Coluna: A nada mole vida de Celso Portiolli no SBT

A vida profissional de Celso Portiolli no SBT daria um ótimo enredo de cinema. O apresentador jamais teve uma vida de certezas na emissora de Silvio Santos. Quando tudo parecia estar bem, apareciam decisões inesperadas que atrapalhavam seu caminho. Foram constantes trocas de horários, programas cancelados e até a temida geladeira ficando períodos sem gravar programas. Com seu Domingo Legal em plena forma, a alta cúpula do SBT resolve tirar duas horas de sua duração deixando os fãs da atração enlouquecidos nas redes sociais com a decisão. Saiba agora os altos e baixos de Portiolli no SBT.
Celso Portiolli ingressou no SBT em 1993 após enviar uma fita para Silvio Santos com sugestões de câmeras escondidas para o programa “Topa Tudo Por Dinheiro”. Celso havia enviado onze ideias, sendo sete aproveitadas, logo chamando a atenção do “Homem do Baú” que o convidou para trabalhar como redator do programa.
Portiolli se tornou apresentador do SBT no ano de 1996 após ganhar a confiança de Silvio Santos para substituir Angélica, que havia sido contratada pela Rede Globo, na apresentação do “Passa ou Repassa”. A escolha foi perfeita, Celso logo conquistou a simpatia do grande público e ajudou na elevação dos índices da atração chegando a incomodar a Rede Globo em algumas ocasiões.
Mesmo alcançando boa audiência no horário vespertino do SBT, Celso Portiolli não escondia de ninguém sua vontade de ocupar um espaço na grade dominical da emissora. Em 1997 esse sonho se tornaria realidade, ele apresenta o “Tempo de Alegria”, uma nova versão do extinto “Hot Hot Hot” comandado por Silvio Santos no ano de 1994. A atração era bem alto astral e apresentava cantores esquecidos pela mídia, quadros de namoro, competições entre casais, concurso de sósias e calouros. Quem não lembra do Chacal com o bordão “ Ih… Fora!” gongando os candidatos?
Semanas depois da estreia do “Tempo de Alegria”, Silvio Santos decretou o fim do programa sem mais nem menos deixando Portiolli ficou bastante chateado com a decisão de Senor Abravanel pelo fato de não ter dado chances para que o programa pudesse evoluir. Silvio não estava feliz com os índices alcançados pela atração, que apesar de garantir a vice-liderança para o SBT estava bem distante da Rede Globo. Estamos falando dos anos 1990 onde a disputa do IBOPE entre Globo e SBT era bastante ferrenha, ainda mais aos domingos. Porém meses depois o “Homem do Baú” resolve retornar com atração com uma novidade: Portiolli dividiria o palco com Otávio Mesquita que na época estava em alta graças a suas matérias exibidas no “Domingo Legal”. Alguns jornalistas noticiavam um desentendimento entre os apresentadores do “Tempo de Alegria” informando que Celso jamais teria engolido a ideia de dividir seu programa com outro apresentador, porém ele sempre fez questão de esclarecer em todas as entrevistas que seu relacionamento com Otávio Mesquita sempre foi o melhor possível. A verdade é que com ou sem Mesquita a atração não conseguiu se elevar, chegando ao fim de vez em janeiro de 1999.
Nos domingos, Celso Portiolli ainda apresentou o “Xaveco”, um game-show bastante divertido onde homens e mulheres tentavam achar sua cara metade. A atração fez muito sucesso na programação dominical da emissora, começando a ser exibido em 1998 permanecendo no ar por aproximadamente três anos. Com o fim do “Tempo de Alegria”, Celso voltaria ao comando do “Passa ou Repassa” que nessa fase desfilava pela programação do SBT devido as constantes trocas de horário que ocorriam nesse período. Celso ainda seria escalado para apresentar a terceira fase do “Fantasia” no ano 2000 ao lado de Christina Rocha, Márcia Goldschmidt, Lu Barsotti e novamente Otávio Mesquita.
Foi em 2001 que Celso Portiolli apresentou um dos programas mais importantes de sua carreira, o “Curtindo uma Viagem”. Semanalmente cinco amigos duelavam contra cinco amigas por uma viagem para algum lugar do mundo. O grupo deveria disputar provas emocionantes no palco e desafios radicais em externas. A atração era líder de audiência vencendo o “Planeta Xuxa” da Rede Globo aos domingos. Porém, mais uma vez Silvio Santos resolve intervir e tira o programa das tardes de domingo para exibi-lo nos fins de tarde do sábado. Nunca se pode mudar em time que está ganhando, correto? Nem sempre. A desculpa dada pelo SBT na época foi que a troca do domingo para o sábado pudesse salvar a grade vespertina da emissora desse dia. Nesse ano o SBT pontuava na terceira colocação do Ibope nas tardes de sábado, perdendo para o Raul Gil que era líder absoluto na Record e para os programas da Rede Globo. Celso Portiolli mais uma vez ficou bastante chateado com a atitude de Silvio Santos.
