Análise: Após 50 anos de TV, Raul Gil é um talento frustrado, injustiçado ou sofre de transtorno de popularidade?

Análise: Após 50 anos de TV, Raul Gil é um talento frustrado, injustiçado ou sofre de transtorno de popularidade?

Poucos talentos da TV brasileira conseguiram se manter nos holofotes por tantos anos, como o vovô Raul Gil, prestes a completar 81 anos. São cinco décadas dedicadas à comunicação, sendo 45 anos comandando o “Programa Raul Gil”. Apesar da experiência e das décadas no ar, passando pelas principais redes de televisão (exceto Globo e RedeTV), Raul Gil não aparenta ter alcançado seus objetivos mais íntimos: ser considerado um mito, assim como Silvio Santos e Hebe Camargo. É nítido o descontentamento do apresentador do SBT, ao tentar se impor com superioridade, tudo para tentar se sentir menos inferior do que os colegas que alcançaram o ápice da fama, com o mesmo tempo de carreira. Raul é um dinossauro da comunicação, já revelou inúmeros talentos e mesmo que não tenha a mesma popularidade de outros inesquecíveis e lendários comunicadores, deve ter em mente que sua marca já está escrita na história. No auge de sua humildade, talvez o Vovô deva analisar se já não é hora de pegar o “seu banquinho e sair de fininho”.

Tirar ou não o chapéu para Raul Gil? Eis a questão!

Chacrinha foi um grande comunicador para sua época. Se estivesse no ar até hoje, com seu mesmo programa, talvez não fosse mais um fenômeno. Hebe, a eterna rainha da TV brasileira, já não vivia mais seus melhores momentos na carreira, quando trocou o SBT pela RedeTV. Passou por tempos delicados, adoeceu e quis o destino lhe permitir o último desejo, assinar novamente com o SBT, antes do seu descanso eterno. Pela sua imagem se confundir com a inauguração da TV no Brasil, independente da audiência, Hebe se tornou grande pelo seu legado. Silvio Santos, embora dono da emissora, continua sendo quem é porque ao ter as portas das emissoras nas quais trabalhou fechadas, buscou fazer uso do talento de camelô para conquistar fundos financeiros e criar sua própria rede de TV. Por mais mito que o “homem do Baú, da Tele Sena e da Jequiti” possa ser, seu popular dom de se comunicar, nunca foi humanidade, principalmente entre empresários de comunicação, mercado publicitário e a grande imprensa. Silvio Santos empresário só sobrevive até hoje pela imagem de mito e a inconfundível voz de “peru que fala”. Sofreu os maiores boicotes que um dono de TV pudessem sofrer. Mantém o SBT nestes 37 anos, graças à persistência e ao dom da persuasão. Silvio conseguiu vender sonhos em talões, em transformar portas em esperança.

O Brasil deve “tirar o chapéu” para Raul Gil, da mesma forma que Silvio Santos. Uma história de luta, de trabalho, de glórias e tropeços. Raul revelou a pequena Maísa Silva e deve se orgulhar disso. Não seria tão prepotente ao ponto de chamá-la de “bostinha” nos bastidores e de que ela não seria nada se não fosse ele, apenas por ter sido contrariado no “Teleton” (conforme afirmou equivocadamente o site “Notícias da TV”, desmentido por áudio publicado por essa coluna). Da mesma forma que o apresentador diz que o cantor Luan Santana precisou dele no início da carreira e hoje esquece da sua origem. Raul não se cansa de propagar aos quatro cantos sua mágoa pelo sertanejo nunca ter retornado ao seu programa. Com o cantor Belo, outro momento onde fica nítido de que o apresentador sofre de uma espécie de transtorno de holofotes. Raul Gil é um grande revelador de talentos, tem sua estrela na calçada da fama da história da comunicação brasileira, mas embora gratidão seja uma virtude que todos os humanos do bem sempre esperam, não cabe a nós exigirmos de ninguém a iniciativa de retribuir o gesto. Sua importância na TV brasileira não pode se limitar aos famosos quadros criados, aos anônimos que ganharam o estrelato, pois se alguém cobra gratidão, sem nunca ter calçado a utópica ”sandália da humildade”, corre o risco de não ter o chapéu tirado, pois Raul Gil merece todo respeito, até o momento que seu ar de superioridade, fazer o telespectador crer equivocadamente que ele merece ser eternizado por ter inventado a TV.

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