Análise: Há algo errado entre a RecordTV e a Igreja Universal
Vale tudo pela audiência? Na televisão, parece que sim. Quando até o bispo da Igreja Universal e apresentador do “Fala que eu te escuto”, exibido diariamente, no início das madrugadas da RecordTV, desabafa ao vivo no programa e afirma que a RecordTV só passa desgraça, faz tudo pela audiência e aconselha os fiéis a não assistir a emissora, a situação já passou de um limite tolerável e chegou ao cúmulo do ridículo.
Se a Iurd é hoje uma das principais mantenedoras da programação da RecordTV, investindo mais de R$ 600 milhões por ano, com a compra “hipervalorizada” das madrugadas, tudo com o dinheiro dos fiéis da Igreja, fundada pelo dono da RecordTV e que continua líder da Igreja, uma declaração como a do bispo “Gugu”, dada na madrugada deste domingo (19), além de polêmica e sincera, até ao extremo, chega a ser cômica. Soa como se fosse uma confissão de que o dinheiro dos fiéis é empregado de maneira errônea, para fomentar interesses comerciais.
Algo está errado neste contexto. Se no Brasil, igrejas não pagam impostos e o dinheiro de seus dízimos acaba sendo empregado em uma empresa privada que tem grande parte da sua programação que se “contradiz” com os ensinamentos doutrinários do dono da empresa de TV, que por sua vez é o líder da Igreja, além de não agradar um dos seus principais bispos, tudo isso, pode até não ser ilegal, mas no mínimo é imoral. A opinião pode se limitar ao bispo “Gugu”, mas enquanto ele representar sua Igreja, sendo o apresentador de um programa dela, transmitido ao vivo pela RecordTV, sua opinião deixa de ser meramente pessoal. E como fica a emissora que “vende” seu horário para um bispo falar mal dela? Chega a ser surreal…
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