SBT afirma que continua investindo em novelas da Televisa, mas sucesso nacional pode ser surpresa para as tardes

Prestes a estrear a substituta de “A Dona” e logo mais adiante de “A Que Não Podia Amar”, nas “Novelas da Tarde”, o SBT ainda não bateu o martelo das tramas que assumirão a faixa após o “Casos de Família”. Procurada pelo Bastidores da TV, a emissora informa que está satisfeita com os índices das produções exibidas e que continuará com novelas mexicanas em sua programação até o final do contrato com a Televisa, em 2021. Devido a experiência positiva entre as emissoras que também inclui adaptações de novelas mexicanas infantis e licenciamento de marcas como “Chaves”, provavelmente uma nova renovação ocorra em breve. Vale ressaltar que o SBT também estuda contar com as tramas latinas em sua plataforma “SBT Play” ou “SBTFlix”, projeto futuro do canal.
Fãs de novelas mexicanas reportam ao Bastidores da TV que há diversas novelas já dubladas, mas até agora não exibidas pelo SBT. O jornalista Júlio César Fantin, tentando buscar informações sobre as supostas novelas dubladas que até agora não foram exibidas pelo canal, como é o caso de “A Intrusa” que a emissora mandou dublar ainda 2009, tendo Gabriela Spanic na interpretação de gêmeas. Mesmo exibindo diversas vezes o sucesso “A Usurpadora”, a emissora optou por engavetar “A Intrusa” devido sua grande semelhança com o clássico “A Usurpadora”, uma das razões pelas quais o SBT também jamais ousou em produzir um remake da trama.
“Não há novelas inéditas dubladas pelo SBT a espera de lugar na grade. Não se pode confundir novelas dubladas pela Televisa para vendas internacionais com as nossas. Nós respeitamos os chamados “bonecos”, que são as vozes características de cada ator. Isso acontece desde quando lançamos as novelas da tarde. Por isso, dublamos o título escolhido pouco antes do lançamento”, destacou a emissora em nota ao Bastidores da TV.

O SBT possui em seu vasto catálogo de opções, além das tramas mexicanas consideradas clássicas, outras novelas que aguardam uma oportunidade na grade da emissora. Analisando os números de audiência, a direção de programação costuma dar preferência para histórias protagonizadas por estrelas já conhecidas e adoradas pelo público brasileiro. Se seguir a mesma estratégia adotada nos últimos meses, provavelmente a emissora exibirá uma reprise e uma inédita. Consultada, a assessoria afirma que ainda não há uma definição das tramas e que as chamadas das atrações substitutas serão reveladas no momento oportuno.
Dentre as novelas que podem ocupar a faixa das “Novelas da Tarde” estão Três Vezes Ana (com Angelique Boyer), Um Refúgio para o Amor (com Zúria Vega), Amar a Morte (com Angelique Boyer), Triunfo do Amor (com Maitê Perroni e William Levy), O Imperdoável (com Ana Brenda), A Tempestade (com William Levy), Coração que Mente (com Dulce Maria), Paixão e Poder (com Fernando Colunga), entre outras tramas mais recentes.
Importante destacar que textos brasileiros como “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, obra baseada em uma peça de Dias Gomes, sendo produzida e exibida pela Televisa em 2017; e “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, baseada na obra de Jorge Amado, tendo sua nova adaptação exibida no primeiro semestre deste ano no México, não fazem parte das opções do canal de Silvio Santos. A primeira, depende do aval da família de Dias Gomes, uma vez que a Globo não detém mais os direitos dos textos do autor. Já a segunda, essa esbarra nos direitos autorais que ainda pertencem ao canal carioca, o que em tese, impede a exibição da trama mexicana em solos brasileiros.
“Éramos Seis” nas “Novelas da Tarde”

