ANÁLISE: O “novo” Normal do consumo de mídia

ANÁLISE: O “novo” Normal do consumo de mídia

Quando se iniciou a pandemia, e consequentemente as pessoas ficaram nas suas casas de quarentena, muito foram os “profetas”, dizendo que os comportamentos de consumo de mídia, iriam mudar radicalmente. Durante a quarentena, a novidade das Lives, conhecer as casas dos artistas e ver que eles eram como nós, atraíram milhões de pessoas às plataformas digitais de vídeo (OTT). Hoje, as “Lives Shows” não chegam a 20% da audiência atingida em março/2020. Esse é apenas um, de vários exemplos.

Agora, com o retorno da rotina das pessoas, o consumo midiático voltou ao “Novo Normal”, que é semelhante ao Normal pré pandemia. Acordar cedo para trabalhar, retornar somente final do dia, fazer o jantar, assistir o jornal e posteriormente a novela, faz parte da vida do brasileiro em geral. A rotina não mudou, o consumo continuará em transformação, mas não será da forma como está sendo colocada. 

Na minha visão, dois foram os legados da pandemia no consumo de mídia. Primeiro que, para ter audiência na internet, não basta ligar uma câmera e ir produzindo conteúdo. Para manter a audiência, precisa ter MUITA relevância, talvez até mais do que se fosse transmitido na televisão. A internet tem milhões de canais, páginas, sites, redes sociais, e isso pulveriza muito a audiência. O meio televisivo tem 4 canais relevantes. A fuga ou atração da audiência na TV é, na maioria das vezes, para esses canais. Com a pandemia, o número de Lives cresceu mais que a sua audiência absoluta, sejam elas no Instagram, Facebook ou Youtube. Excluindo as Lives Shows, a audiência que acontece na maioria delas, são menores que no período pré pandemia.

Já o segundo legado que a pandemia nos trouxe, foi a aceleração na inclusão das pessoas que não estavam inseridas digitalmente. Ou seja, o “Digital Divide”, que é o abismo entre os excluídos e os incluídos digitalmente, diminuiu consideravelmente. O que aconteceria talvez em 10 anos, antecipou para 6 meses, por inúmeros fatores. Isso mudará a maneira das empresas se comunicarem, venderem e estar presente na vida das pessoas. Sendo assim, as empresas de mídia precisam se reinventar, entregando para seu público que a assiste na TV, cada vez mais relevância, um conteúdo estendido nas redes sociais, nos seus portais, nos canais de OTT, agregando às marcas possibilidades de interação através da Inteligência Artificial, e para que elas conheçam ainda mais o seu público.

Como em toda crise, existem muitas oportunidades e as organizações que exercerem a antifragilidade, sairão desta, ainda mais fortes que entraram. E para isso, as empresas de comunicação, não podem ter medo de criar novos conteúdos, desenvolver novas habilidades de negócio, mas principalmente não perder a sua essência/cultura, que é o principal pilar para atravessarmos as crises com menos dificuldade.

*Por Roberto Dimas do Amaral

Roberto Dimas do Amaral é vice-presidente de Produto do SCC/SBT, Engenheiro e Doutor em Ciências e Tecnologias das Informação.

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