Adriana Araújo se pronuncia após afastamento do “Jornal da Record”
Após ser afastada do “Jornal da Record”, Adriana Araújo usou sua conta no Instagram para se pronunciar.
“Hoje só tenho uma palavra a dizer pra fechar um ciclo de 14 anos: obrigada! Muito obrigada, sempre! Levo comigo memórias de momentos que marcaram a minha carreira, o respeito e a torcida que recebi de tanta gente, amigos da redação e do público. E a certeza que ofereci o melhor que havia em mim: trabalho e verdade. Christina Lemos é uma jornalista de grande talento, com quem já dividi vários plantões. Chris, te desejo muito sucesso e o melhor é que você sabe que digo isso de coração. A todos que se preocupam comigo, fiquem tranquilos. Estou bem e serena. Que bons ventos me levem…”, disse a jornalista, que agora será apresentadora do “Repórter Record Investigação”.
Nos corredores da Record, muitos comentam que o afastamento de Adriana Araújo do principal telejornal da emissora tem motivação política.
De acordo com matéria publicada pelo colunista Daniel Castro, no site “Notícias da TV”, a redação do “Jornal da Record” tem vivido dias tensos. A linha editorial do telejornal, com uma cobertura asséptica da pandemia de Covid-19, bem ao gosto do presidente Jair Bolsonaro, vem desagradando profissionais da emissora de Edir Macedo. Alguns estão revoltados, chocados. Ninguém expressa melhor o sentimento da maior parte da equipe do que a apresentadora Adriana Araújo.
Adriana teve uma crise de choro em abril, após a edição do telejornal, e saiu de férias no dia seguinte. Desde que voltou, continua travando uma guerra diária nos bastidores para uma cobertura menos chapa-branca. A orientação do dono da emissora é por um tratamento mais suave, sem histórias dramáticas, sem críticas ao governo, um mundo bem diferente do que se vê na Globo.
No início de junho, Adriana resolveu deixar pública sua insatisfação. Em dois raros vídeos publicados no Instagram (veja abaixo), ela cobra agilidade na divulgação dos dados de infectados e mortos pela Covid-19 e critica com contundência a política do governo Bolsonaro de só revelar os números oficiais às 22h00, depois dos telejornais. Sutilmente, ela fez uma crítica ao jornalismo ao qual empresta sua própria imagem.
No dia 5 de junho, ela praticamente apresentou no Instagram uma edição extra do “Jornal da Record” –em um tom e conteúdo bem diferente do telejornal da TV, no qual se prestigiam notícias policiais e pautas sobre golpes.
“Estou passando aqui fora de hora porque, pelo segundo dia seguido, os dados da pandemia do coronavírus não saíram a tempo do jornal”, introduziu Adriana, informando que naquele dia foram “1.473 vidas perdidas”.
“Esse é o melhor número que a gente tem para acompanhar o avanço da Covid-19 no Brasil. Infelizmente, deveria ser divulgado com mais agilidade, com mais transparência, mas no momento não é isso o que está acontecendo. Como funcionária da notícia, antes de tudo, eu me sinto na obrigação de vir até aqui pra dizer pra vocês que eu sei que está todo mundo cansado, todo mundo esgotado, querendo que isso passe logo, mas agora, saber a realidade da situação que a gente enfrenta, saber a gravidade da situação, é muito importante”, frisou. Veja o vídeo:
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Em plena pandemia, é preciso transparência com os números. É uma questão de saúde pública.
Adriana Araújo repetiu o discurso no dia seguinte, e teve gente na cúpula da Record que não gostou. Tanto que ela não voltou mais a criticar o governo e, indiretamente, a emissora em que trabalha. Há quem aponte que ela vem tentando interferir na linha editorial, colocando “cacos” nos textos e criando uma situação para forçar uma rescisão contratual sem multa e, assim, ir para a CNN Brasil.
A amigos, a jornalista tem dito que está cumprindo seu contrato com profissionalismo e que luta diariamente por um telejornal com bom senso e equilíbrio, ou seja, que briga apenas para fazer um bom jornalismo, e nada mais. Para colegas, isso é um processo de fritura.