Com o avanço dos realitys shows na televisão brasileira, o SBT estreou no ano de 2003 o “Conquistador do Fim do Mundo” tendo Celso Portiolli como apresentador. O ano de 2002 havia sido muito difícil para o SBT devido a quedas bruscas em todos os horários da programação, em 2003 a emissora apostou em vários trunfos para reverter essa situação e o “Conquistador” foi um deles. O reality era uma competição entre cinco países (Brasil, Equador, Chile, EUA e México) com doze membros em cada grupo. Uma corrida emocionante envolvendo vários esportes radicais, o objetivo seria chegar ao farol no extremo sul do continente, localizado na Patagônia, Argentina, o local é conhecido por ser o “fim do mundo”.
Celso Portiolli não concordava com o horário da exibição do reality, aos sábados concorrendo com a novela das oito “Mulheres Apaixonadas”, porém confiava no taco de Silvio Santos. Portiolli estava certo, o horário do programa contribuiu bastante para o seu fracasso. O apresentador reconhecia da qualidade da atração e ficou triste com a pouca importância que a emissora deu ao grandioso projeto. Era nítido em várias entrevistas da época a infelicidade do apresentador com a emissora da Anhanguera.
Com o fim do “Conquistador do Fim do Mundo”, Celso Portiolli passou por uma fase nebulosa no SBT. Seus programas “Passa ou Repassa” e “Xaveco” começaram a ser reprisados na grade da emissora, Silvio Santos preferiu deixar o apresentador na geladeira ao invés de produzir edições inéditas dos programas. Meses depois, Portiolli foi escalado para apresentar o “Sessão Premiada”, solução encontrada pelo SBT para ocupar o horário deixado por Sonia Abrão nas tardes de sábado no ano de 2004. Além de chamar filmes e séries, Celso conversava com os telespectadores por telefone e os premiava em dinheiro.
No “Sessão Premiada”, Celso enchia o bolso com vários merchandising nos intervalos dos filmes/séries, mas era infeliz profissionalmente devido seu mau aproveitamento pela emissora. Enquanto esteve no “Sessão Premiada”, Portiolli comandou alguns programas paralelamente: “Código Fama” (2005), “Ver para Crer” (2006), substituindo Adriane Galisteu no “Charme” (2006), “Namoro na Tv e Etc” / “Curtindo com Reais”/ “Curtindo com Crianças” (2007), todos tiveram vida curta e pouca repercussão. Alguns programas caiam de paraquedas para Celso Portiolli, ele apresentava sempre da melhor maneira possível mesmo à contra gosto, comprovando o excelente profissional que é.
A nada mole vida de Portiolli no SBT fez com que o apresentador decidisse em deixar a emissora de Silvio Santos no ano de 2009. Porém ninguém poderia imaginar na saída de Gugu Liberato do SBT para Rede Record no mesmo ano, Silvio mais uma vez provou a confiança que deposita em Celso e o escalou para substituir Gugu no Domingo Legal. Após uma conversa complicada com o “Homem do Baú”, Celso mudou de ideia e optou em permanecer no SBT.
Quem vê Celso Portiolli no comando do “Domingo Legal” não imagina que Gugu Liberato um dia apresentou o mesmo programa. Celso marcou território e deu ao dominical novos ares permanecendo sempre na vice-liderança e não dificilmente alcançando o primeiro lugar. O SBT foi feliz em decidir manter o programa no ar após a saída de Gugu, o “Domingo Legal” se tornou um clássico e sempre foi a “mina de ouro” da emissora, graças à simpatia de vários anunciantes. Na última terça-feira fomos surpreendidos com a notícia que o SBT irá reduzir o dominical em duas horas de duração, ou seja, irá reduzi-lo pela metade, para a exibição de produções dos estúdios Disney.
Não é a primeira vez que o SBT tenta reduzir o “Domingo Legal”, no dia 1º de setembro de 2013, a atração teve apenas duas horas de duração a pedido de Silvio Santos, voltando há ter 4 horas já no domingo seguinte após uma queda brusca na audiência te toda a grade dominical do SBT. Acho uma péssima ideia da emissora em diminuir pela metade a atração, o programa de Celso sempre foi muito importante na programação do domingo, chegando em algumas oportunidades a ter uma média acima do programa “Eliana”.
O lado bom dessa história é o projeto de um novo programa para Portiolli nas noites de sábado, horário ocupado atualmente por sessões de filmes. Celso afirmou no Twitter que já sabia da diminuição do “Domingo Legal” há quatro meses e adiantou que Roberto Manzoni, o Magrão, será o diretor geral da nova atração. Por enquanto não existem maiores informações sobre esse novo programa, particularmente torço para que seja semelhante ao clássico “Viva à Noite”, sucesso dos anos 80, com musicais, games com famosos e reportagens curiosas, uma espécie de “Domingo Legal” nas noites de sábado.
Com estratégia e jogo de cintura a emissora de Silvio Santos pode sim manter a duração do “Domingo Legal” intacta para a alegria e felicidade de todos. Toda a produção do dominical já mostrou ser capaz de enfrentar fortes concorrentes com inteligência e criatividade, sem recorrer a apelações. O fato é que mais uma vez o SBT surpreende e mexe em um time que está ganhando, Celso Portiolli por sua vez terá mais um desafio em sua carreira que deverá cumprir brilhantemente como sempre.
Coluna Sou Telespectador
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