Coluna: Rir ainda é o melhor remédio?


Em tempos de crise que envolvem a atual situação do nosso Brasil, parece que o telespectador brasileiro, ainda usa a programação humorística das emissoras de TV, para relaxar e dar boas gargalhadas.
Durante toda sua história, a TV Brasileira sempre teve no humor uma legião fiéis de telespectadores, grandes sucessos fazem parte dessa cronologia, desde os tempos da televisão em preto e branco, os humorísticos recheavam a programação de grandes emissoras. A Família Trapo um dos grandes pioneiros do gênero, tinha Ronald Golias como o famoso Bronco, personagem esse que anos depois despontaria como um dos grandes nomes do humor brasileiro e protagonizando um programa que levava o nome de seu personagem, na TV Bandeirantes. Outro programa que fez história na TV Brasileira, permanece até hoje no ar e conquista bons números de audiência, A Praça da Alegria comandada pelo saudoso Manoel de Nóbrega, rompeu fronteiras, passou por diversas emissoras e hoje com o nome de A Praça é nossa e exibida pelo SBT e apresentada por Carlos Alberto de Nóbrega, mantendo a mesma linhagem de humor durante todo esses anos. Durante os mais de 50 anos da TV Brasileira, diversos programas deixaram saudade e também contribuíram para que o humor Brasileiro ganhasse uma nova cara. A TV Pirata exibida pela Rede Globo nos anos 80, trouxe uma nova linguagem de se fazer humor e durante anos batia recordes de audiência, anos mais tarde o Casseta e Planeta, comandado pelos redatores da extinta TV Pirata, se tornaria um grande sucesso, ao inserir em seu roteiro, situações que envolviam grandes acontecimentos do Pais, a política brasileira era o carro chefe da atração.
Nessa história de risadas, nomes como Jô Soares e Chico Anysio foram responsáveis pela criação de centenas de personagens em inúmeros programas, que dominavam as noites dos brasileiros. Tom Cavalcante, cria de Chico se tornaria outro grande nome do humor, através de seus personagens que ainda fazem sucesso na cabeça de inúmeros brasileiros.
Com a chegada da TV por assinatura e o avanço da internet, as emissoras se viram obrigadas a criar novas formulas para o riso e com isso, as séries ganhavam espaço na tela da TV, Os Normais, protagonizado por Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães, trouxe para a frente da TV, um humor real, de forma que o telespectador se identificasse com os personagens de Rui e Vani. Os autores da série criaram outras fórmulas, como Separação e o Os Aspones, mas sem repetir o mesmo sucesso da anterior.

Ao mesmo tempo que inovar era preciso, a Rede Globo resgataria fórmulas antigas que fariam enorme sucessos. Sai de Baixo que trouxe de volta os teatros como cenário, conseguiria depois de anos, derrubar a audiência do até então líder absoluto Silvio Santos, por outro lado A Grande Família, sucesso de audiência na década de 70, seria responsável por uma das maiores audiências da Rede Globo quase 30 anos depois, permanecendo no ar por quase 15 anos.
Atualmente o humor brasileiro ainda resiste e permanece como fonte de bons números de audiência para as emissoras de TV, especialmente a Rede Globo que abusa do gênero em diversas séries e programas exibidos ao longo de sua programação.
Mas existem momentos em que humor pode se transformar em dor de cabeça para as emissoras e uma certa indigestão em quem assiste. O Pânico na TV, chegou como uma grande novidade no universo do humor, exibido durante anos pela Rede TV e depois se transferindo para a Band, o programa criado na rádio, torna-se sucesso absoluto de audiência, mas com o decorrer dos anos, escorregou em piadas maldosas, quadros que beiravam o mundo cão e acumulou diversos protestos de artistas que se sentiam humilhados diante da forma pesada que o programa utiliza para fazer “graça” e com isso atualmente agoniza na audiência, devido ao desgaste de sua fórmula. Outra produção da mesma emissora que viu seu público evaporar foi o CQC, que durante um bom tempo,mantinha bons números no ibope e trazia uma forma inteligente de rir, mas alguns anos depois o programa viu seus números caírem e mesmo com reformulações na equipe, atualmente o CQC, passa quase que despercebido.
Entre erros e acertos nos últimos anos, podemos destacar a produção do programa Tá No Ar, encabeçado por Marcelo Adnet, (ex MTV), isso por uma postura quase inédita na história da emissora dos Marinho, onde uma produção da Rede Globo usa e abusa de um humor sem limites, mas de forma inteligente, rompe as fronteiras da emissora, usando fórmulas de outros canais para mostrar que ao mesmo tempo em que a TV pode entreter milhares de telespectadores é também responsável por alienar grande parte deles!
Lucca Cardoso
Formado em Radio e TV pela Universidade Cruzeiro do Sul
Educador da disciplina Cultura Digital
Twitter: @LuccaCardoso