Opinião: A imprensa no suposto estupro coletivo e o emblemático caso da Escola Base

Opinião: A imprensa no suposto estupro coletivo e o emblemático caso da Escola Base

Julioo12111

Demorei para me posicionar sobre o suposto estupro da menina de 16 anos que comoveu o Brasil esta semana, não por omissão e sim por cautela. Condeno qualquer tipo de violência gratuita e estupro, se comprovado, deve sim ser exemplarmente punido. Falo isso, porque a imprensa nacional há 22 anos condenou inocentes no emblemático caso da “Escola Base”. Um erro que destruiu vidas e deveria servir como paradigma.

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Hoje leio que o ex da garota afirma que ela inventou o estupro devido as imagens terem sido divulgadas na internet. A suposta vítima declarou em entrevista exclusiva ao SBT que contou 33 violentadores, ao mesmo tempo que estava dopada. Durante toda a semana, a imprensa nacional tratou o caso do Rio de Janeiro com destaque. Os principais telejornais exibiram grandes reportagens sobre a polêmica. Alguns jornalistas até ousaram comentar o caso prejulgando qualquer hipótese do contraditório.

Todo jornalista ou formador de opinião deve antes de mais nada aguardar a conclusão do inquérito. Não se pode pela emoção pressionar a polícia ou a população para que se puna, sem que haja certeza. Se o estupro ocorreu que os 33 rapazes, ou quantos realmente participaram do caso, sejam detidos e paguem pelo ato. Só temos que ter cautela para que um novo caso da Escola Base não manche ainda mais a história da imprensa nacional. Outra coisa: compartilhar um vídeo pelas redes sociais de uma garota menor de idade, em ato sexual, concedido ou não, é tão grave o quanto a suposta ação.

Globo, SBT, Band, Record e diversos jornais foram processados no caso de 1994 em São Paulo. Os envolvidos em supostos abusos sexuais de menores na escola que foi fechada por pressão da mídia e os donos quase linchados, gerou ações indenizatórias gigantescas e um capítulo obscuro e vergonhoso na liberdade de imprensa.

Minha solidariedade e pedido de justiça a todas as mulheres e crianças que são vítimas de violência todos os dias neste país que mais impune que pareça não admite nem entre bandidos o crime de estupro.

Júlio Fantin

@jcfantin

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