Coluna: Gugu quebra a barreira e consegue fazer jornalismo na Record

No dia 25 de fevereiro de 2015, Gugu Liberato retornou a TV brasileira após quase dois anos longe das telinhas. Desde quando o loiro saiu do ar em 2012, foram muitas especulações sobre o novo passo profissional do apresentador, uns apostaram na sua volta ao SBT, outros na sua estreia na BAND e até uma hipótese de sua ida para a Rede TV! foi levantada. Depois do acordo fechado devido à rescisão do contrato com a Record e passar um bom período viajando pelo mundo com a família, Gugu surpreende acertando sua volta a emissora dos bispos com a promessa de retornar com um “mix” de tudo que já vinha feito em sua carreira, com um diferencial interessante, saindo do final de semana e comandando seu programa durante três dias da semana em pleno horário nobre.

Desde sua estreia na TV até a segunda metade dos anos 2000, o forte de Gugu Liberato eram os musicais e os games com a participação de famosos. O extinto “Viva a Noite” e o “Domingo Legal” nos anos 90 se caracterizavam nessa mistura, gincanas entre os sexos masculino e feminino com muitas atrações musicais. Na época onde as redes sociais não existiam e saber curiosidades sobre os famosos só existiam por meio de revistas, Gugu investia pesado no entretenimento se tornando um nome forte desse segmento na época.

Em 1996, o Brasil conhece uma tática de Gugu que eu particularmente gosto muito: o jornalismo. No auge da inesquecível guerra dos domingos entre Gugu e Faustão quem ousassem mais levaria a melhor. Em uma época onde o jornalismo aos domingos era quase nulo, Gugu repercutia capas dos principais jornais e revistas do Brasil, além de usar e abusar do “helicóptero do Gugu” que sobrevoava São Paulo atrás de noticias factuais durante toda a tarde. O “Noticia Urgente” se caracterizou em realizar grandes coberturas como: A morte do grupo Mamonas Assassinas (1996), o sequestro de Wellington Camargo, irmão da dupla Zezé di Camargo e Luciano (1998), a rebelião no Carandiru com a presença da cantora Simony então gravida do detento Afro X (2001) e nas enchentes em São Paulo no período de verão. Gugu era um excelente âncora de noticias em seu programa de auditório e conseguia atingir a liderança absoluta durante as coberturas. Com o tempo Faustão também começou a investir em jornalismo em seu “Domingão” escalando Britto Jr para função, porém sem sucesso.
Quando em 2009, Gugu trocou o SBT pela Record, o loiro foi também seduzido pela força jornalística da emissora da Barra Funda além de sua estrutura de engenharia. De fato Gugu recebeu da Record total investimento na realização de seus quadros assistenciais com o auxilio de uma equipe de produção grandiosa. Quanto ao jornalismo, pouco pode ser feito no existindo “Programa do Gugu” o que deixou o apresentador um tanto chateado. O motivo era obvio, todas as pautas jornalísticas do domingo deveriam ser abordadas apenas pelo “Domingo Espetacular”, fato esse que não ocorre atualmente vendo que a base do “Domingo Show” é jornalística.
Nessa sua volta a Record, Gugu está sendo amparado pelo setor de jornalismo da emissora. No inicio o programa “Gugu” quis apostar em quadros de sucesso do apresentador voltados ao entretenimento: Taxi do Gugu, Mão no Bicho, Gugu Na Minha Casa, Acordando os Famosos e os musicais. Todos sem grande repercussão, o quadro onde famosos colocam a mão em um buraco para descobrirem que bicho estava pegando só foi apresentado uma única vez. Outro quadro que não passou de uma edição foi o “Quem é esse mostro?” onde um artista se transformava em um ser assustador e o público precisava adivinhar de quem se tratava.
Uma grande aposta de Gugu Liberato foi sua volta em apostar no jornalismo factual e ter a Record como aliada, o que não ocorria em sua primeira passagem pela emissora. O público respondeu imediatamente, as pautas jornalísticas conseguem atingir os maiores números de audiência. Essa aposta no jornalismo vem fazendo Gugu trabalhar dobrado, gravando nos finais de semana e feriados. Gugu foi alvo de várias críticas devido suas entrevistas polêmicas com “detentos famosos”: Suzane von Richthofen, Sandra Regina (Sandrão) e Goleiro Bruno. Pela curiosidade dos telespectadores não é um erro de produtores em recorrer a esse tipo de pautas para um programa de televisão, porém acho que Gugu não era o entrevistador ideal para realizar perguntas a esses detentos, algum jornalista do meio policial deveriam conduzir a conversa. Não é do perfil de Gugu Liberato esse tipo de matérias, mas enfim, as matérias foram ao ar e ganharam grande repercussão.
Gugu Liberato é um dos poucos apresentadores que conseguem transitar entre o entretenimento e o jornalismo magistralmente. Ele tem a simpatia do grande público e consegue arrancar de seus entrevistados informações importantes e curiosas, foi assim com Netinho da Bahia, Luiz Bacci e Val Markiori.
Até o momento o programa “Gugu” só teve a oportunidade de realizar uma grande cobertura, foi no dia 02 de abril sobre a queda de um helicóptero em São Paulo vitimando 5 pessoas, entre eles o filho do governador Geraldo Alckmin. No palco Gugu repercutiu o assunto pouco depois da divulgação oficial da morte de Thomaz Rodrigues Alckmin e o jornalismo da emissora se mostrou bastante eficiente com informações atualizadas e links em pontos importante para uma melhor abordagem do acontecimento.

Gugu é experiente em grandes coberturas e com esse apoio do jornalismo da Rede Record é uma boa oportunidade de sua credibilidade voltar a ganhar força, abalada devido a polêmica reportagem com falsos membros do PCC, que foi o estopim para o núcleo de jornalismo do “Domingo Legal” ser desmontado na época. O ruim de apostar apenas de pautas jornalísticas é a necessidade de sempre depender de acontecimentos fortes para ganhar a atenção dos telespectadores e se sobressair entre os concorrentes. A verdade é que apenas agora Gugu Liberato está conseguindo utilizar os recursos jornalísticos da Record e ele com certeza irá usufruir demais dessa grandiosa estrutura.
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