Análise: Entre a fama e a vida íntima, Gugu priorizou os holofotes e esqueceu de viver a vida

Análise: Entre a fama e a vida íntima, Gugu priorizou os holofotes e esqueceu de viver a vida

Poucos dias após a morte inesperada de um dos maiores nomes da comunicação nacional, o luto deu lugar a uma disputa vergonhosa pela herança do apresentador Gugu Liberato. A cada dia uma nova informação sobre a vida do falecido vem a público. Sem qualquer pudor, a vitoriosa e emblemática carreira de um mito televisivo é simplesmente ignorada para dar espaço a invasão do íntimo de uma celebridade, que apesar da fama, também tinha o direito à intimidade. Mesmo sendo uma das figuras mais midiáticas do país, Gugu também exercia sua missão de um simples mortal, longe dos holofotes.

Independente de sua sexualidade, hoje covardemente exposta na imprensa, onde a mãe dos três filhos do apresentador e do outro lado um suposto companheiro de oito anos, igualmente exigem reconhecimento de “união estável”, enquanto filhos, mãe e irmãos de Gugu acusam suposto oportunismo, a alma do apresentador vaga em meio a ambição. Em jogo, R$ 1 bilhão, uma fortuna conquistada por mérito próprio, de uma vida que hoje se questiona, onde o trabalho acabou prevalecendo diante de seu íntimo mais profundo.

O sigilo e o mais amplo silêncio em vida, hoje dá lugar à euforia e ambição.

Se quis em vida, o cidadão Augusto Liberato preservar sua intimidade, bastou seu falecimento para que suas escolhas fossem ignoradas e uma disputa vergonhosa por cifrões fosse iniciada e jogada irresponsavelmente a público? 

Um testamento feito há muitos anos, um desejo que hoje é questionado. Talvez quando o mesmo foi feito, Gugu jamais imaginasse que partiria tão cedo. Diversos segredos e personagens até então ocultos, hoje quebram o silêncio. Se em vida, estes mesmos personagens jamais se pronunciaram, hoje com a passagem eterna do protagonista, todos acham por direito dar seu grito retumbante. Fato ou factoide? Na ausência do protagonista, cada personagem hoje exige holofotes que por todo esse tempo jamais tiveram importância.

Teria Gugu abdicado de viver a vida do jeito que ele mais se satisfaria, tudo em nome da imagem, do seu trabalho e do seu personagem que acabou engolindo sua privacidade? Os supostos direitos hoje na Justiça questionados, diante de uma fortuna tão majestosa, não poderiam ter em vida sido divididos entre todos os que verdadeiramente participaram de sua enigmática “vida de novela”? O mito Gugu venceu na vida profissional. Entrou eternamente na história. Outrora, o que Gugu talvez tenha ignorado é que a vida pessoal e profissional, independente do desejo de isolá-las é uma só e tudo acontece na velocidade de um sopro.

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