma queixa-crime, apresentada em 2019, e que originou as ações de busca e apreensão. Eles acusam a IURD de vender templos e enviar dinheiro para outros países; a igreja nega a acusação.
Na época, até o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enviou uma carta ao presidente de Angola, João Manuel Lourenço, demonstrando preocupação e solicitando aumento da proteção a membros da igreja no país africano.
“Julgamos ser preciso evitar que fatos dessa ordem voltem a produzir-se ou sejam caracterizados como consequência de ‘disputas internas’. Há perto de 500 pastores da IURD em Angola e, nesse universo, 65 são brasileiros. Os aludidos atos de violência são atribuídos a ex-membros da IURD, que também têm levantado acusações e, com isso, motivado diligências policiais na sede da entidade e nos domicílios de dirigentes seus”, dizia trecho da carta assinada por Bolsonaro, na ocasião.
Em entrevista à CNN Brasil, ainda no passado, o bispo Honorilton Gonçalves —líder da IURD em Angola— negou a acusação de ex-pastores da igreja sobre a suposta venda de templos e remessa de dinheiro para outros países.
“Nenhum imóvel da igreja foi vendido. Não há nenhuma ilegalidade na igreja, mesmo porque as contas da igreja sofrem auditorias externas e fiscalizações constantes do governo”, disse ele.