Nos corredores da Anhanguera há quem afirme que Silvio Santos prepara em sigilo uma reprise proibida do clássico “Éramos Seis”, novela já produzida pela Tupi, pela Record e pelo próprio SBT (1994), mas que possui os atuais direitos com a Globo, a qual estreará em outubro deste ano seu remake na faixa das 18h. As gravações já começaram e Glória Pires viverá Dona Lola, interpretada por Irene Ravache na obra produzida pelo SBT. Uma reprise de “Éramos Seis” pelo SBT certamente criaria uma nova batalha judicial entre as emissoras, como ocorreu com “Pantanal”, além de azedar o bom relacionamento entre as duas emissoras. Dificilmente uma medida judicial impediria uma eventual reprise de “Éramos Seis”, desde que sua exibição não seja anunciada muito tempo antes. Mesmo os direitos de uso da obra tendo expirados em 2014, dificilmente a emissora de Silvio Santos perderia o processo num primeiro momento e o entrave se alastraria por longos anos.
Com “Pantanal”, o autor Benedito Ruy Barbosa e a Globo chegaram a tentar impedir a reprise do grande sucesso da Manchete pelo SBT. A novela acabou sendo exibida até o fim, alcançando ótimos índices de audiência e uma decisão judicial a favor do autor se deu apenas alguns anos depois, tendo o SBT obrigado a desembolsar R$ 100 milhões em 2016, por danos morais. O caso ainda deverá se alastrar por anos, pois o jurídico recorreu da decisão. A Globo alegou na época que adquiriu com o autor os direitos da obra para um possível remake, esse que pode finalmente se tornar realidade com “Amor Pantaneiro”.
Por conta do prejuízo milionário da trama da Manchete, mesmo sabendo que de Silvio Santos não se pode duvidar nada, o SBT jamais exibirá novamente a melhor novela já produzida pelo canal, pelo menos em tese. A obra baseada no livro de Maria José Dupré, tem texto de Silvio de Abreu e do recém-falecido Rubens Ewaldo Filho.
Advogados consultados pelo Bastidores da TV explicam que há brechas na Justiça para uma eventual reprise de “Éramos Seis” pelo SBT. A situação é interpretativa no direito, uma vez que uma obra audiovisual já produzida e exibida por uma emissora, independente do tempo passado, em tese, sempre pertencerá a quem produziu. Mesmo que outra emissora tenha comprado os direitos do livro que baseou a novela, além do texto original da trama produzida pelo SBT há 25 anos, há entendimentos de que uma obra gravada vai além de um roteiro ou inspiração, o que permitiria a reprise. Situação semelhante a “Roque Santeiro” e “O Bem Amado”, que podem ter exibição no canal Viva, mesmo a Globo não detendo mais os direitos das obras originais. Para exibir a trama, o SBT poderia solicitar uma medida cautelar na Justiça. Por sua vez, a Globo também poderia entrar na Justiça para impedir sua reexibição pela concorrente. O entrave, à exemplo de “Pantanal” e da primeira exibição da “Casa dos Artistas” certamente acabaria se alastrando nos tribunais por diversos anos e nesse caso inédito na televisão brasileira, onde uma obra já produzida não pode ser reexibida pela sua produtora, uma ganha de causa torna-se imprevisível para ambas as partes. Em tempo, seria utópico ver ao mesmo tempo no ar as duas tramas baseadas no mesmo texto. Procurada pelo Bastidores da TV, a emissora nega uma reprise da novela, devido os direitos autorais. Silvio Santos, embora esteja menos ousado de uns anos para cá, no entanto, nunca ligou para isso.
Com novelas mexicanas ou clássicas nacionais, o dono do CDT da Anhanguera tenta recuperar a vice-liderança no horário das 17h15 às 19h45. Nem mesmo a estreia de um programa popular na faixa, por inúmeras vezes já cogitado por Silvio, se descarta para os próximos meses, ainda mais tendo como vitrine o queridinho “Primeiro Impacto” que anda fazendo bonito em audiência e em merchandising nos últimos meses.
Por ora, a reprise de “Éramos Seis”, às 17h15, antecedendo o remake da Globo é visto por muitos no SBT como uma “arma secreta” para elevar os índices da emissora e ao mesmo tempo esvaziar a concorrência. Mesmo sendo a reprise mais pedida pelos telespectadores, o folhetim foi reprisado uma única vez em 2001. Anos depois, o SBT devolveu aos autores o direito do texto.
Outrora, com o sucesso de “Bela, a Feia” (Record TV – 2009), nas tardes da concorrente, Silvio Santos chegou a cogitar uma reprise da mexicana “A Feia Mais Bela” (2006). A novela original foi exibida e reexibida pela Rede TV!. Betty, a Feia estreou em solos brasileiros em 2002. A trama colombiana foi o maior sucesso de audiência já alcançado pela sucessora da Rede Manchete. Curiosamente, no ano 2000 a Rede Globo havia adquirido os direitos da obra no Brasil para impedir a compra por sua principal concorrente, o SBT. A Globo nunca produziu a história e acabou permitindo a exibição da versão original pela concorrente de menor porte.
Siga/Participe:
*Escrito pelo jornalista Júlio César Fantin – Bastidores da TV
E-mail: colunajuliofantin@gmail.com
Twitter: @jcfantin
Facebook: @eusouojulio
Instagram: @juliocesarfantin