Coluna: SBT faz escola, mas Band e Record não aprendem a lição

Falar em programa de auditório ou em revelação de talentos é impossível sem lembrar de Silvio Santos e SBT. Desde 1977, o homem do baú se destaca como um dos grandes nomes da comunicação, principalmente por quadros como o Show de Calouros, parte do Programa Silvio Santos na Tupi, Record e anos depois no SBT, assim que ele conquistou sua própria emissora de TV. Desde então, o sistema brasileiro, criado por Silvio Santos, se consagrou como um celeiro de novos talentos.

Antes mesmo da onda de realitys e talent show rodar o mundo, com formatos criados por grandes produtoras, Silvio Santos já revelava cantores e artistas das mais diferentes áreas. Este espaço, ele continua proporcionando até hoje. Raul Gil, também segue o mesmo molde, com seu auditório e um time de jurados. Ratinho faz de seu jeito os quadros “Vem quem quer” e o “Dez ou Mil”, sucesso nas noites de segunda. O apresentador até cogitou em fazer uma nova versão do Show de Calouros, mas acabou desistindo de utilizar o nome. Fora do SBT, poucos conseguiram se consagrar no formato. Chacrinha e Bolinha são as exceções mais emblemáticas. Em outros tempos, Márcio Garcia se destacou a frente do Gente Inocente, na Globo. O programa que destacava as crianças teve uma versão apresentada por Moacir Franco, no SBT. Pequenos Brilhantes, também foi ao ar nas tardes de domingo, numa época onde Globo e SBT travavam guerra pela audiência.

Os ”anos 2000” foram marcados pelos formatos vindos de fora do Brasil. Em uma parceria com a Disney, o SBT lançou o formato neo-zeolandês “Popstars”, em 22 de abril de 2002, revelando o grupo Rouge. Um ano depois, a segunda temporada buscou formar um grupo de rapazes cantores. Foi aí que nasceu o Br’Oz. Os grupos chegaram a fazer bastante sucesso na época. Anos depois foi o formato brasileiro de American Idol fazer sucesso na emissora. Foram duas temporadas do Ídolos, ate que o formato foi adquirido pela Record. Com o Qual é o seu Talento?, o SBT se fixou no ramo dos games, realitys e talent show. O sucesso foi tanto que a Record novamente atacou e comprou o formato.

O SBT criou o Astros, uma versão moderna do Show de Calouros. Numa nova fase investiu no “Famoso Quem?”, sucedido pelo Máquina da Fama, de Patrícia Abravanel, programa que faz sucesso há três anos, nas noites de segunda. Outro programa foi o Esse artista sou Eu. Seguindo a linha de revelar talentos, o SBT se deu bem também com o Festival Sertanejo, em 2013 e 2014, um verdadeiro sucesso comercial.

Na Globo, o programa Fama se destacou na busca de novos ídolos. Estreou no mesmo dia que o SBT estreava Popstars. Com o dobro da audiência, não teve tanta repercussão como os artistas revelados pela concorrente, com exceção de Vanessa Jackson, da primeira temporada. A cantora Marjorie Estiano foi uma das reveladas pelo canal de Silvio Santos, durante o reality. O maior acerto da Globo, no entanto, foi com o The Voice Brasil que ganhou também sua versão kids. O Superstars não obteve o mesmo sucesso esperado.

A Record também tentou se destacar no segmento tirando o Ídolos e o formato do Got Talent, ambos sucesso no SBT. Investiu forte, mas não deu tão certo, apesar das cinco temporadas do Ídolos e Ídolos Kids, conseguiu desgastar o formato, sem revelar nomes de impacto. A primeira temporada no SBT revelou Leandro Lopes.

Já “Got Talent Brasil” foi um fracasso que a emissora decidiu esquecer em sua primeira temporada. A Band também tentou embarcar nos formatos internacionais de talentos e com a estreia de X Factor, não conseguiu ainda se encontrar. Os erros do canal começaram já nas audições.

SBT e Globo provam que antes de se adquirir um bom formato é preciso ter intimidade com ele. Saber fazer direito e ter um público alvo afim é o primeiro grande passo. O SBT mais do que qualquer outra emissora tem em seu DNA este tipo de programa, talvez porque a emissora segue os mesmos passos do seu criador.

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