Coluna: Poliana Abritta é o jiló na janta de muita gente

– Odeio jiló!
– Eu não gosto de quiabo!
– Jamais vou comer cará. Detesto!
Você, provavelmente, já ouviu esses diálogos em alguma conversa na casa da sua avó. Ou até citou as frases em alguma situação em que os legumes eram oferecidos numa refeição, cujo tema seria a comida mineira. Como natural das terras das gerais, confesso que estou acostumado com as afirmativas quase que diariamente. E tenho uma resposta sempre pronta para questionar tanta abominação que é, muitas vezes, um exagero ou condicionamento de “conversas fiadas” de gente que nunca provou as iguarias e foi passando o discurso de geração em geração. Pergunto: você não gosta, mas já experimentou? A dúvida é respondida com um olhar de constrangimento: “não, nunca”. Acima da minha cabeça sobe um balãozinho desenhado por Maurício de Sousa com os dizeres: como fulano pode detestar algo que nunca colocou na boca?
Poucas pessoas afirmam que degustaram e não curtiram, e eu entendo que nem todo apreciador da boa mesa está preparado para sabores quase exóticos. Afinal, somos acostumados a devorar latas de brigadeiro e produtos adocicados com o melhor da cana de açúcar. A indústria do doce vende mais, não é mesmo? Assim como as especulações dos bastidores da TV.
A atual apresentadora do “Fantástico”, a linda Poliana Abritta, é como um jiló, na minha humilde análise dos conteúdos da TV brasileira. Esperei passar dois fins de semana antes de emitir qualquer opinião sobre o desempenho dela à frente da revista eletrônica dominical da Rede Globo. Acompanhei nas colunas de outros colegas sobre o troca-troca de cadeiras na emissora. Fui bombardeado com comentários de twitteiros antes e durante a estreia dela ao lado de Tadeu Schmidt. Ouvi boatos de amigos jornalistas, e li na imprensa, que ela era protegida da alta direção. Enfim, é assunto para várias discussões na mesa do bar até quando alguém se levanta para saber onde é o banheiro e fugir do debate. Tem gente que não a assistiu e não apreciou. Outros criticaram. Na estreia, alguns observaram mais a tatuagem na perna dela do que a excelente reportagem que Poliana fez na Índia, com o Prêmio Nobel da Paz. Entender o mérito da repórter que alcançou o posto de apresentadora de um dos jornalísticos mais importantes da TV vai além do torcer a cara para algo que não se conhece. É o clichê: “disseram-me que era assim, não concordo e não gosto”.

A minha apreciação vem dos tempos em que a menina de olhos azuis aparecia no “Jornal Nacional” com reportagens de política e de economia, entrevistando os figurões do Congresso, e, espontaneamente, se dando bem no temido “ao vivo”. Se eu a observava como telespectador, imagine quem dirige os rumos da empresa? Poliana Abritta não caiu de paraquedas nas noites de domingo. Ela foi treinada para a bancada desde a época em que cobriu a licença-maternidade de Rosana Jatobá, no “Jornal Hoje”, quando assumiu os plantões de sábado. Logo depois, permaneceu na função, na ida de Mariana Godoy para a GloboNews, e, em seguida, substituiu Christiane Pelajo, quando a loira da madrugada tirava férias do “Jornal da Globo”. Na superfície das águas brasileiras, ancorou, por duas temporadas, ao lado de Ernesto Paglia, o “Globo Mar”, com um estilo mais informal de tratar a informação.

Se uma jornalista ou outra merece estar nas nossas casas para desejar uma boa noite antes do “Domingo Maior”, isso passa pela empatia do público com determinada figura. Para esses cargos – a apresentação de qualquer programa – não existe fila, em que alguém está à espera de ser chamado, após as “promoções” feitas internamente na empresa. A convocação para o trabalho se chama estratégia, sobretudo e principalmente, em prol da audiência. E a Globo pensou nisso no passado, quando vislumbrou a potencialidade da repórter Poliana Abritta, que está muito bem à vontade no estúdio do “Fantástico”.
Hasta la vista,
Juliano Azevedo
Jornalista e professor universitário. Chefe de Redação da TV Alterosa/SBT Minas
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