Exclusivo: Entrevista – Letícia Dornelles
Não posso começar a Entrevista sem agradecer a sua simpatia e humildade em prontamente me atender. A partir de agora você é da família.
Sem mais espera, vamos começar…
(Bastidores da TV)
Ser mãe é uma dádiva, isso é o que mais se escuta. E é realmente verdade. Como é esta experiência na sua vida? Com o dia das mães se aproximando o que gostaria de receber do seu filho e de retribuir para sua mãe?
Resposta:
“A maior felicidade da minha vida é meu filho Patrick, que completa 4 anos no dia 17 de Agosto. Nunca pensei que fosse dizer isso, mas o tempo voa. Outro dia, era um bebezinho. Já está um menino grande. Ele é uma bênção. É um menino inteligente, carismático, simpático, sedutor, cheio de ideias criativas. O meu melhor presente vai ser sempre a companhia dele. Não sou apegada a coisas materiais. Ainda mais no que se refere ao meu filho. Um beijo do Patrick é o que tem mais valor pra mim. Quanto à minha mãe, sempre dou flores e preparo um almoço especial”.
Reprodução Instagram
(Bastidores da TV)
Você é Gaúcha de Uruguaiana, mas atualmente vive no Rio de Janeiro. Está mudança foi recorrente ao seu trabalho? Em quais dos dois lugares diria que é melhor para se viver, visto a sua experiência.
Resposta:
“Minha família é de São Borja. Meus avós se mudaram pra Uruguaiana e, lá, meus pais se conheceram. Meu pai é militar da Marinha e veio transferido para o Rio. Gosto muito da vida pacata do interior. Amo visitar minha terra. Rever minhas raízes. Faço questão que meu filho tenha contato assíduo com a cultura gaúcha e com os parentes que continuam por lá. Com o tipo de trabalho que realizo, poderia viver em qualquer lugar. Mas a facilidade do Rio de Janeiro é fator determinante pra me acomodar por aqui. Não tenho carro, faço tudo a pé. É um estilo de vida muito prático”.
(Bastidores da TV)
Comentar sobre TV no “Twitter” especialmente sobre “realitys” e carnaval é um dos seus “hobbies”. O que mais te incomoda e mais te agrada nestes formatos? Aceitaria participar de um, não tão extremo, mas semelhante ao Troca de Família?
Resposta:
“Adoro reality show. É realmente uma diversão. Não entro em discussões pseudo-filosóficas sobre ser um programa alienante. Vejo como entretenimento, sem maiores conjecturas. Não me apego a participantes. Não voto. Mas gosto de acompanhar. Não aceitaria participar porque tenho um filho pequeno. Não aguentaria ficar longe dele por tanto tempo. Mas acho válido quem se dá essa experiência. Não recrimino. Toda situação é válida desde que acrescente algo a quem a vivencia. Seja dinheiro ou exposição. Que cada um encontre o que busca”.
(Bastidores da TV)
Você estreou na Rede Globo como repórter do Fantástico. Voltaria a exercer a função de repórter caso recebesse um convite? Observando as constantes mudanças na apresentação e detalhes na linha editorial do Fantástico, vê nele ainda hoje potencial para ser o primeiro colocado? Qualidade caiu?
Resposta:
“É verdade que comecei como repórter do Fantástico. Foi um aprendizado muito interessante. Mas minha vida seguiu outro caminho, o da ficção, da dramaturgia. Não me vejo mais como repórter. Um quadro de entrevistas seria interessante e viável. Gosto de conversar. Mas reportagem de cotidiano não me interessa mais. Vejo muito pouco o Fantástico. Prefiro o Domingo Espetacular, da Record”.
(Bastidores da TV)
No quesito apresentação, sob o seu domínio você comandou o Globo Esporte, Rio Urgente (Record) e o Esporte Total (Band). Sente saudade daquela época?
Resposta:
“Adorava trabalhar com esporte e apresentar programas. Tenho carinho e saudade daquele tempo. Muitas pessoas me reconhecem na rua até hoje por causa desses trabalhos. Cobri grandes eventos, conheci alguns dos maiores atletas do planeta, viajei, e me diverti muito”.
(Bastidores da TV)
Após sua saída da Bandeirantes, retornou a Globo desta vez não para o jornalismo, mas sim para a oficina de roteiristas. Colaborou Manoel Carlos no sucesso “Por Amor” e foi co-autora na novela “Andando nas nuvens”. Como foi esta experiência para a sua carreira? Chegou a escrever diálogos completos para Manoel Carlos?
