Coluna: Passo a passo para entrar no BBB
Como passaram a semana? Sentiram falta de mim? Não responda! Galera, aproveito o espaço novamente para agradecer os acessos, elogios, críticas, toques e afins… Meu muito obrigado!
Não se lembra do último texto publicado por mim aqui no Bastidores? Então o acesse, clicando AQUI.
Lembrando que as notícias postadas nessa coluna não condizem 100% com a realidade. Mas, por conta disso, não emburre. Desfaça este semblante carrancudo e abra o sorriso lindo que você tem. Venha se divertir comigo. Sigam-me os bons!
Na minha vida eu já fiz de tudo um pouco, comecei minha carreira limpando as privadas do estúdio 2 do SBT, fiquei lá por cerca de 6 meses (vi muita merda descer, literalmente), fui promoter, DJ, cantor gospel (não deu certo), tentei fundar uma igreja (faltaram fiéis), me transformei no cantor de funk ostentação de maior sucesso entre as idosas do asilo da comunidade, por causa das minhas letras melosas. Quando estava no fundo do poço, e nada mais dava certo na minha vida, liguei a TV, minha eterna companheira e vi uma luz no fim do túnel. Tratava-se da chamada de um novo programa que dizia o seguinte: “Sua vida está um tédio? Sua família não te suporta? Não consegue parar em serviço algum? Sonha em ser uma subcelebridade? Então esta é a sua oportunidade! Grave um vídeo com alguma habilidade sua e nos mande para o endereço abaixo. Venha entrar na casa mais vigiada do Brasil!”. Enlouqueci naquele momento.
Não dormi naquela noite. Fiquei pensando qual dos múltiplos talentos eu iria explorar, afinal eu precisava daquela vaga. Comecei tentando atirar dardos, não deu muito certo, quebrei o jarro com os restos mortais da vovó. Recolhi as cinzas e coloquei num potinho de sorvete. Tentei atuar, passei por Hamlet, Shakespeare e outros, foi um desastre, nem meu gato suportou ficar na sala, e olha que eu o amarrei e coloquei ração para que não fugisse. As horas iam passando, tentei dançar, cantar, soletrar e fazer cara de bonito (faltou beleza). Foi então que achei minha vocação. Liguei a câmera e comecei a fofocar da vida dos outros, contei sobre a minha vizinha Berenice, que esperava o marido sair para se “aliviar” com seu amigo secreto (eu ouvia os gritos). Revelei o segredo da Dona Bibes, uma senhorinha de 82 anos do apartamento ao lado que fumava a maconha da sobrinha (a fumaça empesteava todo meu quarto), tinha dias que eu dormia na marra. Divulguei sobre o Robertão, o segurança que trazia as moças “ecléticas”, se é que me entendem, para o apartamento dele. Eu só ouvia os uivos, sim, eram uivos. Lá o sistema era bruto. Fiquei duas horas fofocando e só parei porque a bateria da câmera acabou. Gravei em DVD e enviei para o endereço.
Cinco dias depois, eu estava no banheiro fazendo minhas necessidades (entendam como vocês quiserem) e o telefone tocou. Saí correndo, o papel foi junto. Atendi.
– Alô?
– Bom dia?
– Bom dia.
– Meu nome é Jéssica, sou da produção do BBB e olhamos seu vídeo. Na realidade, gostamos muito. Você gosta mesmo de fofocar, né?
– Oi! Jéssica, eu amo, e, por falar nisso, deixa eu te contar a última…
– Não precisa me contar por telefone. Seria melhor pessoalmente. Você tem disponibilidade para vir aqui no Projac com o intuito de fazermos algumas perguntas mais íntimas?
– Claro! É pra ontem! Só vou terminar de tirar o papel higiênico que está enroscado e tomar um banho. Por volta de uns 40 minutos eu estou ai.
– Ok! Estamos a sua espera.
Voei igual foguete, limpei as “partes”, tomei banho, passei meu melhor perfume (não é Tabu tá gente? É um variante francês, importado e caríssimo). Troquei de roupa, coloquei uma bermuda, uma camiseta e meu par de chinelos. Peguei as chaves e vazei na mobilete.
Confesso que cheguei um pouco atrasado. Tá bom, uma hora e meia atrasado. Tive uma certa dificuldade de pegar minha credencial, pensaram que eu era o motoboy da pizzaria ao lado, mas tudo bem. Depois de mais 15 minutos, enfim consegui entrar. Estava todo suado, mas por sorte tinha ar condicionado na sala. A sensação de sentir as gotículas de suor secando era “marra”. Senti-me abrindo uma conta bancária. Alimentei-me das sobras do camarim: tinha bombom, água de coco, achocolatado e sanduíche de frios. Só depois fui recebido pela produtora:
– Boa tarde, Jéssica, desculpe-me pelo meu pequeno atraso.
– Sem problemas, nos sabemos como é caótico o mundo para algumas pessoas.
– Hã? (Na hora não entendi o que ela quis dizer, na realidade, até hoje não entendi, mas…)
– Eu vou lhe fazer algumas perguntas, uma espécie de processo seletivo para vermos se você se adapta ao que nós queremos para o programa.
– Ok!
– Você fuma?
– Sim, é uma necessidade latente, se eu não fumar pelo menos um maço por dia eu mato o primeiro que aparecer na minha frente.
– Hum, legal. Deixa eu anotar aqui. Pronto. Vamos seguir… você bebe?
– Todo dia. Costumam me chamar no bairro de pudim de pinga (risos).
– Interessante… poderia render e muito. Bom, seguindo… como você define sua atração sexual?
– Intensa. A primeira prioridade da minha vida.
– Tá rendendo. Mais uma pergunta. Com essa veracidade sexual toda, você faria sexo com câmeras te vigiando?
– Por que não? Faria sim, ficar na seca não é comigo.
– Anotado. Prosseguindo… sonha em ser ator ou trabalhar na mídia?
– É o meu sonho, já fiz até um curso completo de atuação de 3 meses quando tinha 8 anos. Já fui DJ e promoter também.
– Estou encantada. Você se encaixa perfeitamente no perfil que estamos procurando. Está dentro. Assine aqui.
Foi uma experiência magnífica para minha carreira. Entrei na casa mais vigiada do Brasil, fofoquei, briguei, embebedei-me, acordava os colegas batendo panela, fazia cara de conteúdo quando o apresentador falava e falava um blá, blá, blá sem sentido….
Permaneci por três dias. Saí no primeiro paredão. Apareci no Faustão, Superpop, fiz presença VIP nas festas, gravei uma participação no Zorra Total e belisquei uma vaga na “Fazenda” da Record. Minha última participação na TV foi no “Teste de Fidelidade”, como disse na coluna passada. E já tenho outra entrevista marcada, agora na CNT. Sou famoso. #ChupaSociedade.
Como vocês perceberam a coluna agora conta com a arte de um desenhista de talento, meu amigo André e revisão de texto de Will Morais.
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Até quarta que vem! #Partiu
