Coluna: As Verdades foram reveladas!
Agilidade, erotismo e suspense são os ingredientes principais da mais recente novela da Rede Globo. No ar há apenas três semanas, “Verdades Secretas” já se converteu em um grande êxito da teledramaturgia brasileira. Quinta produção das 23 horas e primeira totalmente inédita da faixa, já que todas as outras foram remakes de sucessos do passado, a trama de Walcyr Carrasco caiu desde o início nas graças do telespectador, alcançando excelente repercussão e atingindo boa audiência nas noites da emissora carioca.
Escura e sombria, a história narra o obscuro mundo da moda. A narrativa denuncia o quão enganoso pode ser o ambiente das passarelas e a difícil vida de modelos, que em alguns casos reais, vivem situações parecidas como o de Arlete, personagem principal interpretado pela atriz estreante Camila Queiroz. Com o sonho de se tornar uma grande top model, a jovem moça se viu envolvida em uma trama me mentiras e desilusões quando, na verdade, teve de trabalhar como acompanhante de luxo.
Em complicada situação financeira, a menina não tem outra saída se não aceitar a praticar o “book rosa” e se tornar garota de programa na agência de Fanny (Marieta Severo). Passando a se chamar Angel, a menina se envolve com Alexandre (Rodrigo Lobardi), um homem mais velho e muito rico, que rapidamente se vê obcecado pela garota e lhe presenteia com altas quantias em dinheiro. Com idas e vindas, triângulos amorosos e cenas ousadas, segue a história da novela que utiliza ainda o recurso de câmera nervosa para transmitir sensação de movimentação, baixa iluminação para carregar as cenas de suspense e narrativa ágil, mantendo a sua proposta de texto e desenvolvendo bem a trama, trazendo sempre novos acontecimentos.

Ousada, a trama aposta em nudez e altas cenas de sexo, principalmente ao contar os casos das acompanhantes. Sem esconder nada, a direção usa e abusa do erotismo, porém de maneira natural, sem aplicações de zoom em partes íntimas, fazendo com que mesmo em takes de nudez, seja transmitida a sensação de um ato sexual normal. O fato de a história tratar da prostituição e simular em alguns casos a realidade de muitas pessoas, torna-se necessário esses tipo de cena, diferentemente da novela “Babilônia” também da Globo, que chocou o telespectador jogando esses artifícios logo no começo, sem que os personagens tivessem nenhum tipo de relação ou envolvimento com o público, e que o ambiente não necessariamente precisava recorrer a esses tipos de cenas. Ainda em comparação, o folhetim de Walcyr é escrita e produzida para um horário avançado, com audiência menos conservadora, ao contrário da de Gilberto Braga, que vai ao ar na principal faixa, o das nove horas.

No elenco, grandes nomes da dramaturgia abrilhantam ainda mais a produção global. Marieta Severo vem incrível como a enigmática Fanny, dona da agência. A atriz está em um tom excelente e em nada lembra a bondosa Nenê de “A Grande Família”, personagem que interpretou por mais de dez anos, consagrando-se assim como uma das melhores atrizes brasileiras. Rainer Cadete, figura carimbada nas novelas de Walcy, desde sua estreia em “Caras e Bocas” de 2009, é outro destaque. O Ator está completamente irreconhecível na pela de Visky, filho gay de Fanny, com ótima atuação e caracterização excelente. Grazy Massafera, talvez no papel mais desafiador de sua carreira, tem convencido na pele de Larissa, uma garota de programa que se envolve com drogas. Drica Moraes e o seu papel de mãe superprotetora também se destaca. Fomos ainda contemplados com a volta da excelente Eva Wilma que estava sumida das novelas. No geral, um casting de grandes interpretações e atores renomados.

Grata surpresa, a intérprete principal é estreante em telenovelas. Arlerte (Angel), interpretada por Camila Queiroz, surpreendeu pela boa atuação e mais ainda pela segurança nas cenas eróticas, sobretudo por atuar ao lado de grandes nomes. Não à toa a moça assinou contrato de mais dois anos com a Globo e já foi escalada para “Sagrada Família”, que tem previsão de estreia para 2016, em plena época em que a emissora tem priorizado trabalhos por obra e dispensando boa parte de seu elenco.
A exibição tem atingido bons índices de audiência em todo o país, apesar de seu horário flutuante. Em sua estreia, quando foi transmitida após Babilônia, chegou a empatar com a trama exibida anteriormente. Agora fixada na faixa das 23 horas, ainda que inexata, continua a alcançar bons índices. Em Recife a trama ultrapassa facilmente a casa dos 30 pontos, sendo também assim, mais assistida que a novela principal.
Elenco enxuto, narrativa ágil, história não tão comum podem ser as principais razões para a boa aceitação do folhetim perante o público, somado a um elenco espetacular e uma produção cuidadosa, que deixa o produto esteticamente bonita no vídeo, desde a abertura, a cenas em geral. Esse é um mérito de Walcyr Carrasco e de toda direção. Não são truques ou sorte, e sim elementos interessantes e muito bem dosados na tela, derrubando o mito de que o êxito de uma novela seja apenas sorte, claro que bons horários, bom poder de chamada e outros elementos podem facilitar ou não o desempenho de uma trama, mas “Verdades Secretas” prova que a junção de boa direção, texto e histórias envolventes, podem sim fisgar o telespectador, independente de pertencer ou não ao horário principal, ter alta divulgação ou simplesmente apostar na sorte. Nesta produção a Globo acertou e descobriu as verdades para o sucesso que estavam secretas de si mesma.
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Dyego Tera

