Em Brasília: 19h45 – Formato implantado pelo SBT coloca jornalismo da emissora refém de Band e RedeTV!

Em Brasília: 19h45 – Formato implantado pelo SBT coloca jornalismo da emissora refém de Band e RedeTV!

O telespectador brasileiro de três das cinco maiores redes de TV aberta do país, se depara hoje com um fato curioso: SBT, Band e RedeTV! levam ao ar, praticamente no mesmo horário, seus principais telejornais. Além da coincidência nos horários, outro fato chama atenção. O SBT, após colocar uma “mordaça” em Rachel Sheherazade, passou a concorrer contra um modelo por ele mesmo implantado e que se popularizou no Brasil, a partir de 22 de agosto de 1988, quando Silvio Santos estreou o “TJ Brasil”, ancorado por Boris Casoy, hoje na concorrência, apresentando o “RedeTV News”. O formato que prioriza o âncora é também um grande atrativo do “Jornal da Band”, que conta com apresentação e opiniões de Ricardo Boechat. Com o “SBT Brasil”, das 19h45 as 20h30, o telespectador conta com três jornais simultâneos no horário, com “Jornal da Band” (19h20 as 20h25) e “RedeTV News” (19h30 as 20h40).

 

O “TJ Brasil” foi uma tentativa do SBT em dar mais credibilidade ao setor, ampliando assim seu faturamento publicitário com um telejornalismo forte. O telejornal tornou-se notório no Brasil por introduzir a figura do âncora, modelo “importado” da televisão norte-americana. Obteve tanto êxito durante sua exibição, que o SBT chegou a implantar uma espécie de padronização dos telejornais de suas afiliadas, fazendo com que os nomes dos telejornais locais tivessem o TJ inicial mais o nome do estado (exemplos: TJ Paraná, TJ Rio, TJ Rio Grande, TJ São Paulo, entre outros). O “TJ” fez inclusive a Globo deixar o “Jornal Nacional”, um pouco mais informal.

 

Em 15 de agosto de 2005, o SBT voltou a investir no segmento com a estreia do “SBT Brasil”, com Ana Paula Padrão. Hoje, seu principal telejornal continua sendo o “SBT Brasil”, agora com apresentação de Rachel Sheherazade, Carlos Nascimento e Joseval Peixoto. Rachel e Joseval foram anunciados como grandes diferenciais da nova fase, em 30 de maio de 2011, com liberdade opinativa e “sem papas na língua”. Rachel foi contratada justamente por um comentário polêmico sobre o Carnaval, na TV Tambaú (SBT). Outrora, sofrendo pressão política, Silvio Santos ordenou o fim dos comentários e os âncoras deixaram de emitir opiniões, sendo transformados em simples leitores de teleprompter.

Sem opiniões e comentários, SBT Brasil perdeu identidade editorial.

Sem opiniões, o principal telejornal do SBT perdeu fôlego e constantemente é derrotado pelo “Jornal da Band”, ancorado por Ricardo Boechat e Paloma Tocci. Já o “RedeTV News”, ancorado por Boris Casoy e Amanda Klein, ainda não chegou a incomodar o SBT, mesmo com uma visível melhora nos últimos meses e a participação sempre polêmica de Reinaldo Azevedo. Vale ressaltar, no entanto, que o porte das três emissoras é distinto e 2 pontos para a RedeTV! e 5 para a Band são considerados ótimos desempenhos, enquanto que para o SBT, 5/6 pontos no horário, está abaixo do padrão e do seu potencial para o horário nobre.

Boris Casoy e Reinaldo Azevedo trazem novo gás ao RedeTV News. Audiência ainda é prejudicada pela fraca grade que antecede o programa.

O SBT necessita rever com urgência o formato do seu principal telejornal, inclusive seu pacote gráfico, cenário e principalmente, seu papel de “formador de opinião”. É deprimente para a credibilidade do setor e dos ótimos profissionais da emissora que o “Jornalismo que evolui – Princípios que não mudam”, ainda dependa totalmente do estado emocional de Silvio Santos.

Com opinião e liberdade editorial, Jornal da Band vive ótima fase em audiência.

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