Coluna: É possível fidelizar público?

Coluna: É possível fidelizar público?

Olá, olá, tudo bem com vocês? Nesta semana nosso tema é mais abrangente. Aborda a realidade de emissoras grandes e pequenas, abertas e até fechadas, que apresentam ou não programação infantil. O objetivo é analisar como se constrói, com uma crítica do um ponto de vista empreendedor/inovador, ao longo do tempo, a fidelidade dos telespectadores. Antes de mais nada, convido vocês a fazer a mesma pergunta que me fiz para pensar neste tema. É possível que uma emissora de TV tenha um público fiel? Uma emissora como um todo, não um programa, ainda que seja parte dela. Foi pensando nesta linha que cheguei as conclusões que serão apresentadas a seguir. É apenas uma parte do processo que pensei, mas é o princípio de tudo, a base da fidelização.

Eles já foram símbolos da programação infantil na TV aberta
Eles já foram símbolos da programação infantil na TV aberta

A resposta é SIM, é possível fidelizar o público e mais do que isso, é possível construir uma grade pensada para este grupo. Para dizer que um telespectador é fiel, elenco alguns pontos primordiais para assim classificá-lo:

1) Ele precisa pensar no canal como uma das primeiras opções na televisão;

2) Ele precisa, há no mínimo 5 anos, acompanhar as atrações do canal, mesmo que não goste ou assista algumas. É necessário apenas saber quais as opções que a emissora oferece para entretê-lo;

3) Ele precisa se identificar com, no mínimo, 60% das atrações do canal;

4) Ele precisa aprovar ao menos uma atração em cada faixa horária (manhã, tarde e noite) da emissora;

5)  Ele precisa aprovar o casting do canal, gostar de quem trabalha lá, especificamente dos artistas.

Com essas definições nós chegamos a um verdadeiro telespectador fiel a uma emissora de TV. Diferente do fã, ele apenas conhece a emissora e acompanha o trabalho dos profissionais de lá. Desaprova algumas coisas, não assiste algumas atrações, mas sabe que elas são transmitidas e diz o que não gosta sem muitos rodeios.

Feito isso, chegamos na base da pirâmide. O público infantil é o público mais fiel a um programa que seja destinado a ele e que ele se identifica. As crianças tem os desenhos que mais gostam, as novelas preferidas, as séries e programas infantis que mais as atraem. São fãs daquilo que gostam, dificilmente não ligam por perder um episódio da atração preferida. A prova disso é a audiência estável das novelas infantis do SBT. Sempre entre 12 e 15 pontos no IBOPE, tanto Chiquititas quanto sua antecessora, Carrossel, são verdadeiras máquinas de ganhar dinheiro. Isso porque este mesmo público que estamos falando, por ser fã, não apenas assiste o produto como quer adquiri-lo para suas festas, materiais de escola, decoração do quarto, brinquedos, álbuns…

Exibida a mais de um ano no SBT, Chiquititas representa a maior audiência mensal do canal de Silvio Santos
Exibida a mais de um ano no SBT, Chiquititas representa a maior audiência mensal do canal de Silvio Santos

Mas por que eles seriam fiéis por mais de 5 anos? A resposta não está apenas na programação voltada a esse tipo de público, mas em todo o restante da grade. É a base da pirâmide porque é sólido e porque tem a possibilidade de projetar-se ao futuro. Quando a grande é bem pensada, esse mesmo público acompanha, com a evolução da idade, o restante das atrações. Ele cresce tendo opções para continuar a se identificar dentro da mesma emissora. Neste ponto, ele se torna fiel porque sempre coloca o canal nas primeiras opções da TV. Porque começa a ver as outras atrações da casa que não tem apenas um publico alvo, como mais uma opção no controle remoto.

Parece estranho, mas é na contramão dessa concepção que os canais de TV aberta do Brasil estão indo. A grade das grandes emissoras de TV, como referência, não aponta para o público infantil com o zelo necessário. O acesso crescente aos canais da TV paga, voltados especificamente às crianças, e as restrições ao mercado publicitário infantil na TV, fizeram com que Globo e Record, por exemplo, deixassem esse público órfão de opções no único horário dedicado a eles em décadas. No SBT, os rumores de que as manhãs da emissora devem dar espaço a outro tipo de atrações, crescem a cada dia. A emissora só não abandona de vez as crianças, porque tem um grande retorno com suas novelas.

TV Globinho deixou de ser diário para dar espaço ao Encontro com Fátima Bernardes. Nas redes sociais, internautas brincam com a falta do programa
TV Globinho deixou de ser diário para dar espaço ao Encontro com Fátima Bernardes. Nas redes sociais, internautas brincam com a volta do programa

Sou da mesma geração do Disney CRUJ (ou TV CRUJ), A Hora Warner, dos primeiros apresentadores do Bom Dia & Cia, de desenhos como Dragon ball Z, Digimon e X-Men Evolution… sabemos bem o que é acompanhar uma emissora, formando essa base que a coluna Ponto de Conversa citou hoje. Mesmo que muitos não acompanhem mais a programação das emissoras referentes a esses sucessos, é inegável a sessão nostálgica que eles trazem e a memória ao canal que transmitiu estas atrações.

Confira a abertura de Digimon, desenho exibido pela TV Globo, dentro da extinta TV Globinho:

Inovar, empreender, parece ser sempre a segunda opção. É mais fácil e mais rápido pensar em abandonar o que não tem gerado grandes lucros e apostar em mais do mesmo apresentado em outros horários, do que arriscar em lançar febres como as que existiram até o início da década passada. Não há conflito de ideais, essencial para que novas possibilidades apareçam, há sim, um consenso de que se não traz mais a mesma renda de antes, deve ser substituído, independente de quem saia prejudicado. A criança que não tem acesso a TV paga, que se contente em ver a roleta rodar a anos, na esperança de que vai ganhar, quando na verdade esta mesma roleta, na contramão da expectativa, tente a parar.

Eu sou Fábio Melo e este foi o nosso, “Ponto de Conversa”!

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