Coluna: “Xuxa Meneghel”: o programa errado para a Xuxa que o Brasil tanto sonhou em ver

Coluna: “No Mute” – por Murilo Oliveira
Passadas oito edições do programa “Xuxa Meneghel”, a Rede Record cumpriu o que prometeu: Estamos vendo a Xuxa que o Brasil queria ver.
Em um ano decisivo em sua carreira, Xuxa, 52, assumiu um de seus maiores riscos, ao trocar o poderio da TV Globo pela Rede Record. A decisão de inicio criticada pela maioria das pessoas foi sendo repensada quando a loira afirmou no dia da assinatura de seu contrato, nas instalações da TV Record, na Barra Funda, em São Paulo, que a troca havia sido motivada por sua renovação na televisão. Como citado pela própria apresentadora, que estava na geladeira da Globo, muitos de seus projetos foram recusados pela emissora carioca e que estava na hora de sentir novos ares, enfrentar novos desafios e mostrar para os telespectadores que seu nome tinha ainda muito a contribuir para a história da TV.
Muita expectativa foi sendo criada para a estreia da loira, e como seria o programa em que finalmente, a apresentadora teria liberdade para fazer o que sempre quis na televisão. O visual cada vez mais afinado com o da americana Ellen DeGeneres, 57, foi massivamente comparado. Entretanto, na estreia do seu programa, no dia 17 de agosto, Xuxa levou ao ar um rápido bate papo fake com Ellen, onde deixou claro que seu talk show e sua figura, seriam suas principais referências na sua nova fase profissional.
Desde a primeira edição do programa até a última no dia 5 de outubro, estamos conhecendo uma nova Xuxa. Totalmente desprendida de qualquer roteiro, e longe de estar engessada, a apresentadora nos apresentou uma nova faceta, que até então, era desconhecida do grande público. Falar o que quiser, na hora em que bem entender. Essa é a nova Xuxa. A eterna rainha dos baixinhos nos deu não somente uma nova leitura de sua figura, mas também nos proporcionou uma nova opção na TV aberta.

A nota que seu programa merece é a mesma que vem marcando seus números no ibope: sete. Fora o nome de Xuxa, o programa passa longe de ser um primor na televisão e passa ainda mais longe, de cumprir ser aquilo que havia dito. Com direção de Mariozinho Vaz, que havia deixado o comando do “Mais Você” da TV Globo, para liderar o novo desafio da apresentadora, o programa poderia ser resumido nas palavras “bagunça” e “vazio”.
Não é bom para nenhuma atração ser carregada somente pelo nome de quem o apresenta. Neste caso, é o que vem acontecendo com o “Xuxa Meneghel”. Mesmo com a marca Xuxa sendo uma das maiores, se não o maior, nome feminino vigente da nossa TV, o resultado é fraco. Compensado pelo faturamento ou não, é difícil imaginar que a direção da emissora paulista esteja satisfeita com o que tem sido produzido. O programa mistura o vazio com alguma coisa, salvo a figura simbólica da Xuxa. O quadro que poderia representar a atração, “Toc Toc”, tem uma edição tão rápida, para não dizer ‘descuidada’, que a gente se pergunta se realmente é necessário a Xuxa viajar com a sua produção para apresentar somente alguns minutos que vão ao ar.
Outro quadro recém estreado, “Meias Verdades”, é tão fraco que lembra aquelas brincadeiras de roda que fazemos entre amigos, quando estamos com tédio. Desperdiçar um tempo tão caro na TV com minutos de histórias pessoais de verdade ou mentira, é tão desnecessário quanto o programa tem se tornado. Fora isso, em alguns momentos, a atração chega a ser tão didática, que poderia ser introduzida dentro de programas da TV Brasil ou da TV Cultura. Mas há de se destacar que o quadro “Contos de Fadas” tem sido o maior acerto até então. Enfim, uma ressalva.
É necessário encontrar um ponto de equilíbrio entre a Xuxa que o Brasil está vendo, com o programa que ele está sendo obrigado a ver. Como disse acima, não é um primor, mas também não é ruim. É fraco. A renovação da apresentadora não precisa somente ser fixada na sua nova imagem ou numa nova maneira de agir. Com um nome de seu porte, Xuxa pode ditar uma nova tendência, ser a sua própria referência.
Enquanto a criatividade do programa for limitada em fazer ligações, bater em portas para tirar fotos com fãs, ou fazer leituras de postagens do facebook, virão à nona, décima, décima primeira derrota para o Ratinho. Confesso até que estou gostando muito da Xuxa que tenho visto, mas estou engolindo o que ela vem nos apresentando. E tudo aquilo que é engolido à força, pode ser rejeitado a qualquer momento.
Murilo Freire de Oliveira (Muquita)
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