Resposta:
“Eu me inscrevi na Oficina de Autor pelo correio. Li a chamada no jornal. Precisava mandar pra Globo um roteiro baseado num poema de Vinicius de Moraes. Nunca tinha escrito um roteiro, nem feito curso. Escrevi com a cara e com a coragem, e enviei. De 600 trabalhos recebidos, 30 foram selecionados, e 12 fizeram o curso, que era eliminatório. Da turma, apenas eu fui contratada. Manoel Carlos precisava de um colaborador, e solicitou à emissora, que encaminhou pra ele meu trabalho, escrito no curso. Ele gostou e me ligou pessoalmente pra convidar. Eu escrevia “pau a pau” com ele. Não tinha essa de escrever ceninhas. Eram capítulos completos e ele não alterava nada do que eu escrevia. Foi um prazer imenso”.
Abertura novela ‘Por Amor’
Abertura novela ‘Andando nas Nuvens’
(Bastidores da TV)
Está é curiosidade total, como é colaborar outro autor em uma novela? Este processo se dá como?
Resposta:
“Cada autor tem um estilo de trabalho. No caso do Manoel Carlos, ele me ligava, dizia o que queria no capítulo, especificava o teor das cenas, quais os personagens que eu poderia utilizar, e deixava por minha conta o tamanho das cenas e o texto em si. Escrevi um livro em forma de roteiro de TV que, na comédia, conta como se dá o processo criativo de uma equipe de autores. Como Enlouquecer Em 10 Lições, editora Record”.
(Bastidores da TV)
De volta a Record, você recebeu a difícil missão de reformular a novela Metamorphoses que vinha naufragando no ibope. Acredita que conseguiu dar conta do recado? Quais eram os pontos cruciantes ao ser ver que levaram a novela não cair no gosto do público?
Resposta:
“A novela Metamorphoses era um sonho da Arlette Siaretta, dona da produtora Casablanca. Um presente que ela queria dar a si mesma. As críticas são muito injustas. É importante avaliar o investimento, as oportunidades de parceria, e os talentos ali revelados. Escrevi apenas um mês de novela. Já estava marcada pra ter um final. Eu apenas consegui adiar um pouco. Fui a 12ª autora a pegar o texto, se não me engano”.
Metamorphoses foi o primeiro trabalho da atriz em novelas
(Bastidores da TV)
A vida é repleta de desafios e surpresas, a sua não é diferente. Em 2006 no SBT estreou o programa “Minha vida é uma novela” na qual você trabalhava como autora principal. Devido à baixa audiência o programa saiu do ar. A que você atribui esta baixa?
Resposta:
“Escrevi 48 especiais, mas só dois foram ao ar. Muitos tinham sido gravados. Adorava o projeto. Mas o SBT levou ao ar 4 episódios de outra autora antes dos meus. Quando entrei no ar, o ibope já estava baixo, e Silvio tinha desistido de manter. Eram temas pesados pro horário de 18h. Os textos eram adaptação de roteiros da Televisa e continham muita violência, estupros, pancadaria de casais, crimes. Por mais que se aliviasse o texto, o teor era pesado pro horário”.
(Bastidores da TV)
Em 2007, você teve uma grande oportunidade no SBT. Adaptar o texto da novela mexicana “Amigas e Rivais”. Como foi esta experiência? Este processo de adaptação ocorre de que maneira?
Resposta:
“O convite pra escrever Amigas e Rivais veio a partir do meu trabalho em Minha Vida É Uma Novela. O diretor de teledramaturgia gostou do meu texto, Silvio também, e me confiaram a missão. Foi uma experiência maravilhosa e extremamente cansativa. Escrevi sozinha os 187 capítulos. Recebia um a um os capítulos traduzidos, sem conhecer a trama completa. Teria sido mais interessante e produtivo se eu tivesse recebido toda a novela pra ler antes de começar a escrever. Pra ter uma visão completa da trama e do desenvolvimento de cada personagem. Tive que ir adaptando os recursos à medida em que as situações surgiam. Não era uma simples tradução. Eu reescrevi tudo”.
Abertura novela ‘Amigas e Rivais’
(Bastidores da TV)
Vários personagens de Amigas e Rivais ficaram marcados na memória dos brasileiros, principalmente a vilã Rosana Delaor, vivida pela atriz Talita Castro, sendo vista com frequência como gifs animados em fóruns de TV como o “Expertv”. De todos os personagens da trama, qual mais te agradava escrever? Se recebesse uma proposta adaptaria outro texto latino? Qual mais lhe chama a atenção?
Resposta:
“Eu adoro escrever e não tenho preconceito com tramas latinas. Trabalharia num remake mexicano com o maior prazer. Gosto de escrever vilões e personagens cômicos. Com certeza, a vilã Rosana Delaor foi um marco. Chegou num ponto em que o texto fluía como se Rosana fosse uma pessoa de verdade ditando as ações no meu ouvido”.
Melhores momentos da vilã Rosana Delaor
(Bastidores da TV)
Quem tem a oportunidade de te acompanhar no “twitter” sabe que você é fã de “reality”. Um deles, a Fazenda, até já serviu de apoio em um texto seu. Quais famosos gostaria de ver neste formato?
