Coluna: A queda pode ser justificável

A atual situação em que as novelas da Globo se encontram é apenas o reflexo do que já havia sido previsto anos atrás, de que a internet influenciaria na queda de audiência da televisão. É claro que a abolição do meio televisivo nunca deverá acontecer, mas, com o tempo, a programação terá que se ajustar a uma nova realidade.
Todas as novelas inéditas, que estão sendo exibidas pela emissora, estão atualmente abaixo da meta, o que hoje em dia é incabível. Na verdade, desde 2011 é um nível inatingível. A novela da faixa das seis, “Meu Pedacinho de Chão”, deveria marcar 25, mas marca de 13 a 19 pontos na Grande São Paulo. “Além do horizonte”, que já está na reta final, deve fechar com 20 pontos de média e a atual novela das nove, “Em Família”, tem média de 29 pontos.

Com o tempo os telespectadores ficaram mais exigentes devido a outras experiências da teledramaturgia. Isso acontece ainda com o famoso saudosismo de produções de outros tempos. “Boa era aquela novela que falava sobre isso e aquilo”, afirmam os mais experientes. Mas deve ser levado em conta o fato de que o ambiente virtual não existia e que as opções de entretenimento eram mais limitadas que as de hoje.
A correria do dia a dia faz com que não se tenha tanto tempo disponível para assistir a uma novela, as pessoas tem o que fazer. E também há outro meio mais interativo, que inclui o entretenimento e a “TV Online” – a internet, que não há uma medição de audiência efetiva. A “crise das novelas”, que começou com “Passione” em 2010 e se recuperou por um pequeno período com “Avenida Brasil” e “Fina Estampa” (que ainda ficaram abaixo da meta – com 39), é o reflexo de que deve haver uma adaptação de meta.

Querer que uma produção renda 40 pontos é totalmente incabível, não justifica os novos tempos, mas também não permite que uma produção das nove marque menos que 30 pontos em plena segunda-feira. Um novo índice de comparação para a faixa deveria partir dos 36 pontos, pelo menos. Na trama das sete, 27 pontos e, na faixa das seis, 23 pontos seria o cabível.
A novela das seis não tem uma história ruim, é inovadora e traz uma abordagem que há tempos o canal não abordava. “Além” quis inovar, mas os autores estreantes se perderam no rumo da história. Já a de Manoel Carlos merece uma abordagem com mais ação. Exigir algo que não cabe aos autores, atores e direção é o mesmo que culpar o governo por tragédias causadas pela natureza.
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