Resposta:
“O fato de o Quintino, protagonista da Família Trapo, ser vencedor da Fazenda, foi indicação da própria emissora. Achei a ideia divertida e desenvolvi. Não tenho preferência por participantes de reality show. Mas o elenco é fator fundamental pra despertar o interesse do público e dar tempero ao programa. Tem que ter várias personalidades polêmicas e sem papas na língua. Senão, vira piquenique”.
(Bastidores da TV)
O que mais te agrada e o que mais te causa repulsa na TV aberta?
Resposta:
“Gosto de teledramaturgia. Sempre assisto estreias. Se o produto for interessante, sigo vendo. Também assisto ao noticiário pra me manter informada. Sobre repulsa, acho um termo forte, mas não gosto de programas policiais”.
(Bastidores da TV)
Rede Record representa para você…
Resposta:
“É uma casa que me acolhe com muito carinho e que me dá plenas condições de trabalho. Tenho bom relacionamento com os executivos e Bispos da Record. Meus melhores trabalhos em teledramaturgia foram na Record”.
(Bastidores da TV)
Em seu regresso a Rede Record em 2009, sob autoria sua tivemos Louca Família, Marcas da Vida, Nova Família Trapo, Tá Tudo em Casa, além do seu trabalho como roteirista no Show do Tom. Destes quais você tem um carinho especial e gostaria que voltasse ao ar?
Resposta:
“Tá Tudo Em Casa e Família Trapo são muuuuuito especiais na minha vida. Creio que o futuro da teledramaturgia são as séries e minisséries. Dá um prazer imenso escrever dramaturgia”.
(Bastidores da TV)
Está nos seus planos apresentar mais textos a Rede Record este ano?
Resposta:
“Estou sempre em contato com o vice presidente artístico, Sr. Marcelo Silva, e com o diretor de teledramaturgia, Anderson Souza. Já mandei novos textos, sim. Vamos aguardar os acontecimentos… Independente disso, sou profissional, e estou aberta a novos desafios”.
(Bastidores da TV)
Muito se espiculou sobre os especiais de fim de ano da Rede Record, cogitaram que um deles se tornaria fixo na grade. É realmente verídica esta informação? Você foi informada de alguma decisão?
Resposta:
“Quando estávamos produzindo os especiais, havia realmente essa possibilidade. Dávamos como certo que, ao menos um dos meus especiais entraria na grade. Porém, não aconteceu. Mas vamos em frente. Sempre esteve muito claro que “garantido” estava apenas o “Casamento Blindado”.
(Bastidores da TV)
Recebeu alguma proposta recentemente de alguma outra emissora? Que tipo de projeto te atrairia para fazer esta mudança?
Resposta:
“Não tenho contrato no momento. Estou aberta ao que vier”.
(Bastidores da TV)
Defina em uma frase o que a “FAMÍLIA” representa para você.
Resposta:
“Minha vida”.
(Bastidores da TV)
Quando você foi assinar seu contrato com o SBT, teve um encontro com Silvio Santos. Qual foi a sua primeira impressão quanto a ele?
Resposta:
“Silvio dirigiu a negociação. Foi com ele que tratei de valores e termos. Silvio me tratou com muita simpatia e simplicidade. Conversamos no camarim dele, após uma gravação. Me senti em casa. Com um amigo de longa data. Silvio me recebeu na porta do camarim, e foi logo dizendo:”fica à vontade.” Conversamos sobre diversos assuntos ligados à TV, rimos muito. É uma pessoa que eu gostaria de rever. Silvio não enrola. Ou é ou não é”.
(Bastidores da TV)
Em 2002 pela Editora Record foi lançado seu livro “Como enlouquecer em 10 Lições”. De que maneira se sucedeu este convite? Pretende lançar mais algum livro?
Resposta:
“Eu escrevi e mandei pra editora. Gostaram e decidiram publicar. Tenho muitas ideias e cheguei a rascunhar outros livros. Mas o mercado é muito ruim. Não dá retorno financeiro. E tenho outras prioridades. Não escrevo por vaidade. Escrevo como profissão”.
Escolha a loja de sua preferência e compre o livro da Letícia Dornelles:
(Bastidores da TV)
Quais foram seus últimos livros lidos? Indique aos leitores do Bastidores da TV alguns.
Resposta:
“Tenho lido a Bíblia. Estudo o Evangelho. Li também o livro da Tina Fey. Recomendo”.
Compre o livro indicado pela Letícia:
(Bastidores da TV)
Para encerrar deixe uma mensagem para todos aqueles que acompanham e torcem para o sucesso do seu trabalho.
Resposta:
“Agradeço o carinho e o interesse pelo meu trabalho. Sempre que escrevo, penso no público que está em casa. Não escrevo pra mim. Procuro tocar o coração e fazer rir quem está do outro lado da telinha. Fico feliz quando sei que o objetivo foi atingido: entreter com qualidade”.
OBRIGADA PELO CARINHO E INTERESSE 🙂
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Até a próxima Entrevista #Partiu
